Heitor em momento de reflexão antes de partida no Brinco (Raphael Silvestre\Guarani FC)
Nervosismo, revolta, ataques à arbitragem. Essas foram às reações do então presidente do Guarani, André Marconatto, durante entrevista logo após a derrota por 1 a 0 contra a Chapecoense no dia 26 de abril, no Brinco de Ouro. Na ocasião, o técnico, que era Claudinei Oliveira, não se manifestou, como é de praxe depois dos jogos. O mandatário do clube o substituiu na sala de imprensa.
E os protestos dos torcedores já indicavam para uma saída do treinador, o que aconteceu no dia seguinte. Detalhe: o duelo contra a Chape foi apenas na segunda rodada da Série B e o ambiente pós-jogo já era um prenúncio do que viria pela frente.
"Foi uma temporada de muita cobrança e de clima muito tenso", lembrou o atacante Caio Dantas em entrevista coletiva na última semana ao apontar os motivos que levaram o Guarani a chegar no fundo do poço. Hoje, depois de passar o campeonato inteiro na zona de rebaixamento e 28 rodadas na lanterna, o time pode ser rebaixado na terçafeira, quando enfrenta o Amazonas, às 21h, no Brinco de Ouro, pela 36ª rodada.
O clima pesado no Guarani logo nas primeiras rodadas da Série B foi resultado da insatisfação dos torcedores com os fracassos do time que se acumulavam desde a reta final da segunda divisão nacional de 2023. Forte candidato ao acesso até meados do segundo turno na competição do ano passado, o Bugre caiu drasticamente de produção nas últimas rodadas e, do G4, escorregou para o meio da tabela de classificação.
Para 2024, a equipe foi reformulada, mas os resultados negativos tiveram sequência no Paulistão, ocasião em que o time escapou do rebaixamento na última rodada. E no começo da Série B, mesmo com novos jogadores iniciando suas trajetórias no clube, o torcedor já estava esgotado. "Teve muita mudança de treinador também e isso atrapalha", diagnosticou Caio Dantas. "Quando a gente começava a pegar o jeito de um treinador, logo mudava", lembrou. Atual comandante do elenco, Allan Aal, é o quinto treinador bugrino na temporada. As mudanças ainda aconteceram na diretoria de futebol, com passagens de três superintendentes pelo cargo. Com problemas de saúde, Marconatto também precisou se afastar da cadeira da presidência, que hoje é ocupada por Rômulo Amaro, indicado por votação entre os integrantes do Conselho de Administração (CA).
"Fizemos bons jogos, mas perdemos por detalhes. Difícil explicar. Nunca passei por uma situação igual", comentou Caio Dantas, que chega ao final da temporada valorizado, apesar da campanha desastrosa do Guarani. Vice-artilheiro do campeonato, com 11 gols, o atacante tem contrato com o Guarani até 30 de novembro de 2025 e diz que, a princípio, sua intenção é disputar o Campeonato Paulista pela equipe.
Sobre sondagens de outros clubes, o jogador despistou. "Estou com o foco nos próximos jogos. Enquanto tivermos chances de permanência, vamos lutar", afirmou o atleta, que já foi artilheiro da Série B em 2020 pelo Sampaio Corrêa, com 17 gols, e agora tem a chance de repetir o feito.
RODADA
A antepenúltima rodada da Série B começa hoje e se estende até terça-feira. Ituano, Brusque e Guarani ocupam as três últimas posições e podem ter o rebaixamento sacramentado, dependendo dos resultados da rodada. Na parte de cima da tabela, Santos, Novorizontino e Mirassol também podem ter o acesso confirmado. Líder, o Peixe só precisa de uma vitória. Já os outros dois dependem de uma combinação para comemorar antecipadamente.
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