A China é a principal origem das importações feitas pelas empresas instaladas na Região Metropolitana de Campinas; na sequência, aparecem os Estados Unidos, Alemanha, Índia e Coreia do Sul (Kamá Ribeiro)
As importações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) somaram US$ 1,33 bilhão (R$ 6,86 bilhões) em abril, o maior valor para o mês em 11 anos, indicador que aponta para a retomada do crescimento da atividade industrial. A avaliação do economista Luiz Eduardo Bueno é feita com base no perfil econômico regional, onde as indústrias são altamente dependentes de compra de insumos no exterior para a produção. “Esse é mais um sinal que o setor industrial está reagindo e se soma ao aumento da oferta de empregos com carteira assinada, inclusive na indústria, principalmente em março. São boas as notícias no plano econômico”, afirmou.
O resultado apontado pela Comex Stat, plataforma com dados da balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), representa um aumento de 10,49% em comparação às importações de abril de 2023, que totalizaram de US$ 1,21 bilhão (R$ 6,24 bilhões). O montante no mês passado é 3,97% superior ao recorde anterior da série histórica, que foi de U$ 1,28 bilhão (R$ 6,63 bilhões) em abril de 2022.
O aumento nas importações ocorreu na sequência de a RMC ter fechado março com a criação de 7.344 empregos com carteira assinada, o melhor resultado para o mês em quatro anos e alta de 36,87% em comparação às 5.368 novas vagas de igual período de 2023. A pesquisa do Observatório PUC-Campinas mostrou que as indústrias geraram 1.141 novas vagas, o terceiro setor que mais criou postos no mês. No acumulado do primeiro trimestre, 20.330 empregos foram criados na Grande Campinas, com o segmento industrial tendo uma participação de 22,32% no total, o que representou a geração de 4.538 novos postos com carteira assinada. “Se estão contratando e aumentando as importações, é porque estão produzindo mais”, resumiu Eduardo Bueno.
REFLEXO
De acordo com o economista, a continuidade do crescimento da atividade industrial dependerá de alguns possíveis obstáculos que podem se apresentar a curto prazo. Um deles é o avanço do conflito de Israel no Oriente Médio, o que pode prejudicar a oferta de petróleo no mercado mundial e elevar o preço da commoditie, e uma possível alta da inflação no Brasil. Porém, para ele, “houve excesso de cautela” do Banco Central ao reduzir ritmo de queda da Selic, que caiu para 10,5% ao ano na quarta-feira (8). O corte de na taxa básica de juros foi de 0,25 ponto percentual, metade do que vinha ocorrendo desde agosto passado. “Nesse momento, os indicadores de desempenho do Brasil são satisfatórios ou bons. Entendo que não havia motivo para reduzir o ritmo”, afirmou Eduardo Bueno.
O momento positivo foi sentido por uma fabricante de autopeças que tem três unidades na região e anunciou um lucro líquido de R$ 200,3 milhões no primeiro trimestre, alta de 7,6% em comparação a igual período de 2023. O resultado ocorreu em um momento em que o país registrou 514.517 novos emplacamentos de janeiro a março deste ano, aumento de 9,1% em relação aos três primeiros meses de 2023.
O número divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) considera as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. A multinacional de autopeças atua no Brasil desde os anos 1950 e exporta para 60 países, sendo os principais destinos o continente americano e a Europa.
Apesar do resultado positivo no primeiro trimestre, a fabricante reportou uma queda de 4,4% nas exportações, refletindo o resultado verificado na RMC. Os dados da Comex apontam que as vendas ao exterior das empresas da região em abril foram de US$ 418,04 milhões (R$ 2,15 bilhões), redução de 10,28% na comparação com os US$ 465,91 milhões (R$ 2,4 bilhões) de igual mês em 2023. Com isso, a balança comercial registrou déficit de US$ 919,96 milhões (R$ 4,74 bilhões) no mês passado, elevação de 23,37% em relação ao saldo negativo de US$ 745,66 milhões (R$ 3,84 bilhões) de igual período de 2023.
OUTROS DADOS
Outros dados que indicam o aumento da produção industrial é a liderança dos produtos agroquímicos e circuitos eletrônicos nas importações da RMC, dois itens usados na fabricação de vários produtos. Depois aparecem os aparelhos telefônicos, compostos heterocíclicos (bromo, cloro, flúor, iodo e outros produtos) e óleos de petróleo ou de minerais betuminosos. Já os itens mais exportados são medicamentos, tratores, automóveis, partes e acessórios de veículos.
Para o economista Eduardo Bueno, um fator que tem contribuído para a queda das vendas do exterior das empresas da RMC é a crise econômica na Argentina. As exportações para o país sulamericano tiveram redução e torno de 19% este ano, apesar de ele ainda ser o segundo principal destino.
A liderança é ocupada pelos Estados Unidos, com o México aparecendo na terceira colocação, seguido de Chile e Alemanha. As cidades da Região Metropolitana que mais exportaram em abril foram Campinas, Paulínia, Indaiatuba, Sumaré e Vinhedo.
A China é a principal origem das importações feitas pelas empresas instaladas na Grande Campinas. Depois aparecem os Estados Unidos, Alemanha, Índia e Coreia do Sul. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2024, as exportações da RMC somaram US$ 1,54 bilhão (R$ 7,94 bilhões), redução de 13,48% na comparação com o US$ 1,78 bilhão (R$ 9,18 bilhões) de igual período do ano passado.
Já as importações nos quatro primeiros meses foram de US$ 4,85 bilhões (R$ 25,02 bilhões), praticamente repetindo o resultado de janeiro a abril de 2023, quando ficaram em US$ 4,82 bilhões (R$ 24,86 bilhões). A diferença foi de 0,64%.
O maior volume na série histórica iniciada em 2013 foi registrado em 2022, quando foi de US$ 5,2 bilhões (R$ 26,82 bilhões). Já o déficit da balança comercial no primeiro quadrimestre ficou em US$ 3,31 bilhões (R$ 17,07 bilhões).
O resultado representou um aumento de 8,0% em relação aos US$ 3,04 bilhões (R$ 15,68 bilhões) de igual período no ano passado.
Enquanto a RMC teve déficit, o Brasil teve aumento do superávit da balança comercial em abril. No mês passado, o país exportou US$ 9,041 bilhões (R$ 46,64 bilhões) a mais do que importou, de acordo com o o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado ocorreu, segundo a Pasta, apesar da queda de preços da soja, do ferro e do petróleo. O resultado representou alta de 13,7% em relação ao mesmo mês do ano passado e é o segundo melhor para o mês em quatro anos, só perdendo para o recorde de abril de 2021, de US$ 9,963 bilhões (R$ 52,39 bilhões).
A balança comercial acumula superávit de US$ 27,736 bilhões (R$ 143,05 bilhões) nos quatro primeiros meses de 2024. Esse é o maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989. O valor representa alta de 17,7% em relação aos mesmos meses do ano passado.
Em relação ao resultado mensal, as exportações cresceram em ritmo maior do que as importações. Em abril, o Brasil vendeu US$ 30,92 bilhões (R$ 159,51 bilhões) para o exterior, aumento de 5,7% em relação ao mesmo mês de 2023. As compras do exterior somaram US$ 21,879 bilhões (R$ 112,87 bilhões), alta de 2,2%.
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