A trajetória de Bruna foi construída em 18 anos de disputa
Sonhos e desejos foram colocados a prova quando participou de seu primeiro Ironman (Divulgação)
Ela corre. Pedala. Pratica natação. Supera limites. Produz resultados cada vez melhores. Em um esporte complexo, disputado e desgastante como o Triatlo, Bruna Saglietti Mahn, de 36 anos, escreve sua história com resultados e tem sonhos na bagagem. Quer participar das principais competições da modalidade e aposta que em breve será uma das protagonistas de uma usina de produzir campeões.
Sua trajetória foi construída em 18 anos de disputa. Tudo começou para reforçar um costume de infância, quando em Piracicaba ela andava de bicleta e nadava. Tudo era complementado com idas a academia. Até que um dia ao ver uma prova que seria realizada na cidade, Bruna quis pagar para ver. Após participar, apesar de ter apreciado o esporte, Bruna Mahn resolveu fazer um intercâmbio na Bélgica, o que deixou em “stand by”, a aptidão descoberta. “Eu considero que comecei a fazer Triatlo quando entrei na Faculdade de Educação Física em 2007 na Unesp em Rio Claro”, descreve Bruna.
Os estudos lhe impulsionaram para levar a sério o oficio e em horários que pudessem conciliar com as aulas na Faculdade em tempo integral. Os treinamentos continuaram mesmo após a formatura. Tudo foi colocado em novo patamar quando resolveu mudar-se para Campinas em 2013 e foi a atitude que faltava para conseguir o espaço para embalar a carreira.
Sonhos e desejos foram colocados a prova quando participou de seu primeiro Ironman, realizado em 2016 em Florianópolis. Na primeira vez, encarou o desafio de nadar 3.800 metros, pedalar 180 quilômetros e percorrer uma corrida de 42 Kmin. Resultado: fez tudo em 10 horas e cinco minutos. Hoje, o quadro é bem diferente. “Hoje minha melhor marca é de 9 horas e 10 minutos em 2019”, conta, orgulhosa. Ela esclarece que qualquer triatleta fica submetida as condições de clima e temperatura para obter o desempenho desejado. Em uma prova realizada em Cozumel, no México, a sexta colocação foi motivo de comemoração. Só não foi melhor devido as condições climáticas, em que a alta umidade do ar atrapalhou o estado físico dos atletas.
Não ficou nisso. Bruno ficou entre as três melhores no Iron Man de Florianópolis em 2018, teve um novo pódio na cidade em 2019 e no mesmo ano a performance foi repetida na cidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
Para sustentar o pique e almejar novos vôos, Bruna cumpre uma rotina de 30 horas semanais de treinamento e uma alimentação balanceada para adquirir força, potência e resistência. “A grande diferença de um atleta profissional para um atleta amador é justamente que o amador dificilmente consegue fazer essa carga de treino. E mesmo assim, acaba não conseguindo separar um periodo de descanso, que também faz parte do treino”, explicou.
A meta é disputar as principais provas do circuito mundial em 2023, cujo alvo principal é o campeonato mundial realizado no Havaí, em Outubro. Para isso, é preciso qualificar-se nas provas estipuladas até agosto. A disputa do mundial é em outubro. A tentativa de Bruna é conseguir a classificação no Iron Man programado para 28 de Maio em Florianópolis. “Já fiz essa prova várias vezes e o objetivo é conseguir a vaga”, arrematou Bruna, pronta para superar seus limites e sedenta por novas conquistas.
A LUTA CONTÍNUA POR PATROCÍNIO
Além de buscar recordes e vitórias, a triatleta Bruna Saglietti Mahn têm outro objetivo em curto prazo, que é a de se viabilizar financeiramente. Ela conta que neste ano ainda foi possível contar com apoiadores para se sustentar e fazer um cronograma de treinos e de viagens para as competições. “Em busca da classificação (para o Mundial) a gente tem necessidade de viajar e ai todo o investimento dos patrocinadores vai para as viagens”, explicou.
Diante da mudança de comando no Governo Federal, Bruna disse que as empresas estão receosas em continuar com os patrocínios. “Alguns falaram que não vão permanecer mas agora vou em busca de outras oportunidades. Vamos aguardar”, disse Bruna.
Enquanto o apoio financeiro não aparece, Bruna conta com o apoio dos seus pais e o noivo, o dentista Murilo Barizon, que é triatleta amador. “Ele me apoia bastante e é importante contar com alguém que entenda o seu ritmo de vida”, completou.
TREINADOR PREVÊ NOVOS HORIZONTES PARA 2023
Bruna Saglietti Mahn luta por evolução técnica e física para buscar a excelência no Triatlo. E a atleta tem um aliado, que é o treinador João Fortes. Segundo ele, são apenas cinco meses de convivência, mas o técnico já vislumbra ganhos palpavéis na parceria. “Neste tempo ela apresentou uma melhoria de performance bem significativa”, explicou.
Ele cita que os indices de performance da atleta dobraram e tudo comprovado por equipamentos. “Neste período, nós fizemos cinco provas e ela sempre esteve entre as seis primeiras colocadas”, comemorou. “Ela foi vice-campeã no Campeonato Brasileiro de longa distância, foi terceiro lugar em uma corrida de 21 quilômetros em Campinas e foi primeiro lugar em uma prova no Texas e sexto colocado no Ironman, de Cozumel, no México, em que teve a melhor performance de ciclismo de triatleta de sua vida”, afirmou.
Em relação as perspectivas para 2023, a expectativa de João Fortes é a melhor possível. “O que a gente espera é que ela tenha uma melhoria de performance na ordem de 15% a 20% o que ela já apresenta”, completou o treinador João Fortes.