Obra de Tarsila do Amaral (Romulo Fialdini)
O ponto de referência do cenário artístico paulistano na primeira metade do século XX era a Galeria Domus, criada um ano antes do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Teve vida breve, de apenas cinco anos (1947-1951), mas nesse período exerceu o importante papel de consolidação da cultura modernista brasileira. A retrospectiva das exposições ocorridas na Domus poderá ser visitada gratuitamente em Campinas a partir de amanhã, na galeria do Instituto CPFL, que manterá até 10 de dezembro a mostra intitulada "Arte Moderna na Metrópole: 1947-1951 - Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo".
O Brasil passava pelo processo de redemocratização e nova constituição depois de 15 anos de governo de Getúlio Vargas, e São Paulo se consolidava na condição de metrópole com dois milhões de habitantes - ambiente propício para o surgimento de polos culturais. Em 1947, nascia a Galeria Domus, espaço fundado pelo casal de imigrantes italianos Anna Maria Fiocca (1913- 1994) e Pasquale Fiocca (1914 -1994), cuja atuação contribuiu para impulsionar o mercado de arte moderna daquela época.
"Durante os cincos anos de funcionamento da galeria, o movimento artístico ganhou novas instâncias com a instalação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), dos Museus de Arte Moderna (MAM) no Rio e em São Paulo, da Bienal e dos Salões Paulista e Nacional de Arte Moderna. O panorama se diversificou com novas tendências. Esse dinamismo, que elevava alguns artistas da Domus para um nicho histórico, conduzia outros para o foco de debates", explica o curador José Armando Pereira da Silva.
Um olhar reflexivo ao passado
O espírito moderno que predominava na década de 1940 foi decisivo para a fundação do MAM e, agora, por meio desta parceria com o Instituto CPFL. “Lançamos um olhar ao passado para refletir acerca da função dos museus e das instituições artísticas na atualidade", afirma Elizabeth Machado, presidente do MAM São Paulo. Para ampliar a experiência da exposição, serão realizadas também atividades abertas ao público. Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo - sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos - tem uma coleção com mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira.
O curador da mostra que chega a Campinas selecionou 45 obras do acervo do MAM, assinadas por Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Clóvis Graciano, Emiliano Di Cavalcanti, Emídio de Souza, José Antônio da Silva, Lívio Abramo, Lucia Suané, Mário Zanini, Mick Carnicelli, Oswaldo Goeldi, Paulo Rossi Osir, Raphael Galvez, Rebolo Gonsales, Roger Van Rogger, Sérgio Milliet, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret. Originalmente programada para ter início em abril de 2020, a exposição foi adiada em razão da pandemia da Covid-19.
"A arte é uma ferramenta de transformação de realidades, pois resgata a nossa identidade cultural e a nossa história", diz a gerente executiva do Instituto CPFL, Daniela Pagotto. Ela explica que a nova exposição, em parceria com o MAM São Paulo, celebra o centenário do modernismo no Brasil. "Essa é uma importante programação para que a população da Região Metropolitana de Campinas (RMC) visite as obras de grandes nomes deste movimento. Também teremos uma agenda de arte e educação voltada para atender escolas e grupos de visitas guiadas", completa.
PROGRAME-SE
Mostra Arte Moderna na Metrópole: 1947-1951
Quando: de 14 de setembro a 10 de dezembro com visitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábados e feriados, das 10h às 16h
Onde: Galeria de Arte do Instituto CPFL - Rua Jorge de Figueiredo Corrêa, 1632 - Chácara Primavera
Entrada gratuita
Informações: 3756-8000, 99818-4607 (WhatsApp) ou www.institutocpfl.org.br
Obras de Mário Zanini (Romulo Fialdini)