Atleta campineira amputou parte da perna esquerda e já se prepara para a instalação da prótese
Conceição Geremias, de 68 anos, mostra a medalha feita em sua homenagem (Gustavo Alves/CBAT)
Conceição Geremias foi o centro das atenções durante a disputa da IV Taça Brasil Máster Loterias Caixa de Atletismo, em Bragança Paulista, no último dia 9 de novembro. Amigas e colegas se dividiram entre a competição e o carinho com a atleta campineira, que circulou pela pista numa cadeira de rodas enquanto recebia beijos, abraços e pedidos de selfies. Foi a primeira vez que Conceição pôde se desvencilhar por um tempo da intensa rotina de recuperação depois da amputação de parte de sua perna esquerda em maio deste ano. Em Bragança, ela foi homenageada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e anunciou que vai migrar para o esporte paralímpico.
A medalha entregue a ela e aos vencedores das provas da IV Taça Brasil Máster foi estampada com a silhueta de Conceição em posição de manobra para o arremesso de peso, uma das inúmeras modalidades nas quais conquistou medalhas competindo na categoria máster do atletismo. A ação representa um estímulo para a atleta, campeã pan-americana, recordista sul-americana com marca vigente por 25 anos e com três participações olímpicas, todas no heptatlo, e que não foi vencida pela idade. "São 54 anos de atletismo, não quero parar", afirmou.
Agora, com 68 anos, comemorados no dia 23 de julho, Conceição encara um novo desafio na sua missão de seguir competindo. "Já tirei as medidas para a prótese que vou usar na migração para o atletismo paralímpico", revelou. Ela acrescentou que a prótese deve ser colocada em sua perna em dezembro. “Devo visitar o Centro Paralímpico em breve”, contou, referindo-se ao espaço localizado em São Paulo, voltado para treinamentos, competições e intercâmbios de atletas e seleções paralímpicas.
SUPERAÇÃO
Conceição precisou amputar parte da perna esquerda, do joelho para baixo, em razão de complicações resultantes de uma cirurgia no pé realizada no dia 24 de janeiro. A princípio, a situação não demandava grandes preocupações. A atleta sentia dores e exames detectaram a chamada “síndrome do túnel do tarso”, uma neuropatia que afeta o membro, além do tornozelo. Indicada, a cirurgia foi realizada, mas a recuperação contrariou a programação médica. “Tive problemas na circulação do sangue e apaguei”, relatou. Conceição entrou em coma. “Precisei passar pela amputação, pois eu corria risco de morte. Não vi nada. Quando acordei, a amputação já tinha acontecido, mas não reclamei, só agradeci.”
Conceição ainda recebeu a ajuda de fãs e amigos em razão do alto custo da recuperação, que demandou cuidados especiais, e uma vaquinha virtual foi criada. “A nossa vida é uma caixinha fechada. A gente não sabe o que tem dentro. Por isso, temos que aceitar algumas situações. Estou tranquila e grata a Deus por me dar uma segunda chance”, comentou na ocasião.
Agora, depois de um 2024 marcado por uma luta pela vida, com cinco meses internada e outros cinco em processo de recuperação em sua casa e em clínicas, Conceição destacou a volta por cima. "Essa foi, com certeza, a maior dificuldade da minha vida. Acho que se eu não tivesse tido uma trajetória de atleta eu não teria suportado."