ZEZA AMARAL

Ladrão é só no apito

Zeza Amaral
zeza@rac.com.br
23/02/2015 às 21:26.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:24

Sei bem o que anda a acontecer com o futebol brasileiro, as negociatas, os desmandos gerenciais, e que tudo esquecemos na primeira vitória e, ainda mais, com um título.   E vem aí a lei que disciplinará o amadorismo de sonegadores de impostos no grande circo do futebol, uma conta prostíbula de cerca de R$ 6 bilhões, soma devida pelos principais grandes clubes do país. Segundo se sabe, o governo vai refinanciar tais dívidas em módicas quantias mensais e, a partir de então, os velhos sonegadores do nosso futebol deverão quitar a mensalidade antiga e pagar o novo boleto fiscal.   Quem não o fizer será penalizado, segundo o que estabelece a lei que também vale para a indústria, agronegócio, diversões públicas (teatro, espetáculos musicais etc.), sistema bancário e mascates em geral.   Só não vai valer para construtoras envolvidas com a construção e reformas de estádios para a Copa do Mundo de 2014, ano que já foi às calendas, como diria um cronista da antiga Roma. Orçado inicialmente em torno dos R$ 5 bilhões, os estádios da Copa acabaram saindo por quase R$ 25 bilhões, sendo que, de tal montante, mais de 90% foram bancados pelo governo federal através de empréstimos do BNDS, quando, na época que o então presidente Lulla anunciou tal espetacular notícia, a grana toda viria pela iniciativa privada. E tudo se deu ao contrário, ora essa.   E ninguém foi às ruas bradar contra a mentira. E eis os corintianos comemorando o Itaquerão, onde todos os envolvidos (construtora, diretores do time e governo) saíram com seus egos cheios de satisfação. Um refrão: Caiu no Itaquerão, sai com juiz na mão. Faça o raro leitor o resto da brincadeira que, aliás, é uma coisa muito séria, que, é claro, envolve empregos e expectativas econômicas.   O homem precisa de circo. Precisamos todos de alguma emoção que nos faça fazer a redenção de nossos sonhos, desejos e frustrações. Desde priscas eras tem sido assim. E parece que os donos do circo seguem os mesmos sacripantas de antanho, sem escrúpulos republicanos, sem atentar para os valores constituídos em nossos códigos civil e penal.   A lei que agora chega para dar um basta nos escravagistas do futebol dá bem a dimensão dos sete a um que levamos dos alemães que, até outro dia, tinham a cintura dura. Não faço ideia se a tal lei que botará na cadeia os maus diretores do nosso futebol vai pegar. Mas bem sei que, se a Petrobras (e também a Caixa Econômica Federal) parar de patrocinar tais desmandos fiscais, muitos safados do futebol terão de se encontrar com o delegado federal mais próximo. Ou seja: só vamos admitir árbitro e bandeirinha ladrões. Também eles, os palhaços do nosso futebol.

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