Totó e Luiza acreditam na Macaca (Acervo Pessoal/Totó-Rede Social)
João Brigatti foi chamado para reabilitar a Ponte Preta na Série B do Campeonato Brasileiro, cujo passo inicial tentará ser dado amanhã, às 18h30, contra o Vila Nova, na casa do adversário. Com 35 pontos e na 17ª colocação, a Macaca produz sentimentos antagônicos em seus torcedores, que ostentam uma variação que vai do otimismo e esperança ou um profundo pessimismo sobre o futuro.
Alguns têm história para contar. Américo Bissotto, o Totó, por anos e anos percorreu os quatro cantos do Brasil para presenciar as jornadas da Ponte Preta no Campeonato Paulista, Séries A e B do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e até na Copa Sul-Americana. Aos 76 anos e torcedor da Macaca desde a adolescência. Totó trocou os seus sentimentos. Se anteriormente existia orgulho de vestir a camisa da Alvinegra em qualquer lugar, hoje o que impera é o constrangimento. "Sempre andei com um boné, camisa e blusa no Brasil inteiro. Hoje não saio. Tenho vergonha porque é um absurdo. Como podem deixar isso acontecer?", indagou o comerciante, que vagueia entre a resignação e a revolta.
"Tem hora que eu acordo a noite e não acredito. É como se estivesse para perder um familiar", lamentou Totó, que tenta encontrar motivos para ser otimista. "Sempre fui um cara otimista, nunca fui pessimista, mas sou realista. Lógico que eu vou acreditar (de que a Ponte Preta escapa). É como uma pessoa que está na UTI", disse Totó, que relembra a sua própria história de vida, quando chegou a ser internado e recebeu poucas perspectivas de vida e conseguiu a recuperação.
Especializado em direito trabalhista e torcedor da Macaca, o advogado Eduardo Surian Matias não deixa de fazer uma ligação do quadro vivido pela Ponte Preta com os próprios dissabores vividos pelos habitantes de Campinas nas últimas décadas. "A perspectiva de disputar a Série C nada mais é do que a consequência de diretorias inoperantes, onde o futebol no século XXI é gerido como se estivéssemos nos anos 1980", disse o advogado, que complementou: "A decadência atual, junto com o rival (Guarani), não é por acaso. Campinas é uma cidade que despreza sua cultura. Então não seria diferente a cidade desprezar seu futebol", disparou.
Eduardo Surian Matias não nutre otimismo. "Se olharmos o segundo turno, o número de pontos até aqui alcançados em 16 jogos (12 pontos), é praticamente o mesmo dos trêsjogos em disputa. Na hipótese da Ponte ganhar os dois jogos fora (contra Vila Nova e Avaí) os 44 pontos poderão significar a salvação, mas a Ponte conseguiu em 17 partidas fora de Campinas uma única vitória. Então, o jeito é cruzar os dedos."
CONFIANÇA
A advogada criminalista Adelaide Albergaria, por sua vez, agarra-se na esperança de ver a Macaca subverter a lógica, como fez em outras passagens da sua trajetória de 124 anos. "A possibilidade de colocar a Ponte Preta na série C produz um sentimento de tristeza profunda. Não me passa pela cabeça a possibilidade dela estar na série C", disse a advogada.
O sentimento é compartilhado pela aposentada Maria Luiza Volta. Antes da atual gestão comandada por Marco Antonio Eberlin, Luiza era conhecida por sua dedicação no trabalho com as crianças selecionadas para entrar com a equipe no gramado. Hoje na arquibancada, ela não jogou a toalha e aposta na redenção.
"A minha fé remove montanhas. Enquanto existir 1% de chance eu acredito. Até porque a Ponte Preta só depende dela. E com a chegada do João Brigatti eu acredito ainda mais porque ele ganha o vestiário", disse Luiza, que recebe o apoio de Albergaria. "Na raça da nossa torcida nós vamos conseguir os resultados necessários e não vamos cair", completou.
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