CULTURA

O curta ‘Cemitérios: Territórios de Fé e Arte’ será exibido hoje no MIS

A sessão especial do documentário mostra, gratuitamente, a complexa mistura de histórias, paisagens e artes em três cemitérios, entre eles o da Saudade em Campinas

Cibele Vieira/cadernoc@rac.com.br
30/05/2024 às 18:16.
Atualizado em 30/05/2024 às 18:16
Cemitério da Saudade, em Campinas, é considerado um museu a céu aberto e foi tombado como patrimônio cultural da cidade (Marcos Rogatto)

Cemitério da Saudade, em Campinas, é considerado um museu a céu aberto e foi tombado como patrimônio cultural da cidade (Marcos Rogatto)

Os cemitérios sempre foram vistos apenas como territórios que abrigam muita saudade. Entretanto, o olhar apurado do cineasta Marcos Rogatto e da produtora Maria Helena Portinari revelam o rico patrimônio artístico e histórico presente nos cemitérios. Eles produziram o documentário "Cemitérios: Territórios de Fé e Arte", com15 minutos de duração, onde apresentam os cemitérios da “Consolação” em São Paulo, o “Israelita” em Cubatão (conhecido por Cemitério das Polacas) e o da “Saudade” em Campinas. O filme será exibido gratuitamente em Campinas hoje, dia 30, às 19h30, no Museu da Imagem e do Som (MIS).

A roteirista e responsável pela pesquisa que deu base ao documentário, Patrícia Ogando, considera os cemitérios como patrimônios culturais materiais e imateriais que refletem as crenças, tradições e histórias de uma comunidade. O roteiro aborda tanto os aspectos estéticos e arquitetônicos dos cemitérios quanto as relações do imaginário local em ritos devocionais, fortalecendo a delicada interação entre vivos e mortos.

“Retratamos diferentes cemitérios e suas peculiaridades como arte tumular, presença dos ‘milagreiros’ beatificados pela crença popular, rituais das religiões de matrizes africanas e segregação religiosa. São territórios ricos em história e importante legado que deve ser valorizado e preservado”, explica o diretor.

O filme foi lançado em agosto do ano passado em São Paulo, na Cinemateca Brasileira, e com uma única exibição em Campinas, na Casa do Lago da Unicamp. Rogatto comenta que, nos debates pósexibição, foi possível perceber que “as pessoas passaram a ver os cemitérios com outro olhar, não meramente como local de sepultamento”. O maior desafio da produção, segundo ele, foi resumir tanta informação em apenas 15 minutos, para atender ao edital ProAC 2022, que selecionou 24 projetos entre 1.480 inscritos. Agora, a produção está sendo oferecida para canais que valorizam a produção independente e o curta-metragem.

LOCAIS DE HISTÓRIA E ARTE

O Cemitério da Saudade, em Campinas, é o maior cemitério municipal da cidade. Situado no bairro Ponte Preta, abriga mais de 3 mil sepulturas tradicionais e é marcado por elementos arquitetônicos de Ramos de Azevedo, como o portal de entrada e um dos prédios administrativos.

Considerado um museu a céu aberto, o Cemitério da Saudade é tombado como patrimônio cultural de Campinas, sendo o repouso final para figuras emblemáticas, como o escravo Toninho e a prostituta Maria Jandira, que, apesar de marginalizados em vida, agora atraem uma legião de devotos e recebem milhares de visitas anualmente.

Conta também com uma ala mais antiga com preciosas esculturas em mármore carrara, a maioria feita por escultores italianos e encomendadas por fazendeiros ricos da região, ainda em vida.

Já o Cemitério da Consolação, considerado um dos mais importantes locais da capital paulista, é conhecido pela sepultura de personalidades, artistas, intelectuais, fazendeiros, comerciantes e industriais que fizeram parte de diferentes ciclos econômicos do Brasil. Também tombado como patrimônio, se destaca por sua arte tumular, com esculturas e obras de arquitetura que narram as histórias de muitos artesãos, imigrantes italianos e portugueses, que eram marmoristas em seus países de origem.

O Cemitério Israelita de Cubatão, datado de 1929, abriga lápides de mulheres conhecidas como ‘polacas’. Muitas delas chegaram ao Brasil ainda jovens, com a promessa de casamento e segurança em uma nova terra. Infelizmente, ao chegarem, eram forçadas à prostituição na região portuária de Santos. Esse capítulo obscuro da história é pouco conhecido, mas resgatado no documentário.

PROGRAME-SE 

Exibição de ‘Cemitérios: Territórios de Fé e Arte’ 

Quando: Hoje, dia 30, às 19h30
Onde: MIS-Campinas – Rua Regente Feijó, nº 859, Centro 

Entrada Gratuita
Informações:
Tel.: (19) 3733 8800 – Instagram @mis.campinas

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