Seleção de obras da mostra que aconteceu na capital paulista no ano passado poderá ser vista no Galpão do Sesc Campinas, a partir de quarta-feira (27)
Tela da série “A Guerra dos Kanaimés”, do artista indígena Jaider Esbell: um dos destaques da mostra que será aberta no Sesc Campinas (Marcelo Camacho)
Chega a Campinas nesta semana um recorte do que foi exibido na 34ª Bienal de São Paulo, promovida entre setembro e dezembro do ano passado na capital paulista, tendo o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, como o principal endereço. A edição marcou os 70 anos da mais importante exposição de artes visuais da América Latina.
Agora, o Galpão Multiuso do Sesc Campinas recebe a mostra "Itinerância da 34ª Bienal de São Paulo - Faz Escuro mas Eu Canto" com grande expectativa de público. A abertura oficial será na terça-feira, 26, às 19h30, e a partir de 27 de abril até 31 de julho será possível visitá-la gratuitamente de terça a domingo.
Estarão expostas mais de 50 obras de 12 artistas, sendo três deles brasileiros: Alice Shintani, Gustavo Caboco e Jaider Esbell. Colômbia, Equador, Dinamarca, Noruega, Chile, Vietnã e Martinica são os demais países representados.
Além das telas, há esculturas e vídeos, tudo selecionado pela equipe curatorial da Bienal para o contexto de Campinas. Há ainda enunciados que visam convidar os visitantes a pensarem a respeito de assuntos como colonização, racismo e questões indígenas.
O tema do enunciado de Campinas é "Cantos Tikm?'?n". Os tikm?'?n, também conhecidos como maxakali, são um povo indígena originário de uma região localizada entre Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo que, após episódios de violência e abusos, foram forçados a abandonar suas terras ancestrais. A exposição concebida ao redor deste enunciado traz à tona o poder do canto, tanto no sentido literal, quanto metafórico, e o exemplo dos tikm?'?n como comunidade.
O trabalho do artista e produtor cultural indígena Jaider Esbell, da etnia Makuxi, que teve grande repercussão na Bienal de São Paulo, será um dos destaques da mostra em Campinas. O também ativista, que faleceu aos 42 anos, em novembro passado, era considerado um pensador contemporâneo e importante defensor da cultura indígena no Brasil e no mundo.
Segundo Thiago Aoki, técnico de programação do Sesc Campinas, as obras de Jaider reforçam o objetivo da exposição de discutir importantes questões contemporâneas. "O tema 'Faz Escuro mas eu Canto’, uma referência a um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, que nos deixou em janeiro, traz um pouco do contexto geral da mostra, reforçando que em momentos críticos e de contestações, a arte tem um potencial de nos fazer refletir e enxergar diferentes pontos de vista", completa.
Para apreciar com calma todas as obras, ele recomenda reservar 1h30 para percorrer o Galpão do Sesc e ressalta também que a unidade está retomando a visitação em grupos e receberá estudantes. "No entanto, quem vier sozinho ou acompanhado de amigos ou familiares pode receber indicações e orientações dos educadores", diz.
Para visitar "Itinerância da 34ª Bienal de São Paulo - Faz Escuro mas Eu Canto", não é preciso agendamento. A mostra é aberta para todas as idades e o uso da máscara é recomendado. Para acesso ao Sesc, é obrigatória a apresentação do comprovante de vacina contra a covid-19. Lá dentro, é só mergulhar no universo das artes visuais. E se uma visita não for suficiente, há motivos de sobra para voltar uma ou mais vezes.
Artistas com obras expostas no Sesc Campinas
✔ Abel Rodríguez (Colômbia)
✔ Adrián Balseca (Equador)
✔ Alice Shintani (Brasil)
✔ E.B. Itso (Dinamarca)
✔ Frida Orupabo (Noruega)
✔ Gala Porras-Kim (Colômbia)
✔ Gustavo Caboco (Brasil)
✔ Hanni Kamaly (Noruega)
✔ Jaider Esbell (Brasil)
✔ Sebastián Calfuqueo (Chile)
✔ Sung Tieu (Vietnã)
✔ Victor Anicet (Martinica)
PROGRAME-SE
Exposição Itinerância da 34ª Bienal de São Paulo - Faz Escuro mas eu Canto Quando: de 27 de abril a 31 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Onde: Galpão Multiuso do Sesc Campinas - Rua Dom José I, 270/333 - Bonfim
Entrada gratuita