Cartes se encontrará individualmente com os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Dilma Rousseff e José Mujica (Uruguai) (France Presse)
O governo de Horacio Cartes assume como presidente na quinta-feira no Paraguai com uma posição dura sobre o Mercosul, do qual foi suspenso, ao anunciar que só manterá relações bilaterais com os sócios do bloco, disse nesta quarta-feira o futuro chanceler, Eladio Loizaga. Loizaga antecipou que "não fará reunião conjunta" com os presidentes do Mercosul: Argentina, Brasil e Uruguai. A Venezuela também integra o bloco, mas seu presidente, Nicolás Maduro, não foi convidado para a posse de Cartes na quinta-feira. Cartes se encontrará individualmente com os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Dilma Rousseff e José Mujica (Uruguai), pois "os temas serão tratados de forma bilateral". Dilma Rousseff viajará para Assunção para a posse. Durante a última reunião do Mercosul em julho, em Montevidéu, Rousseff pediu a seus sócios que assistissem à posse de Cartes em um gesto de confiança sobre o Paraguai. O Paraguai foi suspenso do Mercosul, assim como da Unasul (União das Nações Sul-americanas), em junho de 2012 como represália à destituição pelo Congresso do presidente esquerdista Fernando Lugo, via julgamento político, acusado de "mal desempenho de funções". Paralelamente à suspensão do Paraguai, o Mercosul aprovou a entrada, como mebro pleno, da Venezuela, que não tinha sido ratificada pelo Congresso paraguaio. Os presidentes do Mercosul anunciaram em julho que a suspensão do Paraguai seria anulada com a posse de Cartes, eleito em abril. Tanto Federico Franco (ex-vice-presidente de Lugo) como Cartes consideraram ilegal a entrada da Venezuela no Mercosul e este último descartou o retorno do Paraguai ao bloco. Loizaga disse que a presença dos sócios do Mercosul na posse de Cartes "é uma demonstração da intenção de normalizar as relações". "Talvez tenhamos que voltar a retomar as conversações em um marco de respeito à igualdade entre os Estados. Acredito que oportunamente isso vai acontecer com o maior cuidado", pontuou. Ele informou que Cartes não recuará de sua declaração feita após a cúpula de Montevidéu de não retornar ao bloco. "As irregularidades jurídicas da entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul, em julho de 2012, não foram sanadas conforme as normas legais de entrada de um novo membro", disse o presidente eleito. Maduro assumiu a presidência temporária do Mercosul na cúpula de Montevidéu, apesar de Assunção ter reivindicado a titularidade do bloco. Loizaga disse que o novo governo aprofundará suas relações com seus vizinhos fora do Mercosul, até que seja resolvida a questão da Venezuela. O Paraguai negocia um acordo de livre comércio com o México e busca sua integração à Aliança do Pacífico - integrada pelo Chile, Peru, Colômbia e México -, disseram fontes do governo demissionário à AFP. Nesse sentido, o presidente Federico Franco disse à AFP que o Brasil "fez um forte lobby" na Aliança do Pacífico para não admitir o Paraguai como membro observador em maio.