Em entrevistas à imprensa boliviana, Miranda reclamou da falta de oportunidades
Bruno Miranda (Thomaz Marostegan/Guarani FC)
A contratação de Bruno Miranda em agosto foi uma das mais comentadas do futebol campineiro nesta temporada. O atleta de 24 anos desembarcou no Brinco de Ouro com status de titularidade pelo bom desempenho pelo seu ex-clube Bolívar, onde atuava ao lado de Bruno Sávio, além das convocações para a Seleção Boliviana.
Mesmo que não tenha atuado em muitas oportunidades - foram apenas quatro partidas com a camisa do Bugre -, Bruno Miranda quebrou uma marca de duas décadas sem um jogador do Alviverde sendo convocado para defender a Seleção do seu país. Tudo isso colabora para que o desempenho dentro de campo tenha gerado frustração não apenas ao próprio atacante, mas também aos torcedores.
Em entrevistas à imprensa boliviana, Miranda destacou que gostaria de ter mais oportunidades no Guarani e que não ficou satisfeito com sua utilização no segundo turno da Série B. O atacante ainda tem contrato com a equipe campineira até julho de 2023 e terá o futuro debatido em reunião com o técnico Mozart, o superintendente de futebol Rodrigo Pastana e o presidente Ricardo Moisés.
Se permanecer em Campinas, Bruno Miranda terá a missão de reverter o histórico negativo dos últimos estrangeiros que vestiram a camisa do Guarani. O atacante boliviano, entretanto, não é o único gringo que pertence ao plantel. Emprestado pelo Boca Juniors, Alvariño também tem contrato para a próxima temporada. O argentino foi utilizado em três posições diferentes em 2022. Ele jogou como volante, zagueiro e também fez as vezes na lateral-direita.
O colombiano Richard Ríos completa a lista de estrangeiros no atual plantel alviverde. Descoberto pelo Flamengo quando ainda se destacava no futebol de salão, Ríos não recebeu muitas oportunidades no time principal e acabou sendo emprestado ao Mazatlán, ex-equipe de Giovanni Augusto no México.
Após se recuperar de problemas físicos, Ríos emplacou uma boa sequência na reta final da Série B e foi defendido por Mozart mesmo após duas expulsões - uma delas no clássico contra a Ponte Preta no Moisés Lucarelli.
Ao longo dos 111 anos de história, o Guarani sempre teve muitos estrangeiros que vestiram a camisa do clube. O alemão Schingiry foi um dos zagueiros do clube na década de 70, o croata Jovicevic era uma das grandes apostas em 2000 e a dupla de sul-coreanos Kim Jiseok e Jae Wook era atração nos treinamentos de 2016.
Na divisão de países, o Paraguai aparece como recordista de jogadores estrangeiros na história do Bugre. Foram seis paraguaios que vestiram as cores alviverdes ao longo dos anos. A lista é completada por Colômbia (5), Argentina (5), Uruguai (3), Coréia do Sul e Peru (2), além de Bolívia, Alemanha, Croácia e Tunísia (1).
As decepções
Antes de Bruno Miranda, Richard Ríos e Alvariño serem apresentados no Guarani, o último estrangeiro a vestir a camisa do Bugre foi o colombiano Pablo Armero. Ele foi contratado em maio de 2019 após ser dispensado pelo CSA por indisciplina. Na época com 32 anos, o lateral chegou para ser titular da posição, que tinha apenas o jovem Bidu e o contestado Inácio à disposição do técnico Vinícius Eutrópio.
Com Armero, desembarcou no Brinco de Ouro um currículo que chamava atenção. O lateral, revelado pelo América de Cali, da Colômbia, se destacou no futebol brasileiro vestindo as cores do Palmeiras entre 2009 e 2010. Foram 80 partidas pelo clube da capital até a negociação com o futebol europeu. Foram três temporadas na Itália vestindo as cores da Udinese e Napoli. Depois atuou pelo West Ham no Campeonato Inglês, mas voltou para a Itália e jogou no Milan.
Armero também soma passagens por Flamengo e Bahia, mas o auge foi na Copa do Mundo de 2014. Ele foi titular da Colômbia no Mundial no Brasil e se tornou uma peça-chave na equipe que fez ótima campanha sob a liderança técnica de jogadores como James Rodriguez e Radamés Falcão Garcia.
A estreia de Armero foi no confronto com o Atlético Goianiense, fora de casa, na derrota por 1 a 0. Depois foi novamente titular nas derrotas para Coritiba e CRB, mas acabou afastado após sofrer uma lesão contra os alagoanos. O problema de Armero foi ligado a um estiramento de alto grau do ligamento colateral medial no joelho esquerdo e não precisou passar por cirurgia para corrigir o problema. No entanto, o clube apostou em um tratamento mais conservador.
Desta forma, Armero encerrou sua passagem com apenas três jogos pelo Guarani e não voltou a entrar em campo. Após o período de transição física, o lateral não estava nas condições ideais de jogo e viu o jovem Bidu se firmar na posição sob o comando de Thiago Carpinui, que liderou uma arrancada no segundo turno da Série B em 2019.
Mas Armero não foi o único estrangeiro a despertar grande expectativa nos torcedores, mas frustrar a todos com um número baixo de jogos. Cria do Real Madrid, o croata Igor Jovicevic foi uma das principais contratações na temporada 2000. O atleta, emprestado pelo Yokohama Marinos, do Japão, gerou muita expectativa nos torcedores, mas também atuou por apenas três partidas e acabou negociado com o Zagreb, clube que se destacou na Croácia.
Jovicevic teve o jogo de maior impacto justamente na estreia, diante do Botafogo, de Ribeirão Preto, no Brinco de Ouro. Foram 7 mil torcedores presentes no estádio para acompanhar a estreia do croata, que contribuiu para o gol do lateraldireito Rafael. O atacante Mauro também marcou e Rogério descontou para o Pantera com placar final de 2 a 1.
A saída do croata para o futebol europeu acabou gerando espaço para o jovem Fumagalli ser aproveitado no Bugre. Anos depois, o camisa 10 retornaria ao Brinco de Ouro e se firmaria como um dos ídolos recentes do clube.
Recentemente, outros nomes foram discretos no período de Guarani. Em 2004, o argentino Diego Loscri foi contratado após boa passagem pelo Racing, mas deixou Campinas após 14 jogos com 1 gol e 1 cartão vermelho no currículo. Também argentino, Leonel Liberman disputou cinco jogos disputados e não teve nenhum sucesso entre os torcedores. Em 2014, John Obregón chegava cercado de expectativas por conta do apelido de ‘Balotelli colombiano’. Dentro de campo, entretanto, foram seis jogos e nenhum gol marcado.
Os destaques
O argentino Gritta foi o precursor entre jogadores estrangeiros a vestir a camisa do Guarani. Ele defendeu as cores do Alviverde entre 1949 e 50. Depois, o paraguaio Vasquez permaneceu como atacante do clube entre 1954 a 56. Os dois jogadores permaneceram como titulares na década de 50 e contribuíram positivamente nas competições da época.
Mas ninguém teve mais sucesso entre os estrangeiros do que Jesus Villalobos. O atacante peruano está na lista dos maiores artilheiros da história do Guarani com 87 gols marcados e foi um dos nomes mais marcantes do Brinco de Ouro entre as décadas de 50 e 60.