Quando o Brasil foi confirmado para sediar a Copa do Mundo de Futebol em 2014, criou-se uma aura de regozijo, o que seria de se esperar de uma nação altamente envolvida com o esporte, que tem uma torcida apaixonada mesmo diante dos percalços enfrentados pelos clubes brasileiros. A realização de um dos maiores eventos do mundo foi visto por muitos como um prêmio conquistado e uma oportunidade de ressurgir no cenário esportivo como um país forte e capaz de projetar seus atletas internacionalmente.
Ao mesmo tempo, pairou uma séria preocupação sobre a capacidade de organizar um campeonato com esta dimensão de importância e visibilidade. Logo vieram à tona as experiências amargas com superfaturamento de obras, dificuldade de cumprimento de prazos, decisões atropeladas e a típica desorganização de quem sempre espera que, nos últimos instantes, tudo dará certo como que por encanto.
Nesta semana, com os preparativos para o amistoso entre a Seleção Brasileira e da Inglaterra no domingo (2), um novo vexame ganhou as páginas dos jornais em todo o mundo. A Justiça brasileira proibiu a realização da partida no novo estádio do Maracanã, com uma juíza do Rio de Janeiro alegando falta de laudo de vistoria de engenharia, de prevenção e combate de incêndio, de condições sanitárias e de higiene. No mesmo dia, o estádio foi liberado ao público, atendendo a um recurso impetrado pelo governo do Estado.
O embate com o Judiciário provocou reações de incredulidade na imprensa estrangeira, especialmente a inglesa, demonstrando estranhamento com a rapidez das decisões e a confusão estabelecida. Os tabloides ingleses ironizaram a desorganização brasileira e colocaram em dúvida a capacidade de realizar uma Copa com essa estrutura.
Independentemente da repercussão deste fato localizado, o que se tem é um quadro de desorganização que se mostra por todos os lados. O próprio Maracanã deveria estar pronto em dezembro do ano passado e agora é finalizado às vésperas de sua inauguração. Assim tem sido com os novos estádios, cercados de denúncias de superfaturamento, defeitos estruturais, falta de acabamento. Tudo seguido das desculpas de praxe e promessas de que, ao final, tudo estará pronto para a Copa das Confederações que ocorre a partir de 15 de junho.
Desta feita, dada a proximidade do evento e, conhecendo o estilo brasileiro de conduzir obras com o envolvimento do setor público, resta aos brasileiros apenas torcer para não dar nenhum vexame dentro e fora dos campos.