Allan Aal diz que ainda não conversou com a diretoria sobre seu futuro (Raphael Silvestre\Guarani FC)
Abatido e "arrasado", segundo suas próprias palavras, Allan Aal foi o símbolo da atmosfera sombria que envolveu o Brinco de Ouro na noite de terça-feira. Minutos depois de ver o time que comanda empatar com o Amazonas por 0 a 0, em casa, e ser rebaixado à Série C com duas rodadas de antecedência, o treinador abriu o coração. Na entrevista após a tragédia consumada, disse que fez o possível para evitar o pior, pediu desculpas ao torcedor e, de forma emocionada, expôs seus sentimentos.
"Difícil encontrar palavras nesse momento. Estou decepcionado, triste. Mas arrasado é a palavra. Podem ter certeza absoluta que hoje está sendo uma das piores noites da minha vida. Já tive perda de parente, vivi situações de infelicidade. Ainda, de repente, a gente pode assimilar melhor depois, mas digerir é impossível. Só peço a Deus que passe logo esse dia e que venha o amanhã para um cidadão que busca dignificar sua profissão. Aos torcedores, meu respeito e peço desculpas."
A manifestação de Allan reflete o sentimento de quem acreditou até o fim em uma recuperação que não veio. E se entregou a essa missão. "Vivi o clube dia a dia, abri mão de muitas coisas e recusei propostas durante esse período em que estou aqui porque eu confiava que poderíamos sair dessa situação", relata o técnico, cujo envolvimento com o clube, que dirige pela segunda vez na carreira, amplia a decepção pelo desfecho indesejado. "A dor que estamos sentindo é como a de quem foi criado no Guarani desde criança."
Por outro lado, apesar de alimentar a fé na salvação bugrina durante a competição, Allan reconhece que a missão era extremamente difícil. Quinto técnico do clube na temporada e quarto na Série B, ele chegou ao Brinco de Ouro na virada de turno, quando a equipe havia somado apenas 11 pontos após a primeira metade da segunda divisão nacional.
"Chegamos aqui com o desafio de tirar o time da Série C, onde ele já estava desde as primeiras rodadas. Sabíamos que o desafio seria muito grande, mas confiávamos demais naquilo que poderíamos fazer. Tentamos de tudo dentro das nossas possibilidades."
Nas primeiras rodadas do segundo turno, o Guarani chegou a ensaiar uma reação, mas as partidas seguintes escancaram as limitações do grupo. "Perdemos jogadores importantes em um elenco reduzido e os que entraram não deram a resposta que esperávamos", comentou o treinador. "Buscamos mudar o esquema tático, fazer improvisações", lembra. Ele ainda ressalta que as oscilações e os seguidos erros de finalização contribuíram para inviabilizar a recuperação. "Em várias situações, não fomos inferiores aos nossos adversários, mas pagamos alto pelos nossos erros."
Allan ainda lembra das derrotas nos confrontos diretos como determinantes na estagnação de um time que está há 29 rodadas na lanterna e passou o campeonato de ponta a ponta na zona de rebaixamento.
FUTURO
Allan ainda vai negociar com a diretoria sobre sua permanência em 2025. "Daqui para frente, poderemos sentar e conversar com calma para ver qual é a melhor perspectiva", afirmou, sem deixar de acreditar na recuperação do clube. "Seja comigo ou com outro profissional, o Guarani tem todas as condições de se reerguer com a ajuda também de seu torcedor."
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