PET

Eles vão, elas ficam

Na hora de adotar um animalzinho, as pessoas preferem levar os filhotes e muitas vezes as mães ficam para trás sem conseguir um lar

Aline Guevara
26/05/2023 às 17:25.
Atualizado em 26/05/2023 às 17:25
Aurora chegou na casa da cirurgiã-dentista Nathane Mantovani com dois filhotes para receber lar temporário, mas ficou definitivamente (Reprodução/ Instagram)

Aurora chegou na casa da cirurgiã-dentista Nathane Mantovani com dois filhotes para receber lar temporário, mas ficou definitivamente (Reprodução/ Instagram)

O mundo da adoção pet é repleto de alegrias e também adversidades desafiadoras. Uma delas é a preferência dos adotantes por determinados animais em detrimento de outros. Basicamente, enquanto existe fila de espera para um cachorrinho ou gatinho que está dentro do padrão estético esperado, outros tantos às vezes passam anos aguardando uma chance de ganhar um lar. Uma situação é vista com frequência: os filhotes, fofos e brincalhões, são os primeiros a ganharem adoção, enquanto as mães, quase invisíveis aos olhos, ficam para trás sem interessados.

Foi o que aconteceu com a cachorrinha Molly, acolhida pela Adote Gavaa, entidade sem fins lucrativos dedicada a ajudar na doação dos animais resgatados pela Prefeitura de Campinas. A pet de três anos, de porte médio, deu à luz uma ninhada e todos foram adotados, mas não ela. “É natural o ser humano sentir uma empatia maior pelo filhote do que pela mãezinha. Mas as pessoas esquecem que em seis meses, os animais vão estar do mesmo tamanho”, declara Juliana Valverde, uma das fundadoras da Gavaa. Ela conta que através das redes sociais a instituição busca conscientizar sobre a importância de olhar para aqueles pets que são esnobados por não terem as características físicas buscadas pelos adotantes.

Acabam chegando a nós aqueles que chamamos de adotantes-anjos, que pedem por animais que estão aguardando adoção há mais tempo, mas não é a maioria [...] Gostaríamos de ver as pessoas mais abertas a adotarem com o coração”, revela Juliana. Felizmente, a cachorrinha Aurora conseguiu a sua “adotante-anjo”. A cirurgiã-dentista Nathane de Araújo Mantovani voluntariou-se para oferecer lar temporário para a mãezinha e seus dois filhotes e, antes mesmo dos pequenos serem adotados, ela já havia declarado seu interesse em dar a Aurora, pretinha, fora do padrão mais buscado, uma casa definitiva. A pet foi resgatada enquanto dava luz na rua e a história tocou a família de Nathane. “Quando os filhotes foram para a feira de adoção, em questão de 10 minutos foram adotados. Já sabíamos que a adoção de um cachorro adulto seria muito mais difícil, por isso desde o começo decidimos ficar com a Aurora”, conta a tutora.

Aurora precisou de pouco tempo para se adaptar ao novo lar com as outras duas cachorras da família e hoje, com cinco anos, está feliz e saudável. O filhote, de modo geral, dá mais trabalho e gastos do que o animal adulto, explica Juliana. “Já o adulto vai para a casa do adotante castrado, com protocolo de vacinação e vermifugação completos, porte definido e comportamento conhecido”. Enquanto a doce Molly aguarda uma família como a de Aurora, a Gavaa continua seu trabalho de divulgação de vidas que buscam amor e cuidados e pode ser acompanhada nas redes sociais (@adotegavaa). 

A pequena Serena foi rapidamente adotada, enquanto a mãezinha Molly ainda aguarda uma família depois dos seus filhotes ganharem um lar (Instagram)

A pequena Serena foi rapidamente adotada, enquanto a mãezinha Molly ainda aguarda uma família depois dos seus filhotes ganharem um lar (Instagram)

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