A peça da Anímica Companhia Teatral propõe uma reflexão sobre a atualidade com um olhar para o futuro
Integrantes da Anímica Companhia Teatral: espetáculo reflexivo (Divulgação)
As cenas misturam momentos cômicos com outros densos e reflexivos, mas a vontade dos atores é que, ao final da apresentação, o público saia imaginando outros tipos de futuro possíveis, refletindo sobre o momento atual. Essa é a proposta da peça "Se morri já não me lembro: um ensaio para recriar o mundo", primeira montagem da Anímica Companhia Teatral formada por artistas de Campinas e São Paulo. As apresentações nesta sexta, sábado e domingo, serão no Útero de Vênus, espaço cênico localizado no distrito de Barão Geraldo.
A peça se constrói a partir da relação de duas irmãs - suas memórias, afetos, dores e silêncios - e serve como um espelho para questões atuais nos campos social e político. Como últimas sobreviventes de tempos apocalípticos, as duas lidam com suas vidas (e mortes). "A peça tem um caráter existencialista, então é sobre como as situações que a gente passa na vida e que nos fazem 'morrer' e 'renascer' a partir disso", explica Sofia Fransolin, membro da Anímica e dramaturga da peça.
O diretor Cássio Prado comenta que "ao conceber a direção do espetáculo, me veio a pergunta: e se, quando morrer, você tivesse a chance de recriar o mundo - ou pelo menos a sua história - como um feedback para Deus?". Junto com os atores, ele criou momentos de riso e sensibilidade através de cenas do presente adulto e flashbacks que levam para a memória afetiva da infância e aos momentos desafiadores da adolescência.
A atmosfera 'pós-apocalíptica' do espetáculo tem relação com o momento em que foi concebido: o período mais crítico da pandemia. Foi nesta fase, entre 2020 e 2021, que os integrantes do grupo (Sofia Fransolin, Cássio Prado, Giovanna Borges, Stephanie Degreas e Karen Mezza) se conheceram e se inspiraram. "Essa sensação de que o mundo acabaria a qualquer momento influenciou o processo de pesquisa para construção da dramaturgia', conta Cássio.
O ponto de encontro entre os artistas foi o gosto pela técnica de teatro Michael Chekhov, que utiliza ferramentas para compor a montagem cênica de forma livre e poética. Os primeiros ensaios aconteceram virtualmente e somente quando os encontros presenciais retornaram é que nasceu a Anímica Companhia Teatral. A escolha do espaço Útero de Vênus para a estreia "tem tudo a ver com a peça porque é um lugar gostoso e intimista, que nos leva a ter uma conexão bem direta com o público", justifica Sofia.
PROGRAME-SE
Peça "Se Morri Já não me Lembro: Um Ensaio para Recriar o Mundo"
Quando: sexta (29) e sábado (30), às 20h, e domingo (31), às 19h
Onde: Útero de Vênus - Rua Edna de Barros Sanchez, 79, Barão Geraldo
Ingressos: R$ 10,00 (antecipado) ou R$ 15,00 (na portaria)
Instagram: @animicaciateatral