CONCLAVE

Cardeal ligado a casos de pedofilia não será bem-vindo

A Catholics United, enviou uma petição para se opor à participação de Mahony no conclave

France Press
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19/02/2013 às 11:17.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:04
Papa Bento XVI fala em reunião no Vaticano que renunciará ao cargo no dia 28 de fevereiro (France Press)

Papa Bento XVI fala em reunião no Vaticano que renunciará ao cargo no dia 28 de fevereiro (France Press)

O cardeal e ex-arcebispo de Los Angeles Roger Mahony, acusado de ter acobertado o escândalo envolvendo padres pedófilos, talvez seja aconselhado a não viajar a Roma para participar no conclave que vai eleger o próximo Papa.A afirmação foi feita pelo cardeal italiano Velasio de Paolis em entrevista ao jornal Reppublica.

O Papa Bento XVI anunciou que sua renúncia ao cargo em 28 de fevereiro. O conclave será convocado na primeira metade do mês de março para escolher seu sucessor.

"É possível que aconselhemos Mahony a não vir, mas deve vai se tratar de uma intervenção privada da parte de alguém com grande autoridade", afirmou o cardeal De Paolis, especialista em direito canônico.

"A prática comum é recorrer à persuasão. Não podemos fazer mais para eventualmente dissuadi-lo de ir votar", declarou o cardeal De Paolis falando de uma "situação desconcertante".

"Mas as regras em vigor devem ser cumpridas e o cardeal Mahony tem o 'direito-dever' de participar e votar no próximo conclave", acrescentou o cardeal De Paolis, que é jurista, presidente emérito da delegacia de casos econômicos e comissário papal para os Legionários de Cristo.

"Por último, é sua consciência que vai decidir se ele deve vir ou não", estimou ainda o cardeal De Paolis, julgando improvável que o Papa Bento XVI venha a se envolver neste caso.

O sucessor do cardeal Mahony à frente da arquidiocese de Los Angeles, Monsenhor José Gomez, o retirou de todas suas antigas funções "administrativas e públicas". O ex-arcebispo (no posto até 2011) é acusado de ter acobertado dezenas de padres acusados de pedofilia na década de 1980.

Uma associação de católicos americanos, a Catholics United, enviou uma petição na semana passada para se opor à participação de Mahony no conclave.

"Prezado cardeal Mahony,fique em casa", pede a petição on-line. "Sua participação em escândalos de pedofilia da Igreja e sua proibição de liderar um ministério pela arquidiocese de Los Angeles deveria ser, para você, uma indicação de que você não deve participar do próximo conclave", diz a petição.

Em 2007, a arquidiocese de Los Angeles, então comandada pelo cardeal Mahony, aceitou pagar 660 milhões de dólares a 500 supostas vítimas.

O acordo previa também a publicação de dossiês pessoais de padres acusados de abuso.

Documentos comprometedores publicados pela imprensa mostravam trocas confidenciais entre Roger Mahony e um alto conselheiro, onde refletiam sobre os meios para impedir que os padres pedófilos caíssem nas mãos da polícia.

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