Luiz Vargas com seus buldogues Lemmy e Lizzy. (Ricardo Lima)
Apaixonado por rock’n roll e por cachorros, o publicitário Luiz Vargas, de 39 anos, sabia que eventualmente essas duas paixões se cruzariam. Quando começou a procura pelo seu parceiro canino, já tinha uma raça, o buldogue francês, e um nome em mente: Lemmy. “O Lemmy, ser humano, é o vocalista do Motörhead, uma banda lendária no rock’n roll. Era um cara muito autêntico dentro da música, vivia o rock. Ele faleceu na estrada, tocando, e eu admirava muito isso”, explica Luiz, que toca guitarra, violão e consome tudo o que pode - livros, séries e documentários - sobre o gênero.
O pequeno buldogue preto e branco, escolhido em meio a uma ninhada que havia despertado a atenção de Luiz, passou então a carregar essa alcunha de peso. Mas o publicitário brinca que Lemmy sempre teve personalidade o bastante para fazer jus ao nome. “É diferente, não vemos muitos cachorros que são chamados assim”. Luiz continuou a linhagem roqueira-canina dentro de casa, pois hoje, com cinco anos, Lemmy tem até descendentes. Lizzy foi a escolhida entre os filhotes para ficar ao lado do pai canino e de Luiz. Seu nome, como não podia ser de outra forma, também tem inspiração na música. “Vem da banda de hard rock irlandesa Thin Lizzy, que fez muito sucesso nos anos 1970. Por coincidência, um dos guitarristas tocou no Motörhead, mas não deu muito certo”, descreve Luiz.
Irmãos do rock
Não é só Luiz que trouxe o rock’n roll para a vida com seus pets. A bancária Fabíola Guedes Bernardes, de 36 anos, e o noivo Danilo, sabiam que queriam homenagear alguns dos seus cantores favoritos quando decidiram pela adoção. “Nós iríamos adotar só um gatinho, o Lenny, em homenagem a Lenny Kravitz, mas como ele ficou doente e precisou de cuidados, a ONG nos ofereceu a duplinha, que só seria adotada junta”, conta a campineira garantindo que foi paixão à primeira foto vista.
Os novos nomes seguiram a mesma lógica do gosto musical dos tutores, e os escolhidos foram Tyler, uma referência ao vocalista Steve Tyler, da banda Aerosmith, e Alanis, da cantora Alanis Morissette. “Nós curtimos bastante rock e bandas clássicas do gênero, então apreciamos nomes diferentes que remetem a artistas. No caso, são dois cantores que admiramos muito”, diz Fabíola, referindo-se aos homenageados. Tanto ela quanto o noivo têm histórias individuais e conjuntas relacionadas ao trabalho dos artistas. A bancária, por exemplo, traduzia letras de canções e as escolhidas frequentemente vinham da cantora ou da banda.
Alanis e Tyler, os gatos, podem não ter trazido mais música para os seus donos, mas amor têm de sobra. “Nós dois só tínhamos experiência com cachorros e ter os gatos foi inovador. Foi uma quebra de mitos e hoje eu entendo muito mais os gatinhos. Eles são muito companheiros e carinhosos e fazem minha vida bem melhor”, compartilha a bancária.
Tons de brasilidade
Quando a enfermeira Camila Binotti, de 28 anos, decidiu adotar um pet, ela já tinha duas opções claras de nomes para o gatinho: Jorge, de Jorge Ben Jor, ou Raul, de Raul Seixas. “Um colega de trabalho me ofereceu um filhote que havia nascido de uma gatinha resgatada das ruas, ali entendi que aquele era o momento perfeito para uma adoção”, conta. No dia que foi encontrá-lo, lembra a enfermeira, lhe trouxeram um gato diferente daquele que havia escolhido através das fotos, seu irmão de ninhada “bem mais desprovido de beleza”. “Mas meu coração não conseguiu rejeitar aquele maluco beleza. Assim escolhi seu nome e começou a nossa história. São três anos tendo a melhor companhia felina que eu poderia almejar”, lembra a tutora de Raul, que hoje, adulto, esbanja encantos e graciosidade.
Ela se considera eclética no gosto musical, mas é grande fã de música brasileira e “não abre mão de valorizar o que temos de melhor em nossa cultura e arte”. Inclusive, ela tem outras opções caso tenha mais gatos: Pitty, Elis, Chico, Gal, Tim e Péricles. Ainda faltam alguns para compor uma banda, mas a enfermeira já trouxe para casa uma “segunda voz” para formar dupla com Raul. O gatinho pretinho, de apenas quatro meses, era conhecido por Chaves quando foi resgatado. Quase virou Gil, mas seu nome hoje é Tom. Xará de Jobim, o pequeno, de olhos grandes e amarelos que conquistaram sua tutora, ainda está em fase de adaptação com a nova casa e o irmão Raul. “Recomendo a adoção, o benefício é igual para quem adota e quem é adotado. É como dizia Tom Jobim: ‘É impossível ser feliz sozinho’”, cita Camila.