É cada vez mais comum a presença de idosos nas famílias ou mesmo morando sozinhos – cerca de 30% deles moram só –, e muitos são vítimas de acidentes domésticos decorrentes de fatores como a debilitação física, perda de força muscular, problemas na visão e tonturas, e casas despreparadas para atender às necessidades desse público colaboram para essas ocorrências. Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Ana Lúcia Vilela, 12% da população no Brasil é idosa e as quedas continuam sendo o principal problema nessa fase da vida. Ela defende que 70% das ocorrências não estão relacionadas diretamente às condições da construção, mas à baixa qualidade da saúde do idoso. No entanto, obviamente além do monitoramento da saúde desse público é preciso atentar para alguns cuidados, que ajudam na prevenção de quedas, tropeções e trombadas dentro de casa. Dormitórios e banheiros são os cômodos do imóvel que deixam o morador mais suscetível a quedas, seja pela presença de piso escorregadio nas áreas molhadas, tapetes que facilitam enroscar os pés ou pelo desnível do piso em relação ao aos demais ambientes da casa. “Devemos lembrar que o idoso não levanta o pé até transpor a barreira e acaba tropeçando nos desníveis do piso”, explica a geriatra.O risco se torna ainda maior em locais úmidos e sem barras de apoio ou segurança, como o box do chuveiro e próximo ao vaso sanitário. Ana Lúcia explica que pisos ensaboados e molhados aumentam o risco de escorregões e com a barra de apoio o idoso consegue ter mais segurança. Vasos com 10 centímetros a mais na altura também são recomendados para facilitar o movimento de sentar e levantar, que nessa fase da vida é prejudicado pela diminuição de força nos músculos da coxa. Nesse local, a presença de uma barra de segurança também ajuda o morador a se equilibrar enquanto senta e levanta.Ambientes amplos e mais livres de móveis ajudam o morador a se deslocar sem o risco de trombar em quinas. É recomendado não usar mesinha de centro. Cuidado deve ser redobrado com os fios de extensão esticados pela casa, pelo risco de tropeções. A geriatra também não recomenda o uso de tapetes. Para facilitar o deslocamento dos idosos durante a noite é importante manter uma luz acesa, mesmo que indireta, no trajeto entre a cama e o banheiro. Andar pela penumbra aumenta a chance de acidente, alerta a diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Na cozinha, é aconselhável que os armários não sejam instalados muito altos, encostados no teto. “Armários muito altos levam os idosos a subir em escadas e cadeiras para pegar coisas. É um comportamento de risco”, alerta a especialista. Essa situação também favorece manter a cabeça virada para cima por muito tempo aumentando os sintomas de labirintite. Em casas com dois pavimentos é fundamental o uso de corrimão nas escadas, que devem ter degraus largos evitando o modelo caracol e degraus em formato de triângulo.Estatísticas A expectativa de vida do brasileiro aumentou para 71 anos, e 12% da população é formada por idosos, percentual que deve chegar a 25% em 2050. Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que em média três idosos são internados por hora em hospitais públicos do Estado de São Paulo vítimas de quedas. Suíte 60+ Propor um ambiente adequado às necessidades do público com mais de 60 anos e em plena atividade na sociedade há três anos inspirou o designer de interiores Beto Tozi a projetar a Suíte 60+ na Casa Cor Campinas 2010, ambiente de 17 metros quadrados. A suíte foi montada com móveis e acessórios que facilitam a mobilidade dentro de um espaço pequeno, mas adequado a esse público. Tozi usou dois colchões para formar uma cama para o casal, favorecendo as necessidades individuais de ergonomia como regulagem de altura e conforto. O banheiro foi decorado com produtos para que qualquer pessoa em qualquer etapa da vida, com restrição de movimentou ou não, tenha segurança e uso flexível. O vaso sanitário foi instalado um pouco mais alto, auxiliando a articulação dos joelhos. O box do chuveiro contou com ducha de teto, quatro duchas laterais para o banho sem molhar os cabelos e um banco disfarçado para lavar os pés. Uma barra de apoio dentro das normas técnicas vigentes e piso antiderrapante garantem mais segurança no espaço provedor de 80% de acidentes com maiores de 60 anos. O contraste de cores facilita a diferenciação de objetos, por isso, o designer optou por tons variados na escolha da roupa de cama. “Garantir um espaço que atenda às necessidades naturais da idade sem sobressair à decoração foi o grande desafio da minha criação da suíte”, diz Tozi O objetivo foi proporcionar aos casais com mais de 60 anos, e que vivem juntos há tempos, uma casa com conforto, espaços menores e que promova o convívio com o parceiro, sem perder a individualidade.
