Em 2022, Marcos Tadeu declarou ao Caderno C que não era um bom contador de piadas, mas um ótimo contador de causos (Divulgação)
O palhaço Minhoca foi o primeiro personagem criado em 1967 pelo ator, músico, comediante e produtor Marcos Tadeu (1955-2024) e eternizou sua memória. Ele morreu na quinta-feira passada (dia 25) aos 68 anos de idade, de falência hepática. O corpo foi cremado na sexta-feira (dia 26), no Complexo Memorial Hortolândia.
Atuante e versátil, Marcos Tadeu atuava no teatro adulto e infantil e integrava a Banda do Zé Minhoca, da qual o músico Agnaldo Araujo também participava. "Marcos Tadeu, o eterno Palhaço Zé Minhoca, meu amigo, meu professor, levou alegria pra tanta gente em sua trajetória. Me lembro de tantos trabalhos que fizemos juntos, como a Banda do Zé Minhoca, as peças divertidas na Sia Santa, enfim, meu amigo que se foi vai deixar saudade e o legado do querido Zé Minhoca, que é a alegria", diz Araujo.
Fazendo personagens ou cantando acompanhado de cavaquinho, violão, banjo ou viola caipira, o ator-autor desenvolveu vários esquetes com personagens. Quando completou sua milionésima apresentação, com o espetáculo "As Caras do Brasil", em 2022, ele declarou em entrevista ao Caderno C que não era um bom contador de piadas, mas um ótimo contador de causos. À época, completava seus 55 anos de carreira, iniciada com a irmã em apresentações de fantoches nas escolas. Ele sempre tinha a preocupação de divertir e também fazer pensar, com releituras que iam desde o dramaturgo Bertolt Brecht até o comediante Ari Toledo.
Seu primeiro personagem — palhaço Minhoca — foi inspirado na teatralidade do Arrelia com a musicalidade do Carequinha.
Marcos Tadeu nasceu em Rio Claro e veio para Campinas no final da década de 1970. Ele foi o precursor do trabalho teatral em bar, numa época em que havia nesses locais somente apresentações musicais. Sua "Conversa de Botequim" percorreu a noite campineira. Ele queria falar um pouco de tudo, cantar, fazer as pessoas se divertirem, mas também refletirem.
Sua carreira passou também pela manipulação de bonecos pelas salas de aula, como professor de teatro em vários colégios em Campinas e cidades da região, além de atuar como professor de interpretação nos cursos de formação de atores do Conservatório Carlos Gomes. Essa experiência lhe deu liberdade para montar espetáculos com grande interação da plateia, pois gostava de brincar com o público e fomentar sua participação nos espetáculos.
Com a "Banda do Zé Minhoca", formada por músicos e atores, Marcos Tadeu animou muitas matinês carnavalescas, com marchinhas, brincadeiras infantis e canções folclóricas, mas também participava de animação de festas, apresentações em escolas e outros eventos.
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