HISTÓRIA

Campinas revisita local onde há 113 anos nasceu o Guarani

Com a presença do prefeito Dário Saadi, “marco zero” será instalado na Praça Carlos Gomes em substituição ao antigo, que foi alvo de vandalismo

Esportes Já⠀
01/04/2024 às 09:00.
Atualizado em 01/04/2024 às 10:33
Cerimônia de instalação do marco há 42 anos reuniu torcedores, dirigentes do clube e autoridades (V8)

Cerimônia de instalação do marco há 42 anos reuniu torcedores, dirigentes do clube e autoridades (V8)

O local onde aconteceu a reunião de fundação do Guarani Futebol Clube será revisitado na terça-feira, dia 2 de abril, quando o clube completa 113 anos de existência. Na Praça Carlos Gomes, no ponto de convergência entre a Rua Conceição e a Avenida Irmã Serafina, no Centro de Campinas, o “marco zero” vai ser instalado a partir do meio-dia. Trata-se de uma placa alusiva à data e local de fundação que substituirá o símbolo que existia na mesma área e foi depredado no final do ano passado. O prefeito Dário Saadi é esperado na praça.

A antigo marco havia sido inaugurado no dia 2 de abril de 1982, com as presenças dos fundadores Vicente Matallo e Pompeu de Vito, além de dirigentes e torcedores. “Neste local, a 02/04/1911 nasceu o Guarani FC. Aos seus fundadores a homenagem da Taba. Campinas 02/02/1982” era o texto da placa que permaneceu na área por 42 anos até ser alvo de vandalismo. O material foi localizado destruído no dia 17 de novembro de 2023.

A instalação do símbolo aconteceu exatamente no local apontado por Matallo e De Vito onde foi realizada a reunião que definiu o nome, cores e a primeira diretoria do clube. Na terça-feira, dia 2 de abril, o novo marco será colocado no mesmo espaço.

O QUE ACONTECEU NAQUELA REUNIÃO DE 1911?

O encontro ocorrido há 113 anos foi narrado por De Vito e seus detalhes estão publicados na página 46 do livro “À Sombra das Palmeiras Imperiais – A História do Guarani FC – Parte 1”. No relato, ele diz que a primeira pauta da reunião foi escolher o nome do clube e várias sugestões foram levantadas, como Paulistano e Internacional. Mas uma ideia de José Trani fez a diferença e a nova agremiação foi chamada de Guarani Futebol Clube em homenagem ao ilustre maestro campineiro Carlos Gomes, já que “O Guarany” era sua ópera mais famosa e a reunião acontecia na praça que tinha seu nome.

Ainda segundo De Vito, a sugestão das cores partiu de seu irmão Romeu Antonio de Vito, que propôs o verde e branco em referência à presença das árvores e à luz do sol na praça. O primeiro presidente foi Vicente Matallo.

O grupo que se reuniu para fundar o novo clube era formado em sua maioria por operários e havia ainda entre eles alguns estudantes, segundo historiadores do Guarani. O encontro aconteceu no dia 1º de abril, um sábado, mas, por decisão dos presentes, a data de fundação foi registrada no dia 2. A intenção do grupo foi escapar do chamado “Dia da Mentira”, o que poderia levar o clube a ser alvo de gozações no futuro.

O Largo Carlos Gomes por volta de 1910; nota-se o chafariz, o bebedouro e roupas estendidas pela população. (Reprodução de cartão postal da Casa Mascotte/ foto de Ferrucio Mazzieri/ no acervo de Luis Eduardo Salvucci Rodrigues)

O Largo Carlos Gomes por volta de 1910; nota-se o chafariz, o bebedouro e roupas estendidas pela população. (Reprodução de cartão postal da Casa Mascotte/ foto de Ferrucio Mazzieri/ no acervo de Luis Eduardo Salvucci Rodrigues)

A obra que relata a história do Guarani ainda cita que um espaço da Praça Carlos Gomes foi usado como campo improvisado para recreação nos primeiros anos do clube, assim como a Praça Corrêa de Mello, onde hoje existe o Terminal Mercado. Os primeiros treinos, no entanto, aconteceram na Vila Industrial, em um terreno cedido pela Prefeitura que, segundo os historiadores, ficava em frente onde hoje é o asilo da Sociedade São Vicente de Paulo, o chamado Lar dos Velhinhos, na rua Salles de Oliveira.

Assim o livro relata a atividade dos associados na área: “....de enxadas nas mãos, se encarregavam de deixar o campo em boas condições de uso. As traves foram montadas com bambus, disponíveis na região, onde hoje se localiza o quartel do 8º Batalhão da Polícia Militar, mas isso acabaria trazendo aborrecimentos já que, volta e meia, moradores das redondezas as “surrupiavam” para utilizá-las como lenha. A única solução acabou sendo desmontá-las após cada treino”.

O time campeão amador do Estado em 1944 (V8)

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