PROGRAME-SE

Tradição indígena em destaque

Programação extensa do Sesc Campinas contempla atividades que mostram a diversidade cultural dos povos originários

Aline Guevara/cadernoc@rac.com.br
14/08/2024 às 11:09.
Atualizado em 14/08/2024 às 11:09
Na programação do Agosto Indígena, está prevista atividade prática de jogos, como arco e flecha, zarabatana e corrida de tora (Mayara Amorim)

Na programação do Agosto Indígena, está prevista atividade prática de jogos, como arco e flecha, zarabatana e corrida de tora (Mayara Amorim)

A diversidade de povos indígenas brasileiros reflete na imensa pluralidade cultural da população originária. A programação do Agosto Indígena no Sesc Campinas traz parte dessa riqueza de vivências em atividades que incluem bate-papos, oficinas gastronômicas, prática de jogos indígenas, artesanato e apresentações de dança. Os eventos, todos gratuitos, começam amanhã (dia 15) e prosseguem até domingo (18 de agosto) nas dependências da unidade.

De acordo com Sara Centofante, técnica de programação do Sesc Campinas, o Agosto Indígena tem justamente o objetivo de valorizar e difundir essa diversidade cultural dos povos indígenas brasileiros, reconhecendo as pluralidades dessa população (são mais de 300 povos só no Brasil). “Eles estão vivendo e resistindo no território brasileiro. A nossa proposta é reforçar os aspectos da educação indígena que envolve conhecimentos materiais, práticas sociais, cuidado coletivo e tecnologias ancestrais desenvolvidas de acordo com a ética e valores de cada grupo”, complementa.

“Nós precisamos ter essas trocas com populações não-indígenas, pois se tivéssemos mais desses eventos, o olhar sobre os povos originários seria diferente”, conta John Abé, indígena do povo Dessano. Atualmente, ele reside em Barão Geraldo como estudante da Unicamp, e vai apresentar no Sesc, juntamente com familiares, danças típicas dos povos Dessano e Tukano. “Precisamos de mais oportunidades como essa, do Sesc, principalmente que mostre essa diversidade dos povos e das regiões do País. É uma forma de divulgar a cultura brasileira, porque também fazemos parte dela”, aponta John.

AGENDA SESC

Os eventos começam amanhã, às 19h, com o encontro com João Paulo Tukano, indígena do povo Yepamahsã (Tukano), doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi. Durante a atividade, ele convidará o público a entender a teoria do corpo e as práticas de cuidado e saúde do povo Yepamahsã, que acredita na conexão entre humanos, seres e as coisas.

No sábado, dia 17, às 13h, uma oficina culinária ministrada por Lu Ahamy e Awa Mbarate ensina sobre pratos tradicionais da cultura Guarani, como Pira Txunn Rewe e Pakowa’y, e também sobre ingredientes típicos (palmito, mandioca, banana, batata-doce e milho).

DANÇAS ANCESTRAIS

O Agosto Indígena recebe duas apresentações de dança no domingo. A primeira, às 11h, será Toré Pankararu – um ritual em que os dançadores se preparam espiritualmente para serem aproximados dos seres espirituais, os Encantados. Às 14h, o Sesc recebe as danças dos povos Tukano e Dessano. São elas: Mawako, Cariçú, Kapiwaya, Ñahsã Bahsá e Bua Bahsá, intercaladas com o canto do Handeka.

“Elas possuem melodia e uma letra, que arremetem a uma história milenar”, explica John Abé. “Quando dançamos, revivemos uma cultura que vem sendo transmitida já por muito tempo. Por meio da dança e do canto, mostramos nossa história, nossa resistência e que a gente existe.

Vivemos e persistimos, apesar de tantos momentos de luta pelos nossos territórios”, completa o indígena, que é natural de São Gabriel da Cachoeira, no Norte do Estado do Amazonas. Seus familiares, que vêm dançar e cantar com ele, são da mesma região. É possível acompanhar mais do trabalho cultural de John Abé pelo Instagram @arteindigena.am.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

15/08, às 19h – Bate-papo ‘Mahsã Kahtirotise: Educação, Cuidado e Saúde do Povo Yepamahsã (Tukano)’

17/08, das 11h às 12h – Dja’a Djalga: Prática dos jogos indígenas (Arco e Flecha, Zarabatana e Corrida de Tora)

17 e 18/08, a partir das 11h – Feira de Artesanato e Arte Indígena

17/08, às 13h – Temby’u Ete: Oficina de Culinária Indígena

17/08, às 16h – Nhande Kuery MBaraetea: Debate sobre educação e território a partir da experiência de alguns integrantes do coletivo EtnoCidade, de Campinas

18/08, às 11h – Dança Toré Pankararu, com Associação Pankararu do Real Parque, São Paulo

18/08, às 11h30 – Bate-papo ‘Mulheres indígenas Pankararu em contexto urbano’

18/08, às 14h – Oficina de artesanato com sementes de açaí, com Ivone Pankararu

18/08, às 14h – Danças dos povos Tukano e Dessano

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