Patrícia Scheppa, que já foi eleita a melhor jogadora do mundo, celebra o título brasileiro (Divulgação)
O que começou como uma brincadeira entre amigas se transformou em assunto sério. Tão sério que parte daquele grupo que se reunia há oito anos nas quadras de areia do Taquaral para brincar de handebol integra hoje um projeto de esporte que é referência no Brasil. O time dos finais de semana se tornou o Campinas 360º nas Areias, associação que em 2022 chegou ao auge no handebol de praia ao conquistar a tríplice coroa: o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. O inédito título nacional veio no último dia 15 de janeiro, nas areias de João Pessoa.
“Somos uma equipe de handebol de praia numa cidade não praiana”, comenta Juliana Saraiva, presidente, coordenadora e técnica da associação. “No começo foi difícil, mas não desistimos”, diz. A insistência gerou resultados, o principal deles obtido depois de uma verdadeira maratona durante o ano de 2022. “No Campeonato Brasileiro, após várias etapas por todo o Brasil, nos classificamos entre as nove melhores para a fase final, que aconteceu de 13 a 15 de janeiro”, conta Juliana. Na decisão, Campinas encarou a equipe de Natal. “Foi difícil, a adversária conta com várias atletas da seleção brasileira, mas vencemos por 2 sets a 0 e ficamos com o título”, celebra a presidente do time campineiro.
Do atual grupo de jogadoras, cinco estiveram ao lado de Juliana nos primeiros passos da equipe, em 2014. “Era um grupo de amigas, formado por ex-atletas de handebol de quadra, estudantes e profissionais de educação física”, recorda a técnica. “Na verdade, era um divertimento aos finais de semana nas areias do Taquaral, mas fomos pegando gosto pela coisa, nos filiamos à federação e os resultados começaram a aparecer.”
Naquele grupo estava presente Patrícia Scheppa, que chegou a ser eleita a melhor jogadora do mundo. Hoje, com 34 anos, ela ainda integra a equipe jogando e passando sua experiência para as mais jovens.
PATROCÍNIO E ESCOLINHAS DE BASE
E não são apenas as equipes de alto rendimento que compõem o projeto patrocinado pela Renata e pelo Fundo de Investimento Esportivo de Campinas (Fiec). Além das equipes adultas feminina e masculina e do time juvenil masculino, o handebol de praia de Campinas também investe na formação.
“Temos aulas em quatro praças públicas de Campinas (Jardim Eulina, Costa e Silva, Sousas e Taquaral), com crianças de 5 a 18 anos. São, aproximadamente 100 alunos”, explica Juliana, salientando a filosofia do projeto de formação. “O handebol de praia vai além do esporte, é uma ferramenta de transformação”, define a campineira de 36 anos, formada em Educação Física e Fisioterapia. “Acreditamos que com muito trabalho colheremos bons frutos.”
Para quem tiver interesse em participar das aulas pode entrar em contato com a Juliana pelo número (19) 98378-3215. Acompanhe em @360grausnasareias.
REGRAS BÁSICAS
O handebol de praia, ou beach handball, surgiu a partir do tradicional handebol de quadra. Ainda que as duas modalidades sejam similares, há diversas diferenças entre elas, como a forma de pontuar e o número de jogadores. Outra diferença está no contato físico. No handebol de praia, um dos principais objetivos é a manutenção do fair play, evitando o contato entre os atletas e mantendo o respeito entre eles.
O esporte é disputado em dois sets de 10 minutos cada, em que os placares são marcados separadamente. Se houver empate em um dos tempos, é jogado um “Golden Goal”, em que a equipe que marcar primeiro será a vencedora daquele período.
O vencedor de cada set ganha um ponto. Se a mesma equipe vencer os dois sets, ela será a vencedora por 2 a 0. Caso cada time vença um período, há um empate. Nesse caso, são usados os shoot-outs, ou tiros de 6 metros, para definir o vencedor.
Nem todos os gols têm o mesmo valor no handebol de areia. Há três circunstâncias em que a pontuação vale mais: gols criativos (como em jogadas aéreas ou em que o atleta gira no ar antes de um arremesso), em tiros de 6 metros e de goleiros valem 2 pontos.
Os times podem ter de 6 a 10 atletas, mas apenas 4 ficam em quadra, três na linha e o goleiro. As substituições são ilimitadas.