Professor Eduardo Barbosa explicou que Clarice Lispector tem um estilo literário “que trabalha com o simbólico, a introspecção, fazendo com que as sensações internas prevaleçam sobre a realidade exterior” (Kamá Ribeiro)
Muita gente lê os contos ou romances de Clarice Lispector e fica com a sensação de não ter entendido as sutilezas da autora. O professor e pesquisador Eduardo Barbosa, mediador de encontros literários, explica que a autora tem um estilo literário “que trabalha com o simbólico, a introspecção e os aspectos psicológicos, fazendo com que as sensações internas prevaleçam sobre a realidade exterior”. Ele comandou um estudo literário sobre Lispector na quarta-feira (6) no auditório do Correio Popular, onde usou o conto “A Repartição dos Pães” para mostrar como entender melhor sua obra, “enxergando o que está por trás do que ela conta”.
O encontro começou com uma breve explanação sobre o contexto do modernismo em que a Clarice Lispector escreveu, destacou as principais obras da escritora e seu estilo, abrindo espaço para que os participantes relatassem experiências e percepções pessoais em relação a leitura de seus textos. Nessa conversa, Eduardo acrescentou elementos e ferramentas para a compreensão mais aprofundada, “o que vai facilitar a leitura de toda obra de Clarice”, explica. O curto conto escolhido para o encontro integra o livro “A Legião Estrangeira” e mostra pessoas que se reúnem diante de uma mesa e retrata vários temas, como a comunhão e relações interpessoais, conta o professor.
Ele ressaltou, ao final do encontro, que “a ideia não foi analisar um texto, mas compartilhar percepções para construir uma leitura coletiva, com perspectivas múltiplas a partir de experiências pessoais”. Esse objetivo foi alcançado pela cantora lírica Vera Pessagno, que participou do evento. “Foi bem diferente do que eu imaginava, como uma dinâmica de grupo com psicodrama e o aguçamento dos sentidos na leitura e escrita”, salienta. Para a escritora e historiadora Ana Maria Melo Negrão, vice-presidente da Academia Campinense de Letras e fã de Clarice Lispector, “o professor foge do lugar comum, permitindo que as pessoas entendam o que está introjetado no texto, ao mesmo tempo que cria conexões com o que está no interior de cada participante”.
Embora nascida na Ucrânia, a escritora veio ainda bebê para o Brasil e sempre se considerou brasileira. Seu primeiro romance “Perto do Coração Selvagem” já tinha uma característica revolucionária por ser muito diferente da literatura produzida na época. Casada com um diplomata, viveu muitos anos no exterior e voltou para o Brasil aos 57 anos de idade (1977). Deixou uma vasta obra literária composta por romances, novelas, contos, crônicas e literatura infantil, com muitas traduções no exterior, sendo considerada uma das principais escritoras do Brasil. Ela trabalhava com vários recursos, como o monólogo interior e a epifania, que são característicos de seus textos, afirma o professor Eduardo.
Eventos no Correio Popular
Este foi apenas um dos eventos que o Correio Popular vem promovendo em sua sede e pretende intensificar, anuncia a diretora de Marketing Aline Rodrigues. “Agradeço às pessoas que compareceram e ao professor pela mentoria e mediação. A tarde foi um sucesso e já foram indicados novos textos para os próximos encontros literários”. Ainda em dezembro, no próximo sábado, dia 9, o coral da Basílica N. S. do Carmo faz um ensaio aberto e gratuito no salão de eventos do jornal, das 9 às 13h. No mesmo período, será realizada uma atividade de pintura em guache para crianças, também gratuita, na forma de confraternização familiar.
Para 2024, ela anuncia o programa “Férias no Correio” em janeiro, mês em que as crianças terão um dia como aprendizes de jornalismo (participando de uma oficina onde poderão criar uma capa de jornal), uma tarde de atividades artísticas e outra de contação de histórias. Para os adultos, já está sendo programada uma data para um novo encontro literário em janeiro. “Nossos planos para 2024 envolvem eventos culturais, acadêmicos e corporativos e, em breve, gastronômicos e esportivos, ocupando os espaços interessantes que a sede do jornal Correio Popular tem disponíveis, como o auditório e o salão para lançamentos, palestras, apresentações culturais e outras vivências com a população, inclusive com uma sala para coworking (espaço para trabalho compartilhado)”, comenta Aline.
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