Mães das Artes

Artistas de Campinas que fazem jornada dupla no palco e em casa

Neste domingo em que se comemora o Dia das Mães, conversamos com cinco mulheres que compartilharam seus desafios no papel de mãe

Aline Guevara
08/05/2022 às 10:30.
Atualizado em 08/05/2022 às 10:30
Naomi Silman, Ana Cristina Colla e Raquel Scotti Hirson, atrizes do coletivo Lume (Jesser de Souza)

Naomi Silman, Ana Cristina Colla e Raquel Scotti Hirson, atrizes do coletivo Lume (Jesser de Souza)

A mulher brasileira é craque no quesito jornada dupla ou até tripla. Ela trabalha fora e cuida da família, principalmente dos filhos, com muita habilidade e muitas vezes também com graça, cansaço e até lágrimas nos olhos. Com aquelas que trabalham no universo cultural, não é diferente! Conciliar a vida de ensaios, gravações, apresentações, reuniões e viagens com a maternidade não é fácil, mas é possível.

Neste domingo em que se comemora o Dia das Mães, conversamos com cinco mulheres que estão sempre nos palcos da cidade mostrando seus talentos, sem deixar de lado “as dores e alegrias” da maternidade. 

Naomi Silman, Ana Cristina Colla e Raquel Scotti Hirson, atrizes do coletivo Lume

As histórias de Naomi, Ana Cristina e Raquel estão profundamente interligadas. As três, que trabalham juntas como atrizes no coletivo Lume há mais de 25 anos, têm a mesma idade e, incrivelmente, essa diferença de meses se repetiu no nascimento das três filhas primogênitas das atrizes: Noa, Manuela e Teresa, que hoje têm entre 15 e 14 anos. Ana Cristina foi a primeira a demonstrar o desejo de engravidar. “O fazer teatro era o centro dos nossos desejos, paixão que temos até hoje. Mas é um trabalho que consome, a nossa vida fica em função daquilo, sem hora para acabar. e sempre havia um novo projeto, uma nova viagem, uma nova peça para fazer. Até que eu decidi, com 35 anos, que já era a hora de eu ter um filho”, conta Ana. Elas, que se consideram irmãs e já dividiam o fazer artístico, então começaram a compartilhar esse desejo e, eventualmente, também a rotina de grávidas. O apoio mútuo na transição foi fundamental. “Eu me perguntava como continuaria tendo a minha vida de artista se tivesse um filho, então me senti mais segura seguindo esse instinto ao lado da Cris”, lembra Naomi, que explica como a gravidez do trio também provocou mudanças gradativas no Lume para lidar com a nova realidade de uma forma mais saudável e viabilizar os trabalhos do Núcleo. As três lembram que a cobrança que elas mesmas se impunham para dar conta do trabalho e da maternidade foi pesada. “Eu não queria estar fora das viagens e dos espetáculos porque era mãe. Queria os dois”, lembra Ana Cristina, que chegou a dar um curso com a filha no colo. “Esse diálogo que existia entre nós nos deu força para continuar trabalhando e tendo os nossos desejos individuais. Nós compartilhávamos também o que vivíamos como mães”, conta Raquel. E se a vida das atrizes é entrelaçada, assim também é a das três garotas. “A nossa vida artística fez parte do imaginário das nossas filhas, que têm um vínculo muito forte, elas cresceram com tudo isso”, cita Naomi, ao reforçar que ainda que nenhuma das adolescentes tenha uma inclinação para o teatro, todas são ligadas à arte e à humanidade e diversidade trazidas por ela.

Letícia Dias Vedovato, dançarina

Depois do nascimento da filha Yumi, a dançarina Letícia Vedovato, de 28 anos, precisou conciliar a nova rotina com o emprego. Formada pelo método da Royal Academy of Dance, ela é professora de balé e apesar de amar a profissão, considerou muito difícil o momento de deixar a bebê para voltar ao trabalho. “Mas também é uma delícia poder trabalhar com algo que eu amo e conciliar com a maternidade”, revela a dançarina, que encara suas aulas quase como terapias. Para ela, no entanto, um dos maiores desafios que tem atualmente ao conciliar o lado mãe e professora é manter a energia para a filha, que tem um ano e 10 meses e ainda é bastante dependente. “Eu tenho que chegar em casa com aquele pique e disposta para brincar, cuidar. Mas é muito gratificante no final do dia receber todo aquele amor e carinho. Tudo vale a pena, inclusive o cansaço”, descreve. Assim como a mãe, Yumi, cujo dia a dia é envolto por músicas de vários estilos, também já demonstra um amor pela arte e pela dança. “Se deixarmos, ela dança e canta o dia inteiro. Gosta de me imitar e aprender movimentos novos”, compartilha a dançarina.

Joe Welch, cantora

“Sempre foram dois grandes sonhos meus: me tornar cantora e ser mãe”, revela Joe Welch, de 46 anos, que conseguiu realizar os dois após o nascimento do filho Liam, hoje com 3 anos. Ela acredita que existe uma semelhança fundamental entre ser mãe e ser cantora: nos dois casos é preciso ter um dom. É por isso, explica, que apesar das dificuldades, consegue conciliar ambos. A cantora e compositora campineira já tinha uma carreira consolidada antes da vinda do bebê e conta que sua maior dificuldade é deixar Liam para fazer seus shows. “Como eu e meu marido não temos família próxima de nós e que poderia nos ajudar, precisamos contar com o apoio de amigos e eventualmente de babás”. Ela explica que a rede de suporte é essencial. “Uma das minhas maiores alegrias é ver que o Liam nasceu com o mesmo dom. Ele batuca a mesa, já toca um kit de percussão, quer parar diante de todo piano que vê e canta o dia todo. Ele é a essência pura da música”, revela a cantora, orgulhosa.

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