Aulas acontecem num galpão de 1.500 metros quadrados: projeto existe desde o ano 2000 (Divulgação)
Não é por acaso que o projeto chamase Voando Alto. Em um galpão de aproximadamente 1.500 metros quadrados dentro do complexo da Estação Cultura, o professor Rubens Celso Martins, o Matão, dá aulas e sonha. Formar um campeão mundial ou buscar uma vaga numa Olimpíada, por exemplo, estão entre as metas. No entanto, hoje, a distância entre o sonho e a realidade é grande.
O projeto que oferece aulas de ginástica para crianças e adolescentes desde o ano 2000 em Campinas passa por dificuldades. A estrutura já contou com quatro professores, mais de 120 alunos e atletas chegaram a ser enviados para campeonatos mundiais. “Hoje, sou o único professor aqui e dou aula voluntariamente para não acabar o projeto”, lamenta Matão, que tem cerca de 30 alunos e somente dois dentro do grupo avançado.
Segundo Matão, um dos fatores que prejudicaram o projeto foi a pandemia do coronavírus. O professor de ginástica diz que teve casos graves de Covid na família o que interferiu no seu envolvimento com a Voando Alto. “Esse ano, por exemplo, não tivemos a verba do Fiec (Fundo de Investimento Esportivo) por desatenção nossa. Com esse recurso da Prefeitura, conseguimos nos manter, mas ainda assim falta. Agora, imagine a realidade sem esse dinheiro”, diz.
Sem a verba anual de R$ 80 mil da Prefeitura, o projeto tenta sobreviver na base de rifas, vendas de pizzas e organização de eventos. A manutenção dos equipamentos está entre as necessidades mais urgentes. “Os equipamentos têm mais de 15 anos e é preciso trocas as molas, que estão desgastadas. Precisamos de cerca de R$ 25 mil e não temos esse dinheiro.” Hoje, a estrutura só permite aulas de ginástica de trampolim.
HISTÓRIA
Segundo Matão, mais de 2 mil alunos já passaram pela Voando Alto. A participação em competições começou em 2008, com a disputa em campeonatos regionais, estaduais e brasileiros. “Em 2011, conseguimos colocar dois ginastas na seleção brasileira de jovens para a participação no Mundial na Inglaterra”, lembra o treinador, destacando que o projeto já teve representantes em outros Mundiais também.
Um desses representantes foi Rafael Everton da Silva, que em 2017 e 2018 esteve na Bulgária e Rússia, respectivamente. “Foi algo inacreditável a experiência”, resume o atleta de 17 anos, que já foi campeão brasileiro duas vezes.
Rafael começou na Voando Alto aos 6 anos de idade e hoje coleciona 11 medalhas. Ele treina com o objetivo de realizar o sonho de um dia ser campeão mundial e participar de uma Olimpíada. Quem “voa alto” também é Matão. “Quero atender mais de mil crianças e ter mais três ou quatro sedes”, comenta. “É difícil, mas se tivéssemos um patrocinador forte, como uma empresa de plano de saúde, um supermercado ou uma grande loja atacadista, conseguiríamos chegar longe.”