Passageiros passam por área entre estacionamento e saguão, onde relatam maior sensação de insegurança (Érica Dezonne/AAN)
Passageiros, funcionários de companhias aéreas e das empresas instaladas no entorno do Aeroporto Internacional de Viracopos reclamam da sensação de insegurança na utilização dos estacionamentos, principalmente na área do bolsão D, que fica a 300 metros do saguão principal. Usuários relatam que se sentem inseguros quando saem ou chegam ao terminal. Não é possível ver, no acesso a um dos aeroportos mais importantes do País, guardas municipais, policiais militares, civis ou policiais federais e nem seguranças na saída do saguão.No ano passado o estacionamento foi ampliado, passou de 2 mil para 3,5 mil vagas, recebeu uma área “prime” com 200 vagas cobertas, além de benfeitorias estruturais como a instalação de uma passarela coberta de 600 metros de extensão. Apesar disso, metade das pessoas abordadas pelo Correio, na tarde desta sexta-feira (13), relatou que faltam melhorias para tornar o local aparentemente mais seguro.Segundos dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), de janeiro a julho deste ano ocorreram 16 furtos e roubos de veículos no local e outros 181 roubos e furtos, no entorno e também no saguão do terminal. Ao todo, oito pessoas foram presas em flagrante e 23 inquéritos policiais foram instaurados para investigar crimes no terminal. CâmerasA falta de câmeras de vigilância, pelo menos em locais onde possam ser vistas pelas pessoas que transitam no local, é a principal reclamação do engenheiro Márcio Guilherme Avelino da Silva, de 30 anos, que no final a tarde desta sexta-feira foi retirar o veículo deixado na manhã anterior no Bolsão D. “Pelo preço alto da diária, não ter câmeras é uma falha. A presença dos equipamentos aumentaria a sensação de zelo pelos veículos”, reclama. A presença de um vigilante na torre instalada nos fundos do perímetro não é suficiente para inibir ações de vandalismo e furtos de objetos deixados nos carros.Para o administrador Giancarlo Colombo, de 47 anos, que utiliza os serviços aéreos do local a cada 15 dias, a sensação de insegurança e vulnerabilidade é maior na entrada principal para o saguão do aeroporto e não no percurso para os estacionamentos. Para ele, a parada de carros em locais irregulares, associada ao volume de gente transitando com malas e bolsas e a falta de iluminação adequada favorecem o cenário de insegurança. “As pessoas cobram soluções da concessionária em pouco tempo, mas esquecem de fazer a sua parte”, observa.Funcionária de uma companhia área, Roberta Freitas, de 24 anos, há pouco tempo se tornou mensalista no estacionamento F, que devido à distância é atendido por vans que transportam os usuários até o saguão. “Não me arrisco a fazer o trajeto a pé.”Vários colegas de trabalho na empresa de exportação onde Odair Martins, de 26 anos, atua há três anos relataram assaltos ocorridos no caminho até o Bolsão F. “À noite, principalmente após às 23h, quem atravessa essa área costuma ser assaltado”, conta. Um taxista que saía apressado confirmou que a falta de iluminação e rondas de seguranças favorecem assaltos naquela área. O administrador de empresas Antonio Sérgio, de 35 anos, viaja duas vezes por mês saindo de Viracopos e relata não se sentir seguro no trajeto até o estacionamento. A distância a ser percorrida, muitas vezes em horários com poucas pessoas passando pelo local, aumenta a sensação de medo.Além da insegurança, alguns passageiros reclamam do trânsito na rodovia que dá acesso ao terminal. O gerente Márcio Bezzi Filho contou à reportagem que o trecho está sempre congestionado e que por causa disso já quase perdeu vários voos. “Eu acho uma vergonha a estrada que dá acesso ao aeroporto. Eu viajo pelo menos três vezes por mês e, em qualquer hora do dia, está sempre congestionado.”O engenheiro agrônomo Evandro Matos, de 39 anos, reclama a falta de comunicação vertical para sinalizar as vagas e identificar os bolsões. Acostumado a viajar duas vezes por mês para Goiânia, sempre partindo de Viracopos, contou que na época das chuvas o estacionamento alaga e dificulta o acesso aos carros. (Colaborou Sheila Vieira e Luciana Félix)Outro ladoA concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, que assumiu a administração do terminal em novembro do ano passado, informou em nota que “os bolsões de estacionamentos de Viracopos possuem guaritas térreas (nas entradas dos bolsões) e elevadas (no centro dos bolsões) com vigilância 24h, câmeras de segurança e iluminação. Além disso, são realizadas rondas de vigilantes com motocicletas 24 horas por dia em todas as vias do aeroporto”. De acordo com a empresa, o aeroporto “também conta com uma delegacia da Polícia Civil, um posto da Polícia Militar e uma delegacia da Polícia Federal. A Polícia Militar também realiza rondas em todas as vias de Viracopos”.A concessionária informou que os estacionamentos possuem sistemas de identificação dos veículos com câmeras nas entradas e saídas. A empresa recomendou que “caso se sinta inseguro, o usuário pode solicitar acompanhamento de um vigilante até o veículo”. E acrescentou que os estacionamentos são administrados pela empresa Estapar. A concessionária destacou na nota que em maio de 2014 vai inaugurar um edifício garagem com 4 mil vagas de estacionamento, além de um novo terminal de passageiros com capacidade para receber 14 milhões de pessoas por ano.A nota ainda informa que no último dia 11 de setembro ocorreu um pico de energia no estacionamento F que apagou a iluminação. A empresa garantiu que o problema foi solucionado no mesmo dia.A concessionária disse que são realizadas pesquisas internas mensais como parte do contrato de concessão assinado com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Conforme a empresa, de novembro até julho aumentou a percepção de segurança dos passageiros. A administradora de Viracopos apontou que “as notas vão de 1 a 5, na qual 3 é satisfatório, 4 bom e 5 muito bom. O item percepção de segurança no aeroporto registrou uma evolução considerável: saltou de 3,51 (novembro de 2012) para 4,09 no período (julho de 2013).”A reportagem entrou em contato com as polícias Civil e Militar que atuam no terminal, mas até o fechamento desta edição nenhuma das corporações retornou o contato.