Concerto de Hércules Gomes é focado no álbum "Tia Amélia para Sempre", gravado em 2020 (Divulgação)
O trabalho da pianista e compositora Amélia Brandão Nery, conhecida como "Tia Amélia" foi resgatado pelo também pianista Hércules Gomes e terá uma apresentação inédita nesta sexta-feira, 22, às 20h, no Sesc Campinas. O show é focado no álbum "Tia Amélia para Sempre", gravado em 2020, só ganha estrada agora, depois de dois anos em stand by por causa da pandemia.
Hércules ressalta que chegou o momento de homenagear a grande pianista e compositora, que nasceu em 1897 e viveu até 1983. "Ela tinha o mesmo nível de Chiquinha Gonzaga e Carolina Cardoso de Menezes. É uma das gigantes do piano e do choro, que estava caindo no esquecimento. Esse disco foi um resgate das obras dela", afirma. E completa dizendo que "os pianistas brasileiros da época da tia Amélia, que a gente chama de ‘pianeiros’, são uma peça fundamental nessa escola de piano brasileiro que a gente tem. Eu sou apaixonado por esse jeito de tocar piano, principalmente o piano-choro. Foi por essa paixão que nasceu este trabalho", afirma.
O primeiro contato de Hércules com a obra de tia Amélia aconteceu em 2014. Desde então, ele se impressionava cada vez mais com o jeito em que ela tocava piano, usado e abusando da técnica da mão esquerda. "Eu falava para mim mesmo: ‘eu tenho que aprender a tocar piano daquele jeito, com essas técnicas que ela usa e também quero fazer um trabalho dedicado a essa pianista’", revela. Isso aconteceu seis anos depois e resultou no disco, que é completo com regional de choro, banda a base de sopros e piano solo.
No show de reestreia da temporada de divulgação do disco (só aconteceu uma apresentação em São Paulo em 2020, antes da pandemia), Hércules faz questão de mostrar a força que essa grande pianista tinha.
Mas ele conta que sua admiração por Tia Amélia fez com que ele não se desse por satisfeito com a gravação do álbum e a concepção do show. Assim que concluiu o disco, ele deu continuidade ao trabalho resgatando as partituras dela e encontrou várias gravações da pianista, que fez turnês internacionais na década de 1930, teve um programa televisivo nos anos 1950 e deixou uma farta discografia. "Ela foi muito famosa. Não pode ser esquecida", defende.
Hércules esclarece que no choro há duas principais características: o lamento (dizem que o nome ‘choro’ vem desse jeito choroso de tocar), e o balanço, em termos de suingue e de ritmo. "O que me chama a atenção no trabalho da Tia Amélia é que ela tinha as duas características. Assim como Pixinguinha, ela é uma personificação do choro. Começou a compor por influência do Ernesto Nazareth, tinha uma técnica de mão esquerda, um estilo muito difícil de ser tocado, e fazia um regional inteiro", explica.
Retorno a Campinas
Feliz por se dedicar à música instrumental brasileira, tanto nas composições, como nos arranjos, Hércules tem quatro discos gravados ("Tia Amélia para Sempre" é o terceiro). O capixaba, que saiu de casa aos 19 anos para estudar Música na Unicamp e por isso morou ao longo de seis anos em Campinas, garante que é uma honra voltar ao palco do Sesc Campinas, agora com seu trabalho solo (as apresentações anteriores foram em grupo). Ao longo de 60 minutos, o público se encantará com uma apresentação de piano com regional de choro. Ele já adianta que costuma ter ‘bis’.
Programe-se
Hércules Gomes apresenta "Tia Amélia para Sempre"
]Nesta sexta-feira, 22/4, às 20h
]No Sesc Campinas - Rua Dom José I, 270/333 - Bonfim
Ingressos: a partir de R$ 15,00