Celly Campello, ícone dos anos 1960, que recebeu o apelido de Rainha do Rock, morreu em Campinas em 2003 (Divulgação)
"Hei, hei, é o fim. Oh! Oh! Cupido, vá longe de mim!". Dificilmente o trecho anterior vem à nossa mente sem ser pela voz inconfundível de Celly Campello. A cantora ícone dos anos 1960 não recebeu o apelido de Rainha do Rock à toa: os sucessos "Estúpido Cupido", "Banho de Lua" e "Biquini de Bolinha Amarelinha" explodiram em popularidade e ajudaram a consolidar o estilo musical que dava às caras em solo brasileiro. É a história desse fenômeno, a jovem e talentosa garota de Taubaté, que o filme "Um Broto Legal" se propõe a contar.
O filme nacional estreia nos cinemas em 16 de junho e acompanha o início da carreira de Celly (interpretada pela carismática Marianna Alexandre) dentro da música, sua vida antes da fama, as primeiras gravações na Odeon ao lado do irmão Tony Campello (vivido por Murilo Armacollo) e o sucesso estrondoso. "No filme, o nosso objetivo é mostrar a importância da Celly na criação da música jovem no Brasil dos anos 1960, o rock n' roll chegando no país. Ela dá cara para esse movimento", conta o diretor Luiz Alberto Pereira, responsável também por co-roteirizar o longa-metragem.
O tom musical do filme é o grande chamariz, segundo o diretor. A produção, cujo título já carrega um dos sucessos de Celly, explora cada uma das canções mais famosas de Celly em longas tomadas que valorizam suas letras e melodias, marcando os momentos de carreira. A vida pessoal da artista também é abordada. Ela vivia em um dilema, pois a paixão pela música a levava para perto dos shows, dos programas de TV e do assédio dos fãs, mas para longe do namorado e da vida pacata em família que ela desejava.
"Eu acho que o filme deve levar para os cinemas muitas pessoas que viveram naquela época, do fim dos anos 1950 e começo dos 1960, mas também as pessoas jovens que a conhecem por ouvir 'Estúpido Cupido' ou 'Biquini de Bolinha Amarelinha'". Luiz chama a atenção para a importância de Celly como mulher no cenário musical da época. "Ela tinha essa determinação e uma explosão, e conseguiu furar as barreiras que existiam". A história do longa deixa claro como a artista precisou superar preconceitos contra o rock 'n roll para ganhar espaço como uma voz feminina potente no gênero.
Celly e Campinas
A história do estrelato de Celly é marcada por grandes momentos vividos em Taubaté e São Paulo, mas na vida da artista a cidade de Campinas foi muito importante. Afinal, foi aqui que ela fixou raízes com o marido, José Eduardo Gomes Chacon, e os filhos Cristiane e Eduardo, e onde viveu por mais de 20 anos. Ela dizia em entrevistas que amava o local e que não saia daqui "por nada". Foi em Campinas que ela faleceu aos 60 anos, no dia 4 de março de 2003, uma terça-feira de Carnaval, em decorrência de um câncer de mama, e foi sepultada no Cemitério Flamboyant. Em homenagem à artista, a prefeita da época, Izalene Tiene, batizou com o nome da cantora uma praça que fica entre a Avenida Nossa Senhora de Fátima, a Rua São Salvador e a Rua Azarias de Melo, no Jardim Bela Vista, nas imediações da Lagoa do Taquaral.
Sobre não ter contado a história de Celly em Campinas ou citado a cidade, o cineasta explica que, se fosse o caso, este seria um outro filme. "O recorte de 'Um Broto Legal' tinha que ser esse dos anos dourados dela como artista, quando ela fez sucesso com músicas como 'Estúpido Cupido' e 'Banho de Lua'. Se eu contasse o que aconteceu depois de ela se aposentar, seria uma outra história, pois era uma outra vida", ressalta.
Luiz acredita que esta história de vida poderia dar uma boa série de TV, com um tempo mais alongado, mas não um filme. No entanto, o cineasta garante que a produção tem exibição confirmada em Campinas e que o público da cidade poderá assisti-la na data de estreia nacional. A rede Kinoplex já assegurou que o longa chega por aqui no dia 16. A expectativa já é enorme!