Exposição concebida especialmente para o instituto, localizado em São Paulo, é formada por 65 peças de ?Instruções?, que evocam a participação do espectador para sua realização. Entre as obras há filmes com a participação de Lennon
A exposição O Céu Ainda É Azul, Você Sabe..., de Yoko Ono, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, busca revelar os elementos básicos que definem a vasta e diversificada carreira artística de Yoko Ono, propondo uma viagem pela noção da própria arte, com o engajamento político e social inerentes a ela. A mostra tem curadoria de Gunnar B. Kvaran, crítico islandês e diretor do Astrup Fearnley Museum of Modern Art, em Oslo (Noruega). Uma das principais artistas experimentais e de vanguarda, das poucas mulheres que participaram de movimentos ligados à arte conceitual, performances e happenings dos anos 1960, Yoko Ono segue questionando de forma efetiva o conceito de arte e do objeto de arte, derrubando esses limites. Foi uma das pioneiras a incluir o espectador no processo criativo, convidando-o a desempenhar um papel ativo em sua obra. A exposição, que foi concebida especialmente para o Instituto Tomie Ohtake, é formada por 65 peças de ‘Instruções’, que evocam a participação do espectador para sua realização. São trabalhos que sublinham os princípios norteadores da produção da artista, ao questionar a ideia por trás de uma obra, destacando a sua efemeridade enquanto a dessacraliza como objeto. Segundo o curador, O Céu Ainda É Azul, Você Sabe..., faz uma retrospectiva que evidencia as narrativas que expressam a visão poética e crítica de Yoko Ono. São trabalhos criados a partir de 1955, quando ela compôs a sua primeira obra ‘instrução’, Lighting Piece/ Peça de Acender (1955), em que orientava “acenda um fósforo e assista até que se apague”. Na exposição, é possível seguir a sua criatividade e produção artística dos anos 1960 até o presente. As ‘Instruções’ de Yoko Ono, conforme o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, oscilam entre sugestões tão sucintas e objetivas que se realizam tão logo são lidas, como Respire (1966), Sonhe (1964), Sinta (1963), Imagine (1962), ou em uma sequência de ações que podem ser realizadas por qualquer um que se dedique a isso. Nesse grupo entram Pintura para apertar as mãos, ou Pintura para Covardes (1961), que traz a instrução: “fure uma tela, coloque a sua mão através do buraco, aperte as mãos e converse usando as mãos” ; Peça de Toque (1963), que sugere “toquem uns aos outros” ; Mapa Imagine a Paz (2003), que instrui: “peça o carimbo e cubra o mundo de paz” . Há ainda sugestões aplicáveis apenas no campo mental, poético ou imaginário, como Peça do Sol (1962), “observe o Sol até ele ficar quadrado”; Capacetes-Pedaço de Céu (2001/2008), “pegue um pedaço de céu, saiba que todos somos parte um do outro” ; Peça para Limpar III (1996), “tente não dizer nada negativo sobre ninguém, por três dias, por 45 dias, por três meses”. Já as propostas para obras como Mamãe é Linda (1997), em que sugere que “escreva suas memórias sobre a sua mãe” ; Emergir (2013/2017), “faça um depoimento de alguma violência que tenha sentido como mulher” ; e Árvore dos Pedidos para o mundo (2016), “faça um pedido e peça à árvore que envie seus pedidos a todas as árvores do mundo”, são casos, segundo Miyada, que ao mesmo tempo antecipam e catalisam o poder dos depoimentos pessoais multiplicados pelas redes. Nessas peças a artista solicita do público as suas histórias e faz de sua obra um algoritmo que os processa, publica e armazena. Filmes Entre as obras da exposição há uma série de filmes, dois dos quais com a participação de John Lennon na concepção. Em Estupro (1969), o músico foi codiretor e em Liberdade (1970), de apenas um minuto, assina a trilha sonora. Também registrada em filme presente na mostra, Peça Corte (1965), que traz a icônica performance da artista realizada no Carnegie Hall, em Nova York (1964), na qual o público pôde cortar um pedaço de sua roupa e levar consigo. AGENDE-SE Mostra: O Céu Ainda É Azul, Você Sabe... - Yoko Ono Quando: Até 28/5, de terça a domingo, das 11h às 20h Onde: Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima 201, Complexo Aché Cultural, entrada pela Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo, fone: 11 2245-1900) Quanto: R$ 12,00; às terças-feiras, entrada gratuita (mediante retirada de senhas na bilheteria do Instituto Tomie Ohtake; crianças até 10 anos, cadeirantes e deficientes físicos têm entrada franca todos os dias da exposição) Obs: Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 - amarela