O presidente sempre teve como bandeira política uma espécie de patrulha ideológica sobre o exame, e nas últimas semanas ao menos 35 servidores ligados à prova pediram demissão acusando o governo de pressioná-los para mudar perguntas
A opinião da The Economist segue a linha do Financial Times, jornal de finanças britânico que em 1º de novembro publicou um duro editorial afirmando que os erros do presidente brasileiro "vão muito além da pandemia" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, dia 15, que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) "começa a ter a cara do governo". O presidente sempre teve como bandeira política uma espécie de patrulha ideológica sobre o exame, e nas últimas semanas ao menos 35 servidores ligados à prova pediram demissão acusando o governo de pressioná-los para mudar perguntas.
O presidente disse que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, garantiu que o ENEM será realizado sem impactos pelas demissões. A prova será aplicada entre os dias 21 e 28 de novembro, para cerca de 3,1 milhões de candidatos ao ingresso no Ensino Superior.
"O Milton é do ramo. Ele mandou uma mensagem há pouco e disse que a prova do ENEM vai ocorrer na mais absoluta tranquilidade", disse Bolsonaro, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do ENEM. Ninguém precisa agora estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, o tema da redação não tinha nada a ver com nada. Realmente é algo voltado ao aprendizado", disse Bolsonaro
A interferência na elaboração das perguntas aplicadas na prova é um dos elementos por trás da série de demissões no INEP (Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo exame. Em cartas, funcionários que pediram exoneração alegaram fragilidade técnica e administrativa da gestão, além da patrulha política para não desagradar o Palácio do Planalto na elaboração das questões.
"É um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá", acusou Bolsonaro, sem dar evidências, nem dizer a quem se referia.