Marina é filha e neta de exilados cubanos da Revolução de 1959 (Divulgação)
A cantora Marina de la Riva, brasileira descendente de cubanos, foi confirmada pela Secretaria de Estado da Cultura na Virada Cultural Paulista de Campinas. No domingo (26), às 14h30, a carioca sobe ao palco para apresentar seu segundo CD, Idilio, que aponta um romantismo, às vezes até bucólico, da artista. Vale dizer que esse trabalho foi mostrado em primeira-mão ao público campineiro há cerca de um ano, previamente ao lançamento oficial em São Paulo.
Marina é filha e neta de exilados cubanos da Revolução de 1959. Como ela mesma diz, teve em sua casa a música como “uma placenta que transferia alimento intelectual e emocional; uma forma de estancar uma dor”. Seu pai, ainda na ilha, mostrava grande apreço pela música brasileira (em especial, pela cantora Maysa), embora gostasse mesmo de cantar árias de ópera, operetas e canções tradicionais de sua terra natal. Já a mãe, natural de Araguari (MG), era apaixonada por MPB e bossa nova, tornando comum nas reuniões familiares ouvir Tom Jobim, Cartola e Maria Bethânia, entre outros.
Para a cantora, as partes rítmicas da música brasileira e cubana são diferentes, porém afins. “Não se complementam, mas existem subgrupos que se encontram como o cancioneiro. Nunca houve essa divisão dentro de mim, pois o ambiente em que vivia o alterava. Internamente, eu transformo, por exemplo, o bolero em samba.”
A canção-título, composta por Titi Amadeo, sintetiza um pouco disso. “Refere-se a uma forma literária de poema lírico, de tema bucólico de natureza descritiva, dramática, épica ou lírica.” Idilio e outras seis canções têm letras em espanhol, configurando 50% do repertório. “O espanhol é como uma memória afetiva de meu baú de lembranças.”
Alimentando suas influência ecléticas, Marina se exercita ouvindo de erudito ao rock’n’roll pesado. Apesar de ser seu segundo trabalho, mostrou-se madura na escolha do repertório ao buscar uma geração de compositores cubanos ou hispano-americanos nascida nas primeiras décadas do século 20 e que ajudou a lançar o bolero e a salsa. É o caso de Vicentico Valdés (1925-1995), dono de 'Añora do Encuentro', que contou com a participação especialíssima do trombonista Raul de Souza. De Frank Domínguez, de 85 anos, trouxe o belíssimo 'Tu Me Acostumbraste', de 1957, e da rainha da salsa, Celia Cruz (1925-2003), a faixa 'Dile Que Por Mi No Tema'.
No repertório brasileiro estão as canções 'Estúpido Cupido' (versão de Celly Campello para a composição de Neil Sedaka), transformada em um mambo, e uma brincadeira rítmica com Propriedade Particular, de Lulu Santos.