Mulheres atuantes

Contação de histórias para crianças, palestras, apresentações, oficinas de origamis, uma feira de produtos, food trucks e sorteios marcaram o evento gratuito realizado no último domingo, dia 5 de maio, antecipando as homenagens ao Dia das Mães. Com papeis diversos e diferenciados, as mães atuais puderam se revelar em várias situações ocorridas durante o evento, que começou às 9h e foi encerrado às 17h. Uma delas, que surpreendeu, foi Silvia Vieira, que fez uma finalização como ginasta na apresentação da filha, a B-Girl Marininha, destaque no break nacional, uma mistura de dança e esporte que nasceu nas ruas e virou modalidade olímpica.

Silvia foi ginasta do Clube Regatas no final dos anos 1970 e, junto com o marido que era patinador do gelo, influenciou positivamente a filha Marina Amadeu, que se dedica desde criança à ginástica olímpica, artes circenses e dança. Durante o evento, Marininha fez uma apresentação de breaking, onde misturou técnicas da dança contemporânea com danças urbanas, encantando os visitantes e expositores. No final, ela puxou a mãe para, juntas, darem os passos finais da apresentação e encerrarem com uma pirueta conhecida como ‘estrela’, surpreendendo quem assistia.

A ARTE E OS BENEFÍCIOS DO ORIGAMI

A arte e tradição dos origamis também estiveram presentes no evento, com exposição e oficina organizadas pelo Instituto Cultural Nipo Brasileiro e voluntárias. A professora de japonês e origamista Nami Banno lembra da importância dessa arte para estimular o raciocínio lógico, a criatividade e o desenvolvimento mental. “Nós transformamos algo que é unidimensional em uma coisa tridimensional.” Ela lembra que o origami já está muito intrincado na cultura japonesa e que descendentes aprendem desde muito novos dobras básicas, que os levam a formas mais complexas. “Mas qualquer um consegue aprender.

São formas que aprendemos na matemática geométrica, triângulos, quadrados”. Nami lembrou que uma das formas mais populares e pedidas na oficina de origami é o tsuru, um pássaro. Diz a lenda que, ao se fazer mil dobraduras de tsurus, mentalizando um pedido, ele se realiza. “É uma coisa que traz muito da cultura japonesa. Quando você dobra, você se centra naquilo, mentalizando o que você quer. E isso já pode ajudar muito o seu desejo a se realizar”, analisa a origamista.

NARRATIVAS TRANSFORMADORAS

A programação de palestras do evento foi aberta com a contação de histórias da Fundação Logosófica. Com muita criatividade, o grupo usou elementos para estimular a imaginação, como tecidos para representar os mares agitado e calmo, além de ilustrações de peixes e outros animais marinhos. O livro escolhido, “Construindo Castelos”, compartilha uma história de infância da autora Renata Antunes Evaristo Braga, de quando ela quase teve uma crise de raiva contra o irmão, mas teve o estado mental alterado depois de algumas reflexões feitas pelo seu pai. “Quando o mar está bravo, agitado, a areia do fundo do mar é movida com muita violência e turva a água, impedindo que a vida que existe nele possa ser apreciada. Assim acontece dentro do ser humano quando as reações violentas não são contidas a tempo”, explica a professora Vera Veronesi, responsável pela contação. “Então, por que não ensinar à criança os verdadeiros momentos de valores na vida e os momentos circunstanciais, fazendo com que sempre as recordações sejam gratas ao nosso sentir? Por isso, a Logosofia é chamada também de Ciência do Afeto”, completa.

BATE-PAPO SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Com o tema “Como eliminar os quilos que ganhou na gestação”, a palestra da nutricionista Stephanie Kelly trouxe informações sobre a importância que os alimentos têm na saúde da mulher antes mesmo dela engravidar, além de elencar o que deve ser consumido diariamente por todas as mulheres, independentemente da idade: açafrão, gengibre, canela, maçã, ameixa, cereja, feijão, nozes, couve, espinafre, alcachofra e beterraba. A importância da hidratação (e do cálculo certo da quantidade adequada de água – 35 mililitros para cada quilo da pessoa) para o funcionamento adequado de todo o organismo também foi reforçada. O seminário acabou se tornando umbate- papo com o público, que interagiu e trouxe experiências e dúvidas pessoais para a profissional esclarecer.

QUESTÕES LEGAIS PARAO CASAMENTO

As informações sobre as opções existentes na legislação brasileira a respeito dos regimes de bens para o casamento e para a união estável deveriam estar presentes no planejamento das mulheres, tanto quanto qualquer outro detalhe de um casamento, como a festa, o vestido ou a escolha dos padrinhos. Este foi o tema da palestra da advogada Sylvia Pascoal, que entende a informação como uma ferramenta de transformação. Ela explicou detalhes dos regimes e alertou que participar da discussão sobre essa escolha antes do casamento ajuda a prevenir problemas futuros. “Porque todo casamento acaba, seja pela separação ou pela morte de um dos cônjuges. E quando a regra do jogo é clara e está escrita fica tudo mais fácil”, afirma. Ela pontuou questões diferenciadas ligadas ao tema, como o casamento de pessoas com mais de 70 anos, os tipos de regime de bens existentes e seus desdobramentos, a divisão de previdências privadas, as verbas trabalhistas pleiteadas durante a união e outras, despertando interessante e debate com os presentes.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO E POUPANÇA

Poupar deve ser um hábito, independentemente do valor ou da idade do poupador. Esse é o mantra da planejadora financeira independente Rosielle Pegado, que mostrou em sua palestra a importância de ter planos, metas, disciplina e envolver a família nas questões financeiras. “Obstáculos sempre existem, mas com um plano a gente consegue identificar e superar”, diz a especialista, que elogiou a capacidade de gestão das mulheres. Para ela, “planejamento financeiro é a chave que transforma nossos sonhos em realidade”. Ela tem e-books e livros físicos que ajudam as pessoas a se organizarem financeiramente e ressalta que “sempre é tempo de começar a poupar, nem que seja com R$ 150 mensais, é preciso criar esse hábito tanto para realizar sonhos quanto para ter uma reserva para a aposentadoria”.

RELAÇÕES OCULTAS E VIOLENTAS

Uma dinâmica com mímicas abriu a palestra da advogada e ex-delegada Teresinha de Carvalho, que usou a descontração para abordar um tema bastante sério sobre as mulheres que não sabem ou não acham que estão em uma relação abusiva. Usando as técnicas do Teatro do Oprimido, do dramaturgo brasileiro Augusto Boal, ela usou como exemplo para uma encenação teatral com o público o caso da ex-modelo, apresentadora e empresária Ana Hickmann, que sofreu violência doméstica. “A ideia dessa forma de transmitir conhecimento e trabalhar a prevenção da violência é muito importante, porque nós envolvemos outras pessoas. Quando falamos em violência doméstica, além da mulher, que é a vítima principal, há outras pessoas envolvidas, incluindo as crianças”, disse a instrutora Teresinha de Carvalho. Ainda segundo ela, quando a abordagem é feita de forma coletiva, com personagens falando como se fossem vítimas de uma situação, aquela pessoa que está lá assistindo pode identificar, entre suas relações, casos de violência doméstica.

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