Os protestos no Brasil são manchetes de todos os jornais da Argentina. "Gigantesco protesto em 100 cidades do Brasil", estampou o Clarín, destacando que houve "focos de violência na incomum reclamação nos principais centros urbanos do país". O jornal de maior tiragem na Argentina dedicou duas páginas à cobertura da mobilização brasileira, na qual focalizou os violentos enfrentamentos da polícia com manifestantes, provocando uma morte e dezenas de feridos.
"O que devia ser uma festa e uma proposta de novas reivindicações após o triunfo alcançado terminou contaminado por grupos descontrolados que invadiram edifícios públicos, incendiaram a sede da chancelaria em Brasília e atacaram unidades móveis da imprensa", observou em uma análise.
O La Nación dedicou metade da capa ao assunto com foto dos manifestantes no espelho d'água do Palácio do Itamaraty. "Brasil estremece: violência no maior dia de protestos", titulou.
O La Nación disse que mais de um milhão de pessoas saíram às ruas apesar das concessões feitas pelo governo ao reduzir as tarifas do transporte coletivo. O foco da cobertura foi a violência que tomou conta dos protestos. "A festa no Brasil se transformou em um pesadelo", disse o jornal, que também fez uma ampla cobertura do assunto em uma página e meia.
O diário econômico Ámbito Financiero também colocou o Brasil na primeira página, embora com menor destaque. E chamou a atenção para "o desafio que cresce e inquieta" e para a "surpresa de que a imprensa seja alvo da ira dos manifestantes". Em duas páginas de cobertura, o jornal destacou ainda que "o transporte no Brasil é de terceiro mundo, mas tão caro quanto no primeiro".
O El Cronista disse que "o Brasil protesta porque permanece a desigualdade". A imagem de potência emergente que o Brasil consolidou na última década não foi suficiente para um grande setor da população que ganhou as ruas nas últimas duas semanas com protestos em massa.