O esporte é uma modalidade com história e conexão com seu público (Divulgação)
Não existe dor maior do que assistir a sua paixão definhar. Ou lutar para sobreviver em condições adversas. O ano caminha para o seu final e os participantes do Esporte Clube Floresta de Malha, fundado em 1947, localizado nas proximidades da Avenida das Amoreiras, em Campinas, tem a noção plena e exata dos desafios encontrados no trajeto da resistência.
São 14 pessoas associadas ao clube e que lutam pela manutenção da modalidade no município. Entre elas está o aposentado Claecio Frasson, de 74 anos. Entusiasta e apaixonado pelo esporte, ele assistiu aos altos e baixos da modalidade na cidade. Ele não desiste. Planeja. Sonha. Almeja. E acredita que o amanhã será melhor. O mês de dezembro é período para deixar a paixão em segundo plano. A quadra do clube está em reforma e o retorno as atividades está previsto para 07 de janeiro. Depois começam os preparativos para a disputa do Campeonato Regional em que a equipe vai representar o Mogi Guaçu. Claecio está feliz, contente. Mas sabe que já viveu épocas mais feliz em Campinas quando o assunto é o jogo da Malha.
A história de amor pela Malha começa em 1989. O local era um campo pequeno de terra e chão batido no meio da rua. A socialização foi inevitável e com surgimento de novos amigos e logo ele já estava integrado ao mundo da malha. Em 1993, o auge: dirigiu a Seleção de Campinas e no ano seguinte foi medalha de ouro nos Jogos Abertos do Interior realizados em Campinas. Ele conta que até o final do ano 2000 não existia perspectiva de crise ou problema na Malha em Campinas. “Tínhamos clubes como Campineira, Paredão, Pirelli, Estrela, Dom Nery, Guanabara e o Floresta”, conta saudosista. “Existia até a Liga Campineira de Malha e um calendário regular de competições”, arrematou.
Aos poucos, os clubes começaram a se desinteressar em investir e bancar os altos custos para a prática da Malha e que as vezes exigiam a prática de alguns detalhes que fogem ao senso comum. “Quando a gente joga em casa ,por exemplo, sempre temos que oferecer lanches aos visitantes porque eles fazem o mesmo quando vamos jogar contra eles na casa deles”, disse.
Claecio lamenta que eventos de alto nível não abriguem mais as competições de malha e que tudo fique restrito a poucos esportes populares. “Ajuda é só para futebol e vôlei. Malha e Bocha ninguém quer ajudar”, lamenta.
Claécio lamenta, mas não desiste. Conta que há 10 anos o Floresta é o “Herói da Resistência” da Malha em Campinas. “Somos 14 teimosos. O Floresta só não acabou porque tenho muitos amigos de Vinhedo, Nova Odessa e Paulínia. E sempre vamos por nossa conta”, disse o aposentado, que tem a Malha como esporte e uma razão de luta.
São 14 pessoas associadas ao clube e que lutam pela manutenção da modalidade no município (Divulgação)
UMA MODALIDADE COM HISTÓRIA E CONEXÃO COM SEU PÚBLICO
Em relação ao seu contexto histórico, o jogo de malha surgiu como uma maneira de ocupar as horas de lazer nos acampamentos dos soldados romanos. Para facilitar o entretenimento, estes soldados utilizavam as ferraduras já usadas, atirando-as contra as estacas. O jogo ganha popularidade na Europa e fica estabelecido que o objetivo é lançar as malhas na direção do pino que fica dentro do círculo. Malhas são peças de aço em forma de disco, com peso em torno de 750 gramas.
Na atualidade, o campo do jogo é constituído de uma pista retangular, em torno de 36 metros de comprimento e 2,5m de largura. Na maioria das vezes, o piso é plano e os círculos ficam situados nas extremidades da pista, dentro do espaço interno, sendo que em seus centros há um pino que é feito de madeira, de forma cilíndrica, com ponta arredondada, comprimento em torno de 18 centímetros e diâmetro de 3 centímetros. Nessas cabeceiras ficam um ou dois jogadores.
O jogo de malha apresenta algumas variações para ser disputado. Caso o jogo seja individual, um fica em cada extremidade. Se a disputa for em dupla, um de cada dupla fica em uma das cabeceiras.
Malha em Campinas tem seus heróis da resistência (Divulgação)