RIVALIDADE

BATE-BOLA COM TORCEDORES DO GUARANI E PONTE PRETA

Esportes Já
13/05/2024 às 16:46.
Atualizado em 13/05/2024 às 16:46

Ivan Scavasa (torcedor pontepretano à esquerda) e Fabiano Duarte (torcedor bugrino à direita, foto, no meio) (Arquivo Pessoal)

“DÉRBI É UM JOGO QUE JAMAIS PODEMOS PERDER”
(Ivan Scavasa, foto, à esquerda)

Atuante no ramo de isolamento em indústrias, Ivan Scavasa é torcedor e testemunha ocular de uma parte relevante da história da Ponte Preta. Ele não esqueceu da conjuntura que levou a derrota na decisão de 1977, assim como as jogadas e lances inesquecíveis de Dicá. Nesta conversa com a reportagem do Esportes Já, Scavasa lembra do dérbi realizado em agosto de 1981 e que assegurou o título do turno inicial para a Alvinegra. Tem espaço para lembrar de feitos de Marco Aurélio,o Jacozinho, e de Fellipe Bastos na decisão da Copa Sul-Americana de 2013. Confira a conversa:

Por que você escolheu a Ponte Preta como time do coração?
Minha história é diferente da maioria da nossa torcida. Sou filho de um são-paulino e tinha tudo para ser também. Porém, em 1970, com 12 anos, fui ao Majestoso ver o Pelé jogar. Depois deste jogo virei pontepretano pela torcida.

Que recordações você tem da primeira vez que esteve no estádio Moisés Lucarelli?
A magia da torcida da Ponte Preta.

Que jogo é inesquecível para você? Por quê?
Final do primeiro turno de 1981 contra o Guarani. Foi um jogaço porque os dois times eram excelentes e acabamos campeões. A festa virou a noite no Largo do Rosário. (O jogo ocorreu no dia 05 de agosto de 1981 e foi a final do primeiro turno do Campeonato Paulista. A Macaca venceu por 3 a 2 e conseguiu classificação a final da competição contra o São Paulo).

Que partida você prefere esquecer? Por quê?
Eu quero esquecer aquela quarta-feira de 1977 contra o Corinthians. O nosso time era infinitamente melhor. Mas pelas circunstâncias que foram criadas nós fomos derrotados. (No dia 13 de outubro de 1977, a Macaca perdeu do Corinthians por 1 a 0. O gol foi marcado por Basílio. Com esse resultado, o time campineiro ficou com o vice-campeonato).

O que não pode faltar em jogo da Ponte Preta?
O que não pode faltar sem dúvida é a garra ao jogar. Podemos até perder, mas temos que correr e lutar. Aí a torcida volta para casa sabendo que os jogadores tentaram ganhar, porque o que a torcida não admite é jogador andando em campo.

Qual o principal jogador da história da Ponte Preta? Por quê?
Dicá por tudo que ele fez pela Ponte Preta. (Oscar Salles Bueno Filho, o Dicá, atuou por 581 vezes pela Ponte Preta e marcou 154 gols)

Qual o técnico inesquecível da história da Ponte Preta? Por quê?
Arrogante que vive de um título conquistado há quase 50 anos como se fosse atual.

Que jogador que atuou pelo Guarani que você gostaria que tivesse jogado pela Ponte Preta?
Careca. Tinha uma técnica impressionante. (Antonio de Oliveira Filho, o Careca, jogou na equipe profissional do Guarani de 1978 a 1982 e foi campeão brasileiro em 1978 e campeão da Taça de Prata de 1981)

Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pela Ponte Preta e que você presenciou ao vivo no estádio?
Mais bonito foi o do Marco Aurélio Jacozinho contra o Atlético Mineiro, por cobertura do meio do campo. (O gol foi marcado no dia 27 de agosto de 2000. Marco Aurélio Jacozinho anotou o terceiro gol da vitória da Ponte Preta sobre o Atlético Mineiro por 3 a 2. O jogo foi válido pela 5ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro de 2000, denominado de Copa João Havelange pelo Clube dos 13). Mais marcante, talvez pelo clima que foi criado na Sul-Americana, o gol de falta de Fellipe Bastos contra o Lanús no Pacaembu. (A final da Copa Sul-Americana foi disputada nos dias 04 e 11 de dezembro de 2013. No primeiro jogo, no estádio do Pacaembu, empatou com o Lanús por 1 a 1. Na partida decisiva, a Alvinegra perdeu por 2 a 0)

Como torcedor, o que significa o dérbi para você?
Dérbi é um jogo que deixa a gente com misto de angústia, ansiedade, aquela dorzinha de barriga, porque é o jogo que jamais podemos perder.

Como você definiria o seu rival, o Guarani?
Arrogante que vive de um título conquistado há quase 50 anos como se fosse atual.

Complete a frase. Ser pontepretano é…
Maravilhoso. Só a gente sabe o que é torcer por este clube. Mesmo com diretorias horríveis que por muitas vezes nos machucam, a paixão pelo time é inexplicável e jamais acabará.
 

“EU NASCI E VOU MORRER BUGRE”
(Fabiano Duarte, foto, à direita)

O Almoxarife logístico Fabiano Duarte (foto, no meio) é sobrinho do lendário técnico Zé Duarte. Bugrino fanático, ele enumera suas lembranças nesta conversa com o Esportes Já. Confira:

Por que você escolheu o Guarani como time do coração?
Minha família metade é pontepretana e metade Guarani. Em 1975, o meu tio Zé Duarte estava no Guarani. Ele estava de saída. Eu era o segundo neto homem, sendo que o primeiro era filho do Nico, que foi jogador nas categorias de base. Começou uma disputa para ver para eu iria torcer. Aí combinaram que eu torceria para qual time fosse campeão primeiro. Em 1977, o meu tio era treinador da Ponte Preta. Em 1978, o Guarani foi campeão, mas meu tio fazia parte do Conselho Deliberativo. Eu tinha dois ou três anos. Não entendia nada. Mas aí o Guarani foi campeão em 1981 e aí peguei gosto pela coisa.

Que recordações você tem da primeira vez que esteve no Brinco de Ouro?
A primeira recordação que tenho é entre 1980 e 1981. Quando meu tio era o técnico eu comparecia aos treinos. O Jorge Mendonça e o Careca brincavam com a gente no vestiário. E entrava no campo de mascote com eles. Tenho muita recordação dessa época.

Que jogo é inesquecível para você? Por quê?
O jogo inesquecível foi a derrota para o Flamengo por 3 a 2. Eu tinha sete anos e o Zico fez três gols e o Jorge Mendonça fez dois. Até hoje o meu ídolo é o Zico, não é somente por causa desse jogo. Foi a partir daí que comecei a entender sobre futebol.

Que partida você prefere esquecer? Por quê?
O jogo que prefiro esquecer foi a final do primeiro turno do Campeonato Paulista, quando perdemos lá para a Ponte Preta. Eu vejo jogo até hoje e fico com raiva. Outro jogo foi a final entre São Paulo e Guarani do Campeonato Brasileiro de 1986. Nós estávamos com o jogo na mão e o Senhor Aragão (José de Assis Aragão) nos prejudicou.

O que não pode faltar em jogo do Guarani?
O que não pode faltar em jogo do Guarani é o pré-jogo em que antigamente a gente conversava. Nós descíamos na rua Uruguaiana e nos dirigíamos ao Brinco de Ouro. Nessa época, a gente participava de torcida organizada. Mas na atualidade não podem faltar o nervosismo, a corneta e o gol (risos).

Qual o principal jogador da história do Guarani? Por quê?
Eu acho que é o Careca. Tem bugrinos que reclamam devido ao gol que ele fez na final (de 1986) e porque não encerrou a carreira aqui. Mas eu acho que o principal jogador da história do Guarani foi o Careca pelo gol na final de 1978. Recentemente acho que foi o Amoroso que leva o nome do Guarani para todos os lados. Mas não posso esquecer de Neto e Fumagalli.

Qual o técnico inesquecível da história do Guarani? Por quê?
Tem o Carlos Alberto Silva, mas o meu tio Zé Duarte foi incrível. Nunca vi treinador ser admirado pelas duas torcidas.

Que jogador que atuou pela Ponte Preta que você gostaria que tivesse jogado pelo Guarani?
O jogador da rival que eu sempre gostei sempre quis ter aqui foi o zagueiro Oscar. Depois ele trabalhou como técnico no Guarani.

Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pelo Guarani e que você presenciou ao vivo no estádio?
Quase todos os gols são bonitos. Mas eu achei mais interessante aquele do Amoroso em 1994 contra o Santos. Ele arrancou, saiu de dois ou três zagueiros e colocou no canto do Edinho.

Como torcedor, o que significa o dérbi para você?
Antigamente era uma rivalidade legal. Mas infelizmente acabou aquela história de tirar sarro. Só existe a rivalidade fora de campo devido às brigas entre torcidas organizadas. Infelizmente o futebol campineiro está no fim.

Como você definiria a sua rival Ponte Preta?
A gente não gosta mesmo e acabou. Mas é um rival que para existir o Guarani tem que existir. Mas continua sendo um freguês. Mas é um dos maiores clássicos do Brasil. Eu vejo tá entre os cinco melhores.

Complete a frase. Ser torcedor do Guarani é…
Ser torcedor do Guarani é amar. É uma segunda casa. A pessoa troca de religião, de carro, família, esposa, mas hoje a gente não troca o Guarani. Eu nasci e vou morrer bugre. Guarani é minha vida.
 

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