Produtores do primeiro longa alegam que o remake usa mais de cinco minutos de imagens do original
Garganta Profunda custou parcos US$ 25 mil e se tornou um dos filmes mais rentáveis da história ( Cedoc/RAC)
Garganta Profunda custou parcos US$ 25 mil e se tornou um dos filmes mais rentáveis da história. Além dos oficiais US$ 600 milhões arrecadados em bilheteria, rendeu inúmeros subprodutos. E, agora, corre o risco de faturar mais US$ 10 milhões: é a quantia que seus produtores pediram nesta quarta-feira (7), na justiça em direitos autorais à produtora de Lovelace - eles alegam que o novo longa usa mais de cinco minutos de imagens do original. Ironicamente, sua estrela, Linda Lovelace, levou para casa apenas US$ 1.250 por sua performance. Levou também a herança de ter se tornado a primeira, e a maior, estrela do cinema pornô. Mas não seria exagero afirmar que ela foi a típica atriz de um filme só. “Pensa-se que ela teve uma carreira na indústria pornográfica, mas só fez este filme. Garganta Profunda 2 (1974) foi feito com sobras do primeiro Garganta”, comentou o diretor Rob Epstein, que assina Lovelace em parceria com Jeffrey Friedman. “Linda Lovelace para Presidente (1975) a gente nem considera e não é pornô. Fora isso, não há mais nada”, acrescentou Friedman, em conversa com o Estado durante o Festival de Berlim, em fevereiro. As cenas que retratam os bastidores das filmagens do clássico pornô são um dos pontos altos de Lovelace, quando, ainda que na ficção, o espectador pode espiar os minutos que antecederam a antológica “cena do médico”, quando a frustrada Linda descobre que o segredo de seu prazer está na garganta. “Ela era uma iniciante se esforçando para tentar atuar de fato em seu primeiro filme, pois tinha vontade de ser atriz profissional. Queríamos retratar esses momentos com leveza e humor”, disse Epstein. Na verdade, Linda trabalhou em alguns curtas-metragens antes de protagonizar Garganta Profunda. Em um deles, Dogarama (1971) teve relações sexuais com um cachorro, experiência que ela diz ter sido a pior de sua vida. Em sua biografia, Ordeal (1980), relata que fez o filme sob ameaça de morte de seu então marido, Chuck Traynor, que tempos depois a apresentou, e a agenciou, aos produtores de Garganta. “A grande maioria das pessoas não sabe disso e tem uma vaga ideia de quem foi Linda. Ela foi obrigada a fazer coisas que jamais quis, subjugada às surras de Chuck, que até armas apontava contra ela”, comentou a atriz Amanda Seyfried que protagoniza o longa ao lado de Peter Sarsgaard (Chuck).