SINCRETISMO

Diogo Nazareth lança seu primeiro álbum solo

O músico une ritmos rituais afro-brasileiros à harmonia do choro e beats do hip-hop no CD 'Cultura de Existência'

Delma Medeiros
delma@rac.com.br
06/11/2018 às 18:36.
Atualizado em 05/04/2022 às 21:33

Um caldeirão sonoro que mistura toques rituais da Umbanda e do Candomblé ressignificados com ritmos brasileiros como choro, samba, hip-hop, é a principal característica do CD 'Cultura de Existência', primeiro álbum solo do músico Diogo Nazareth. O músico faz dois shows em Campinas em novembro, para marcar o pré-lançamento do disco nas plataformas digitais: amanhã no Sesi Amoreiras e dia 15, na Estação Cultura prefeito Antonio da Costa Santos, este como parte da programação oficial da Prefeitura pelo mês da Consciência Negra.  Formado em Piano Popular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2014, o músico de 30 anos apresenta um trabalho autoral composto de 12 faixas, unindo toques do ritual da nação Ketu, que envolvem atabaques e agogôs, com as técnicas de composição europeias. “Sendo ogã de terreiro (coordenador dos tambores rituais) e tendo uma família de santo em Juazeiro, na Bahia, percebi os signos sonoros rituais e tive permissão para trazer esses ritmos à música popular 'profana' “, explica. Ele cita a formação do samba brasileiro, resultado da linguagem percussiva afro com as polcas e rondós vindos da Europa. “Esses ritmos rituais têm potencial de criação tão rico quanto o samba, mas são pouco aproveitados por arranjadores. Essa é a nossa aposta. O samba pode ser identificado quando tocado no violão, sem necessidade de pandeiro. O mesmo acontece com os ritmos rituais”, coloca o músico. “Na prática, no disco, fundimos o sotaque do aguerê, alujá, ijexá, o ilú de Inhansã, com a formação típica do regional de choro - violão de sete e seis cordas, cavaco e/ou bandolim, instrumentos harmônico-melódicos que abrem as possibilidades do emprego de técnicas eruditas de composição para o tratamento desses ritmos desconhecidos do grande público.” A junção desses universos constitui o centro estético do disco, complementado por linhas em naipe de sopros e participações de viola caipira. Nazareth ressalta, no entanto, que o disco não é apenas de música de terreiro. “Defino como um disco de canções, de gênero afro-brasileiro. Não se trata de um disco só de orixás, ele extrapola para ritmos populares.” Aliás, Nazareth tem um projeto de mestrado – em busca ainda de um orientador – sobre a ressignificação do ambiente sonoro. “Quando você leva o ritmo do terreiro para a rua, dá novo significado a ele”, diz. A produção é parceria de Nazareth com Eduardo Balbino, o Dj Duh (que trabalha com nomes como Emicida, Vanessa da Matta e Gabi Amarantos), que deu o tratamento comercial e urbano ao álbum. As faixas de 'Cultura de Existência' seguem o formato tradicional das cantigas, ladainhas, pontos de Umbanda e Jongo e dos jogos de roda, de pergunta e resposta, em que o “puxador” canta o verso e o coro retorna em uníssono. “Esse formato anda lado a lado com manifestações populares de matriz africana, então esse joguete é o que procuramos emular.” No disco e no show, Nazareth é acompanhado por uma banda de nove músicos: Eduardo Pereira no cavaco, violão e bandolim; Matheus Crippa no violão de sete cordas e viola caipira e Nazareth no violão de sete cordas; Cris Monteiro, Adriel Job e Bruno Sotil na percussão; Edmar Pereira e Fernando Goldenberg nos metais; e Graciela Soares e Yandara Pimentel, nos backing vocals. O disco foi beneficiado pelo ProAC do governo do Estado e tem apoio do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC). O álbum físico deve sair em dezembro. AGENDE-SE O quê: lançamento do álbum 'Cultura de Existência', de Diogo Nazareth * Quando: nesta quinta-feira (8), às 20h Onde: Teatro do Sesi Amoreiras (Av. das Amoreiras, 450, Parque Itália. Entrada pela Rua Francisco de Assis Iglesias s/n, Campinas) Quando: dia 15/11, às 17h, na Estação Cultura (Pç Mal. Florino Peixoto, s/nº, Centro. Estacionamento gratuito com acesso pela Rua Francisco Teodoro, 1.050, Vila Industrial) Quanto: Entrada franca  

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