CULTURA

Hercule Florence ganha espaço no MIS

O inventor francês que criou o primeiro processo de impressão fotográfica enquanto morava em Campinas, em 1833, tem sua história contada em uma sala de exposição permanente

Cibele Vieira/cadernoc@rac.com.br
22/05/2024 às 16:38.
Atualizado em 22/05/2024 às 16:38
Sala Hercule Florence no MIS (Tatiana Ribeiro)

Sala Hercule Florence no MIS (Tatiana Ribeiro)

A dívida de Campinas com Hercule Florence era histórica. Ele morou na cidade entre os anos de 1830 e 1879, quando desenvolveu o processo que o colocou como um dos precursores da fotografia no mundo e o principal no Brasil. “Com a criação desta sala, colocamos Florence em seu devido lugar, para que sua história seja divulgada, reconhecida e valorizada, preservando seu legado”, diz o fotógrafo Ricardo Lima, um dos criadores do “Festival Hercule Florence” em Campinas e um dos autores do projeto que conquistou verbas do ProAC para a montagem da sala dentro do Museu da Imagem e do Som (MIS).

Até meados de julho, um projeto educativo receberá estudantes de escolas locais na sala, onde poderão conhecer a história da fotografia e de Antoine Hercule Romual Florence (mais conhecido como Hercule Florence), que foi desenhista, pintor, tipógrafo, litógrafo, fotógrafo, professor e inventor. Seu trineto, o campineiro Eduardo Florence, considera que a sala inaugurada no dia 18 de maio “foi um presente para Campinas e corrige sua dívida com esse importante personagem ao acolher sua expografia de maneira permanente, justo no ano em que são celebrados os 220 anos de seu nascimento”.

A Sala Hercule Florence está localizada no 2º andar do MIS-Campinas, onde exibe de um lado a linha do tempo da fotografia e, de outro, a linha do tempo de seu precursor. Entre os objetos expostos há imagens das primeiras câmeras idealizadas por ele, equipamentos construídos a partir de suas pesquisas, um totem interativo com sua história e QR Codes que conduzem a mais detalhes no site.

“Esse trabalho situa Florence na história da fotografia e também detalha seus inventos, não apenas na área da fotografia, mas também na zoofonia e poligrafia, entre vários outros”, explica Lima. Entre as curiosidades expostas, estão partituras feitas por Florence a partir do canto dos pássaros e que permitem a leitura musical por qualquer pessoa. E, também, imagem dos primeiros rótulos fotografados que ele conseguiu imprimir. O ambiente é dotado de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, como piso tátil e áudio descrição.

CAMINHADA ESPECIAL 

No último domingo, dia 19, foi realizada uma edição especial da 24ª Caminhada Fotográfica Hercule Florence. O grupo foi conduzido pelo fotografo Ricardo Lima e o historiador Sidney Lisboa Rocha, que percorreram locais históricos no Centro da cidade – como os prédios dos Correios, da Casa de Saude, a Praça Carlos Gomes, Igreja do Rosario e o MIS. Segundo o criador da caminhada, o fotógrafo Carlos Rincon, “neste ano, as fotografias produzidas foram mais cuidadosas e pensadas” e serão expostas na página do Wikimedia, que apoiou o evento.

O fotógrafo do Correio Popular, Kamá Ribeiro, participou da caminhada, após alguns anos de ausência, e ficou impressionado com a quantidade de pessoas e a organização. “Crianças, gente jovem, gente mais madura, alguns com câmeras e outros só com celulares, mas todos emprenhados em captar a melhor imagem. Por onde o grupo passou, chamou a atenção das pessoas, que a todo instante perguntavam do que se tratava. Foi um evento sensacional”, comentou Kamá.

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