DETERMINAÇÃO

Atletas superam obstáculos e são lição de superação

Além do Rugby, o Handebol Masculino da Adeacamp também estará presente no Campeonato Brasileiro

Elias Aredes
21/11/2022 às 09:16.
Atualizado em 21/11/2022 às 09:16
A prática do Rugby de cadeira de rodas dentro da Adeacamp ensina de que a superação pode virar norma de conduta e muda a perspectiva de vida dos atletas. Instituição planeja também colocar em prática um processo de fortalecimento as modalidades femininas (Divulgação)

A prática do Rugby de cadeira de rodas dentro da Adeacamp ensina de que a superação pode virar norma de conduta e muda a perspectiva de vida dos atletas. Instituição planeja também colocar em prática um processo de fortalecimento as modalidades femininas (Divulgação)

Ao ligar a televisão para assistir competições como os Jogos Paralímpicos, torcedores querem conhecer e homenagear personagens que utilizam a superação como norma de vida. A cidade de Campinas tem exemplos que há 14 anos fazem a diferença e viabilizam um legado de superação e determinação. Estes são os ingredientes utilizados pelos atletas associados a Associação de Esportes Adaptados de Campinas, que comemora os bons resultados obtidos neste ano pelo Rugby de cadeira de rodas e começa a formular planos para retornar reforçar o trabalho com os times de Handebol de cadeira de rodas. Ampliar o espaço e participação das mulheres é outro preceito que será adotado em 2023.

O projeto começou em 2008, quando um professor da Faculdade de Educação Física da Unicamp iniciou um projeto de extensão para reunir pessoas com algum tipo de deficiência e que qaueriam utilizar o esporte como uma alavanca para o recomeço de vida. Com o avanço e participação de pessoas de várias regiões da cidade, a decisão tomada foi a de montar uma Instituição que recebesse a todos com vontade de praticar esportes de alto rendimento.

A primeira modalidade contemplada foi o Handebol e posteriormente o Rugby de cadeira de rodas. O inicio foi avassalador com conquistas de quatro títulos em âmbitos estadual e nacional. “Hoje contamos com 18 atletas, sendo que alguns miram na reabilitação e querem apenas a prática de esportes como lazer”, contou o presidente da Adeacamp, Ademir Batista de Souza. “Sempre buscamos atletas para formação ou quem queira competir. Mas geralmente quem chega já quer participar (do Rugby). É uma modalidade que transforma para quem chega”, afirmou o presidente da entidade.

Segundo ele, a prática dentro da entidade ensina de que a superação pode virar norma de conduta e muda a perspectiva. “Você senta na cadeira de um jogo e começa a perceber que pode tocar a sua cadeira sozinho e levar uma vida com mais independência. E ainda conhece pessoas com a mesma deficiência e que fazem coisas que você considerava que não conseguiria. De repente você volta para sua casa e faz aquilo que seu colega fez”, explicou Ademir Souza.

Atualmente, a Adeacamp faz um trabalho voltado para o Rugby de Cadeira de Rodas e o recomeça a construir uma equipe competitiva para o Handebol masculino de Cadeira de Rodas. Também está no horizonte um processo de fortalecimento das modalidades femininas. “Já chegamos a contar com quatro modalidades”, explicou. Ademir Souza revela ainda que foram dados os primeiros passos para a prática da bocha. “Queremos libertar as pessoas. Além da deficiência você tem um mundo de oportunidades. Você pode ser incluido em alguma atividade. O esporte serve para isso”, disse Ademir Souza, que ficou tetraplégico após sofrer um acidente automobilistico ocorrido nos dias finais do ano de 2002.

Para levar o sonho em frente, a Adeacamp conta com duas fontes de financiamento. Um é o Fundo de Investimentos Esportivos de Campinas, ligado a Secretaria Municipal de Esportes. Outra fonte de recursos é a Lei de Incentivo ao Esporte, coordenado pelo Governo Federal e viabilizou a obtenção de cinco patrocinadores.

ATLETA FEZ HISTÓRIA E SERVE DE EXEMPLO PARA OS MAIS NOVOS

Fábio Ferreira sempre praticou esportes. Era ativo e sociável. Um dia sua vida mudou. Após participar de uma confraternização, o atual atleta de Rugby de Cadeira de Rodas da Adeacamp decidiu abortar o retorno para sua residencia e dar um último mergulho na piscina. A manobra não foi bem sucedida e o acidente lhe deixou tetraplégico. Tinha 22 anos.

Alguns poderiam usar o episódio como um pretexto para colocar um ponto final de uma vida social ativa. Fábio Ferreira adotou o caminho inverso. “Eu não tinha coragem para nada. Mas aos poucos despertei para a vida. Conheci um rapaz que era tetraplégico e tinha uma vida social ativa. O Rugby foi a minha salvação. Comecei como atividade física e virou algo sério”, disse Fábio Ferreira.

Ele conta que conheceu pessoas na Adeacamp que passaram pelo mesmo drama. Mas com o passar do tempo e ao se integrar ao Rugby, Fábio Ferreira começou a batalhar espaço dentro da modalidade até que ele conseguiu feitos que jamais poderia imaginar como uma medalha no Sul-Americano em 2009 quando defendeu a Seleção Brasileira da modalidade. Ele participou de constantes convocações até 2014. “Foram surgindo atletas mais novos. E esporte de alto rendimento sempre pede que estejamos em forma. Mas a gente conheceu cinco países e fizemos história na modalidade”, completou.

COMPETIÇÕES DE FINAL DE ANO OFERECEM NOVAS POSSIBILIDADES DE VITÓRIAS

Os integrantes do time de Rugby em Cadeiras de Rodas da Associação de Esportes Adaptados de Campinas exibem um portifólio de resultados na atual temporada e que servirá de combustivel para buscar mais medalhas e troféus.

O passo inicial foi em julho deste quando a equipe campineira ficou em terceiro lugar na Regional Paulista realizada no Centro Paralimpico localizado em São Paulo. Posteriormente, no mês de agosto, a equipe foi campeã da segunda divisão do Campeonato Brasileiro. O time está classificado para o pelotão de elite que será realizado no próximo ano.

Antes disso, de 07 a 11 de dezembro deste ano, como campeã da segundona, a equipe vai participar da Copa dos Campeões em Niterói. A expectativa é pela possibilidade de enfrentar os Gigantes, campeão da Regional Paulista. A Regional Sul, formada pelos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo indicou o Minas, vencedor da competição.

Em contrapartida, a competição contará com a presença do BSB, representante da Regional Centro Oeste. A equipe campineira deverá comparecer com uma delegação formada por 10 atletas e o staff formada por técnico, preparador físico, enfermeiros e fisioterapeuta.

Além do Rugby, o Handebol Masculino da Adeacamp também estará presente no Campeonato Brasileiro, programado para o periodo de 14 a 18 de dezembro e que deverá contar com 12 equipes.

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