CULTURA

Inspiração Celeste

Documentário ‘Sob o céu que nos inspira’ resgata a contribuição científica do primeiro Observatório Municipal do Brasil, instalado em Campinas há 47 anos

Cibele Vieira/cadernoc@rac.com.br
06/11/2024 às 14:37.
Atualizado em 06/11/2024 às 14:38
Equipe de produção, liderada pelo jornalista Marcos Rogatto e o filósofo Frederick Montero, grava cenas e entrevista para o documentário (Alessandro Torres)

Equipe de produção, liderada pelo jornalista Marcos Rogatto e o filósofo Frederick Montero, grava cenas e entrevista para o documentário (Alessandro Torres)

O legado do Observatório Municipal Jean Nicolini (OJN), também conhecido como Observatório de Capricórnio em Campinas, é o foco do documentário “Sob o céu que nos inspira”. O curta-metragem, com 15 minutos de duração, resgata a contribuição científica e educacional desse que é o primeiro observatório municipal do Brasil, inaugurado em 1977 e que já recebeu mais de 1 milhão de visitantes. O lançamento em Campinas acontece amanhã (dia 7), às 18h30, no auditório da Casa do Lago Unicamp, seguido de bate-papo com os produtores e o astrônomo amador voluntário Deivis Scherma, e uma breve experiência de observação por meio de um telescópio instalado na área externa. 

Com direção e roteiro do jornalista Marcos Rogatto e assistência de direção, edição e concepção visual do filósofo Frederick Montero, o inédito projeto destaca as diversas dimensões do trabalho realizado no Observatório, tanto em termos científicos e tecnológicos, como também ambientais, culturais e históricos, com depoimentos de alguns dos frequentadores e protagonistas dessa trajetória. O trabalho uniu as produtoras Vista Filmes e D1 Tempo Filmes e foi realizado por meio de uma das modalidades do edital da Lei Paulo Gustavo 2023, via Prefeitura de Campinas. 

Uma segunda exibição está prevista para o dia 18 de dezembro, às 19h30, na sala Glauber Rocha do MIS-Campinas. O diretor Marcos Rogatto explica a motivação para essa produção: “o Observatório tem quase cinco décadas de contribuição científica e esse legado precisava ser revelado para um público maior. Com o falecimento do astrônomo Júlio Lobo – em maio deste ano –, o documentário também acabou reiterando a importância de seu trabalho”, afirma. O astrônomo Júlio Lobo atuou como pesquisador-chefe e trabalhou no Observatório por 40 anos. Ele comentava que, entre os visitantes, “grande parte nunca tinha visto o céu, seus astros e estrelas, através de um telescópio”. 

O filósofo e assistente de direção Frederick Montero revela que a produção do documentário foi seu primeiro contato com o Observatório Jean Nicolini. “Mas desde o início, me apaixonei pelo tema, principalmente porque minha família tem ligação com o lugar: meu irmão é professor de Física pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e, quando ainda estudante, costumava frequentar as dependências do Observatório. Para além do aspecto científico que o tema evoca, o que mais me fascinou foi a profundidade humana por trás da história daquele espaço”, conta. 

Conforme as filmagens se desenrolavam, Montero foi descobrindo que “qualquer espaço museológico, como o próprio Observatório, é feito muito mais do que de seus prédios, equipamentos e obras. Esses lugares são feitos das histórias das pessoas que por ali passaram e contribuíram para construí-los ou mantê-los de pé”. Para ele, o Observatório Jean Nicolini não foge a essa regra “e depende muito da contribuição de diversos astrônomos, profissionais ou amadores, ao longo de várias décadas, e mais do que nunca precisa que as pessoas voltem a se engajar na sua manutenção”. 

PESSOAS POR TRÁS DO TELESCÓPIO 

Pelo depoimento dos astrônomos que participaram das gravações, “fica evidente que o impacto no visitante que vai até lá observar o céu é sempre surpreendente”. As entrevistas destacam a importância do Observatório Jean Nicolini (OJN) no pioneirismo das ações educativas, na difusão científica e no estímulo à curiosidade sobre o mundo e seus fenômenos. 

“Esse trabalho é fundamental para os brasileiros entenderem a importância da ciência e do conhecimento científico como patrimônio”, comentam os produtores.

Para contar essa história, a produção reuniu depoimentos de Alexander Montero Cunha (professor de Física da UFRGS), Deivis Scherma (astrônomo amador), Luiz Felippe Whonrath Miranda (técnico em astronomia do OJN), Pedro Henrique Aguilera Lobo (filho do Júlio Lobo), Rosa Dalila Puntigam Travnik (esposa de um dos fundadores, Nelson Travnik), Rubens Mathias Azevedo (técnico em Astronomia do OJN), Suzana Barretto Ribeiro (historiadora) e Walter José Maluf (ex-funcionário). 

LOCAL ESTRATÉGICO 

O Observatório Municipal fica na região do Pico das Cabras, no distrito campineiro de Joaquim Egídio. É um local histórico para a cultura cafeeira e a imigração italiana e, por manter suas características rurais e propiciar a escuridão necessária para avistar o céu, foi escolhido para a montagem do Observatório nos anos 1970. Entretanto, com a expansão imobiliária altamente valorizada na região, atualmente a iluminação dos muitos condomínios no entorno chega a prejudicar a observação dos astros em alguns momentos. 

O local foi inaugurado com o nome de “Estação Astronômica Municipal de Campinas”, por meio de um convênio entre a Prefeitura e a Sociedade Civil Observatório de Capricórnio, fundada em 1948, em São Paulo, pelo astrônomo autodidata Jean Nicolini (1922-1991). Em 1975, ele iniciou conversações com a Prefeitura de Campinas para a instalação do Observatório no município e, durante a gestão do prefeito Lauro Péricles – também astrônomo amador –, ocorreu a desapropriação de área da Fazenda São Pedro, da Companhia Borghi Agrícola. 

Após a morte de Nicolini, seu nome foi incorporado como forma de homenagem. Nas últimas décadas, o Observatório Municipal Jean Nicolini esteve sob a gestão de Júlio Lobo, no âmbito da Secretaria Municipal de Cultura. Em 1994, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas, confirmando a vocação da cidade no desenvolvimento científico e tecnológico. Entretanto, embora mantenha os programas de educação e visitação, a pesquisa científica está desativada.

PROGRAME-SE 

Exibição do documentário ‘Sob o céu que nos inspira’ 

✔ Quando: Amanhã (dia 7), às 18h30 

Onde: Auditório da Casa do Lago – Av. Érico Veríssimo, 1.011, Cidade Universitária (Unicamp) 

Entrada Gratuita 

Informações: (19) 3521-1708 

✔ Quando: Dia 18 de dezembro, às 19h30 

Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS-Campinas) – Rua Regente Feijó, 859, Centro 

Entrada Gratuita

Informações: (19) 3733-8800 

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