Bolsonaro cumprimenta André Brandão observado por Guedes: desgaste pelo plano de fechamento de agências (Alan Santos/Agência Brasil)
O presidente Jair Bolsonaro evitou responder à pergunta de um apoiador na manhã de ontem sobre a permanência do presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, no cargo. Em encontro com adeptos na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse estar com pressa, que não poderia "gravar" e pediu desculpas por ser breve.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro decidiu demitir Brandão pelo desgaste provocado com o anúncio de fechamento de 112 agências, com desligamento de 5 mil funcionários do banco. O ministro da Economia, Paulo Guedes, entretanto, ainda tenta demovê-lo da ideia.
Apesar de a reestruturação do banco ter agradado investidores e equipe econômica, o comunicado foi considerado inoportuno no momento em que o Executivo negocia apoio com parlamentares em troca de aliados nos comandos da Câmara e do Senado.
Já o vice-presidente Hamilton Mourão apontou uma possível falha de comunicação no plano do Banco do Brasil (BB) para fechar agências e demitir funcionários. "Eu acho que houve uma comunicação talvez deficiente do banco nisso aí, né? Porque normalmente as pessoas que queriam sair eram pessoas que já tinham completado o seu tempo para aposentar", disse Mourão no Palácio do Planalto. "Talvez pouquíssimas pessoas tivessem um rebaixamento de cargo e não pudessem se aposentar."
Na segunda-feira, 11, a instituição informou ao mercado um plano de reorganização para ganhos de eficiência operacional que prevê, entre outras medidas, o fechamento de 112 agências da instituição, além de programas de desligamento, com expectativa de adesão de 5 mil funcionários. O banco estima que a implementação plena das medidas deve ocorrer durante o primeiro semestre deste ano.
Perguntado sobre a crise aberta pela intenção de Bolsonaro em demitir o presidente do BB, Mourão afirmou que o assunto não foi discutido com ele e que isso é tratado pelo presidente da República e por Guedes. Analistas classificaram a decisão como ingerência política do chefe do Planalto na estatal - na contramão do discurso que o elegeu em 2018.