22 ANOS DEPOIS

Dérbi do desespero tem novo capítulo

Guarani e Ponte Preta fazem amanhã duelo decisivo na luta contra o rebaixamento, a exemplo do que aconteceu em 2002 no Torneio Rio-São Paulo

Elias Aredes e Silvio Begatti
19/10/2024 às 08:28.
Atualizado em 19/10/2024 às 08:28
Washington marcou o gol da Preta no empate por 1 a 1 no Dérbi no Torneio Rio-São Paulo de 2002 e o zagueiro Edu Dracena (à direita) desperdiçou pênalti no final do jogo decisivo de 22 anos atrás (Pesquisa William Ferreira Cedoc Rac)

Washington marcou o gol da Preta no empate por 1 a 1 no Dérbi no Torneio Rio-São Paulo de 2002 e o zagueiro Edu Dracena (à direita) desperdiçou pênalti no final do jogo decisivo de 22 anos atrás (Pesquisa William Ferreira Cedoc Rac)

O ambiente será de tensão em dose dupla. Se não bastassem as emoções inerentes a um Dérbi, a partida de amanhã, às 18h30, no Moisés Lucarelli, carrega também a aflição da luta contra o rebaixamento dos dois lados. E o fato não é inédito. Depois de 22 anos, Guarani e Ponte Preta voltam a se enfrentar envolvidos com o iminente risco de queda. O Bugre está na lanterna, com 28 pontos, enquanto a Macaca entrou no Z-4, na 17ª posição, com 35.

No extinto Torneio Rio-São Paulo de 2002, os dois rivais disputaram um duelo de vida ou morte pela penúltima rodada. O futebol brasileiro passava por um contexto diferente na época e, pelo regulamento da competição, cairia para seus respectivos estaduais dois times, um paulista e um carioca. Guarani e Ponte Preta entraram em campo, no Brinco de Ouro, empatados em último lugar entre as equipes de São Paulo e o confronto terminou com o placar de 1 a 1. 

Na última rodada, Bugre e Macaca venceram seus jogos contra Botafogo e Palmeiras, respectivamente, e o alviverde terminou como o pior paulista, já que tinha desvantagem em relação à rival nos critérios de desempate. O Guarani foi rebaixado, mas a queda não se consumou, pois a competição foi extinta no ano seguinte. 

O Dérbi dos desesperados naquele Rio-São Paulo de 2002 foi disputado na tarde de sábado do dia 6 de abril e, como não poderia ser diferente, foi marcado pela tensão, com pênalti desperdiçado no último minuto. Comandada pelo técnico Oswaldo Alvarez, a Ponte abriu o placar com Washington, o Coração Valente, aos 27 minutos do primeiro tempo. Na segunda etapa, a equipe do treinador Zé Mário chegou ao empate. Zé Afonso, que havia entrado no lugar do atacante Léo, marcou o gol. Aos 45', o Guarani teve a chance da virada, mas o goleiro Alexandre Negri defendeu a cobrança do zagueiro Edu Dracena. A Ponte terminou a partida com um jogador a menos, já que o meia Dionísio foi expulso aos 38' da etapa final. 

TABU 

No retrospecto do tradicional confronto campineiro, a Ponte Preta defende um tabu amanhã. Há 15 anos, a Macaca não perde do Guarani no Majestoso. A última derrota aconteceu no Dérbi de 20 de junho de 2009, quando um gol de Caíque, em chute da intermediária, garantiu o triunfo bugrino por 1 a 0 em duelo válido pela Série B. 

Depois deste jogo, aconteceram mais dez clássicos no Moisés Lucarelli, com seis vitórias dos donos da casa e quatro empates. O último disputado na casa pontepretana terminou 1 a 1: Bruno Mendes arrancou o empate dos visitantes com gol aos 50' do segundo tempo no primeiro turno da Série B do ano passado. 

No retrospecto geral, a última vitória pontepretana foi no segundo turno da Série B de 2022, quando o gol de Fessin assegurou o placar de 1 a 0 numa manhã de sábado, de 20 de agosto, no Majestoso. Em seguida, aconteceram mais três duelos, com um triunfo bugrino por 1 a 0 e dois empates em 1 a 1. 

O Dérbi é disputado desde 24 de março de 2012, quando aconteceu o primeiro duelo, cujo resultado até hoje é desconhecido. Foram 207 confrontos no total e a vantagem é alviverde. O Guarani venceu 70 jogos, perdeu 67 e houve 69 empates. Marcou 273 gols e sofreu 270.

Time da Ponte Preta 

Enquanto o Guarani faz os seus preparativos e planos para o Dérbi 208, a comissão técnica da Ponte Preta recebeu um duro golpe na manhã de ontem. Em julgamento realizado no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o efeito suspensivo que assegurava a presença do goleiro Pedro Rocha na Série B foi derrubado. Com isso, ele terá que cumprir suspensão em mais três partidas da segundona. 

Diante do desfalque do arqueiro pontepretano, o preparador de goleiros Lauro Freitas, juntamente com o técnico Nelsinho Baptista, terá que escolher um substituto para a posição. O favorito é Luan Ribeiro, acionado em outras oportunidades. 

O cuidado, entretanto, será o de evitar que o time titular fique desfigurado diante de desfalques e dúvidas na formação. É bem provável que o zagueiro Mateus Silva retome a posição na zaga central e com a função de capitão ao lado de Nilson Junior, que ganhou espaço nos últimos jogos. Na lateral esquerda, apesar da disponibilidade de Gabriel Risso, não é descartado esperar a improvisação de João Gabriel ou de Igor Inocêncio na posição. 

No meio-campo, Emerson deverá executar a função de cabeça de área, enquanto seu companheiro de marcação é uma incógnita. Emerson Santos vai cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo recebido diante do Botafogo-SP. Acionado em algumas oportunidades, Hudson agradou à comissão técnica e sai na frente. Ramon Carvalho e Castro são outras alternativas. 

Na armação, ainda existe mistério sobre o início de Elvis como titular ou no banco de reservas. Jeh, por sua vez, será aguardado até o último minuto para ser aproveitado.

Time do Guarani 

O Guarani está retornando de Itu, onde ficou desde a última quarta-feira em preparação para o Dérbi. A saída de Campinas foi uma estratégia do clube em razão do caráter decisivo do clássico campineiro. Na lanterna há 24 rodadas, o Bugre não deixará essa condição mesmo que vença amanhã. Por outro lado, precisa da vitória para manter as chances mínimas de salvação. O time soma 28 pontos. 

O técnico Allan Aal vai fazer mudanças em relação à formação titular da última partida, contra o CRB. Após cumprirem suspensão pelo terceiro cartão amarelo, o lateral esquerdo Emerson e o meia atacante Luan Dias estão à disposição e retornam nas vagas de Jefferson e Estevão, respectivamente. 

O treinador substituiu o esquema 4-3-3 pelo 4-4-2 nas últimas duas partidas e deve manter a formação com quatro meias e dois atacantes no clássico. Por outro lado, há a expectativa de que Airton e Marlon Douglas, afastados por lesão há mais de um mês, voltem a ser relacionados, o que reforçaria as opções de ataque do treinador para o duelo. 

Contra a Ponte Preta, o Guarani fará o seu quarto confronto direto seguido na parte de baixo da tabela. Nos três primeiros, perdeu do Ituano e do Botafogo-SP fora de casa e ganhou do CRB no Brinco. O triunfo diante da equipe alagoana por 2 a 1 na última segunda-feira encerrou um jejum de quatro jogos, após uma sequência de três derrotas e um empate. 

Depois de enfrentar a Ponte, o Guarani terá mais seis jogos pela frente, três em casa e outros três fora. Recebe no Brinco o Novorizontino, Amazonas e Ceará e sai para enfrentar Sport, Goiás e Brusque.

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