Marcelo Corsato, torcedor da Ponte Preta (à esquerda), e Jayme Carvalho Neto, torcedor do Guarani (à direita), falam sobre a paixão por seus times em entrevista ao Esportes Já (Arquivo pessoal)
Imagine você ganhar a oportunidade de trabalhar com aquilo que ama e aprecia. Mover com as emoções e sentimentos de muitas pessoas. Ser capaz de gerar uma memória afetiva em pessoas que jamais irá conhecer. Existe um meio de comunicação capaz de tal façanha: o rádio. Quem trabalha sabe do seu poder e influência. Um desses agraciados é Marcelo Corsato, que dedica seu talento para a comunicação. Ele embala, sonhos, emoções e sentimentos por intermédio dessas ondas presentes no Brasil há mais de 100 anos.
Eis que um dia o horizonte se abriu e ele conseguiu juntar duas paixões, o rádio e a Associação Atlética Ponte Preta. Ele atuou em várias funções: repórter, narrador, comentarista. Com profissionalismo e correção, ele leva informação e opinião para todas as torcidas. Com a Ponte Preta não é diferente. Mas existe um acréscimo: transmitir os lances e gols da Nega Véia lhe traz a recordação de quando apenas um simples torcedor de arquibancada.
Ali, próximo do gramado do Majestoso, no rádio de pilha ou na televisão, que ele viu momentos emblemáticos, como a vitória no dérbi que valeu a decisão do primeiro turno de 1981 e foi vencida pela Macaca por 3 a 2. Uma pena que aquele torcedor, ainda criança, teve que assimilar a derrota na decisão do Campeonato Paulista para um São Paulo que tinha como integrantes jogadores como Zé Sérgio, Serginho Chulapa, entre outros.
Impossível esquecer a epopeia de 1989, quando a Macaca conseguiu o retorno à primeira divisão do Campeonato Paulista. Ou o acesso de 1997, quando o empate por 1 a 1 com o Náutico viabilizou a conquista da vaga no Brasileirão do ano seguinte. De testemunha ocular da história, Corsato se transformou em alguém responsável por registrar as peripécias da Macaca, como o vice-campeonato da Copa Sul-Americana em 2013, o segundo lugar na Série B de 2014 ou a medalha de prata no Campeonato Paulista de 2017.
São tantos fatos que fica difícil escolher os de destaque. Marcelo Corsato topou o desafio e escolheu nesta conversa com a reportagem do Esportes Já. Confira:
Por que você escolheu a Ponte Preta como time do coração?
Devido a um Tio que me levava para o Majestoso.
Que recordações você tem da primeira vez que esteve no estádio Moisés Lucarelli?
Foi na década de 80, morava em Valinhos, não lembro o jogo, mas fomos e voltamos em uma perua Kombi.
Que jogo é inesquecível para você? Por quê?
Final do paulista de 1977, não fomos campeões, mas a Macaca tinha um timaço. (O jogo decisivo do Paulistão de 1977 foi realizado no dia 13 de outubro e o Corinthians venceu por 1 a 0. O gol corinthiano foi de autoria de Basílio).
Que partida você prefere esquecer? Por quê?
Final do Paulista de 81, perdemos para o São Paulo por 2x0 e o Chulapa fez um gol por cobertura no goleiro Carlos da Ponte, chorei muito naquele dia. (O jogo decisivo foi realizado no dia 29 de novembro de 1981. Renato Morungaba e Serginho marcaram para o tricolor paulista).
O que não pode faltar em jogo da Ponte Preta?
Sofrimento.
Qual o principal jogador da história da Ponte Preta? Por quê?
Dicá, era um jogador de muita categoria e excelente cobrador de faltas. (Com a camisa da Ponte Preta, Dicá disputou 581 jogos com a camisa da Alvinegra e anotou 154 gols).
Qual o técnico inesquecível da história da Ponte Preta? Por quê?
Zé Duarte, conseguiu o respeito do torcedor mesmo tendo treinado o maior rival. (No comando da Ponte Preta, Zé Duarte foi campeão na Divisão Intermediária de 1969, mas foi vice-campeão paulista nos anos de 1977 e 1979).
Que jogador que atuou pelo Guarani que você gostaria que tivesse jogado pela Ponte Preta?
Careca.
Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pela Ponte Preta e que você presenciou ao vivo no estádio?
Renato Cajá em um derby acho que em 2011. ( O jogo foi no dia 15 de outubro e venceu por 3 a 0 o principal rival no Brinco de Ouro. Renato Cajá anotou dois gols enquanto Ricardo Jesus anotou o terceiro).
Como torcedor, o que significa o derby para você?
O maior jogo de todos.
Como você definiria o seu rival, o Guarani?
O melhor adversário.
Complete a frase. Ser pontepretano é…
Uma honra!
xx xx xx
Jayme Carvalho Neto tinha tudo para ser um torcedor da Ponte Preta. O histórico familiar conduzia para isso. Até que ele conheceu o Guarani e se apaixonou. Não perde um jogo. Tem na memória e no coração as principais recordações da equipe.
Nesta conversa com o Esportes Já ele conta suas decepções e as alegrias. Confira:
Por que você escolheu o Guarani como time do coração?
Apesar de toda a família do lado do meu pai torcer para o time da linha do trem, eu virei bugrino. Lembro quando pequeno dois primos do meu pai me levaram em um jogo do time da linha do trem e na saída do jogo foram me comprar uma camisa, porém o vendedor cobrou caro e não deu desconto ai meu pai desceu a avenida e já comprou uma do Guarani e virei fanático pelo Guarani hoje.
Que recordações você tem da primeira vez que esteve no Brinco de Ouro?
Foi no12 de outubro de 1994, no Brinco de Ouro da Princesa, pelo Campeonato Brasileiro. O Guarani venceu por 2 a 1 e nesse dia, pós a briga no tobogã, passei com meu pai no meio dos ônibus, torcida do Corinthians na saída e ninguém fez nada.
Que jogo é inesquecível para você? Por quê?
Cito positivamente uma vitória por 2x0. Foi um dérbi realizado em 1998 e foi meu primeiro dérbi (O jogo foi realizado no dia 26 de julho de 1998 no Brinco de Ouros e os gols bugrinos foram marcados por Barata e por Paulo Isidoro). Mas a semifinal do paulista de 2012 foi o maior. (No dia 29 de abril de 2012, o Guarani venceu a Ponte Preta por 3 a 1 e conseguiu classificação para a final do Campeonato Paulista. Fábio Bahia marcou o primeiro e Medina fez os outros dois).
Um jogo inesquecível pelo lado negativo foi o de placar de 2x4 para o time da linha do trem (Ponte Preta), de virada(quebra do tabu de 15 anos sem perder para o rival). Foi quando caiu o parapeito da cabeceira.
Que partida você prefere esquecer? Por quê?
Um dérbi que foi 1x1. Edu Dracena errou um pênalti nos acréscimos, se não me engano, se o Guarani tivesse ganho a peruada caído e com esse empate quem caiu foi o Guarani (O jogo ocorreu no dia 06 de abril de 2002 e Edu Dracena bateu um pênalti e Alexandre Negri defendeu aos 45 minutos do segundo tempo).
O que não pode faltar em jogo do Guarani?
Ir com o manto
Qual o principal jogador da história do Guarani? Por quê?
Só assisti Fumagalli, que me lembro, mas creio que pela história Zenon. Careca não. Ele nos tirou um título. (Fumagalli tem 307 jogos com a camisa do Guarani e anotou 90 gols).
Qual o técnico inesquecível da história do Guarani? Por quê?
Pelo título, Carlos Alberto Silva, porém, caiu também num jogo ridículo com a Portuguesa Santista. ( Após treinar o Guarani de 1978 a 1979, Carlos Alberto Silva retornou ao clube em 1984, 1994, 1996, 1999 e 2001. Além do título de 1978, o técnico foi terceiro colocado em 1994 e dois anos depois deixou a equipe na sexta colocação. Em contrapartida, o treinador não evitou o rebaixamento no Campeonato Paulista de 2001).
E menção honrosa a (Oswaldo Alvarez) Vadão. (Oswaldo Alvarez, o Vadão, teve suas duas primeiras passagens nos anos de 1995 e 1997. Nesta passagem, ele tirou a equipe da zona de rebaixamento. Na terceira passagem, em 2009, o técnico levou ao vicecampeonato da Série B com 69 pontos. Na quarta estadia, o treinador foi eleito o melhor do Paulistão de 2012 e levou o time ao vice-campeonato. A última passagem foi em 2017. Ao todo foram 204 partidas e aproveitamento de 50,5% nas cinco passagens).
Que jogador que atuou pela Ponte Preta que você gostaria que tivesse jogado pelo Guarani?
Não tem.
Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pelo Guarani e que você presenciou ao vivo no estádio?
Caique no dérbi. (O jogo foi realizado no dia 20 de junho e foi válido pela sétima rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O gol foi no primeiro minuto de jogo).
Como torcedor, o que significa o dérbi para você?
Estava prestando atenção aqui nas respostas acima. Respondo com: emoção, amor e ódio.
Como você definiria a sua rival Ponte Preta?
Mal necessário.
Complete a frase. Ser torcedor do Guarani é…
Amor Incondicional.
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