Quase 20 mil lâmpadas de vapor metálico do complexo aeroportuário já foram substituídas por 10 mil LED desde que o programa ambiental foi iniciado em 2015, diminuindo a emissão de CO2 em 332 toneladas ao ano (Ricardo Lima)
O programa ambiental "Substituição de lâmpadas de vapor metálico por LED" em todo o complexo do Aeroporto Internacional de Viracopos, iniciado em 2015, já resultou na redução de 74% no consumo de energia com iluminação, até o momento. Além disso, a meta é diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 60% até o final de sua execução — nos próximos cinco anos. Mais da metade dessa meta já foi atingida e o programa foi até reconhecido pela Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas de São Paulo, estabelecida pelo Acordo Ambiental de São Paulo.
O case de Viracopos integra o livro "Acordo Ambiental São Paulo — 56 cases de sucesso na Agenda Climática", lançado em 6 de abril em São Paulo, no auditório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O objetivo do Acordo de São Paulo é incentivar empresas paulistas, associações, municípios a assumirem compromissos voluntários de redução de emissão de gases de efeito estufa, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC.
O programa ambiental de Viracopos já havia sido apresentado de forma virtual, em novembro de 2021 pelo Governo do Estado, em evento paralelo à Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26) O livro é resultado de uma ação que contou com o apoio de 2 mil empresas e associações aderentes ao Acordo Ambiental São Paulo.
Origem
Moisés Alves de Araújo Júnior, coordenador de Meio Ambiente de Viracopos, explicou que o programa teve início em 2015 e que foram substituídas 19.892 lâmpadas de vapor metálico por 10.006 lâmpadas LED (Diodo Emissor de Luz) entre 2015 e 2021, resultando na redução de aproximadamente 74% no consumo de energia para a iluminação, chegando à redução de emissão anual estimada em 332 toneladas de CO2. Vale destacar que a base de cálculo para as emissões é feita conforme fator de emissão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: para cada 1 quilowatt/hora, deixa-se de consumir 0,075 kg de CO2. O fator de emissão do CO2 estima a quantidade de CO2 associada a uma geração de energia elétrica determinada. No caso específico, a lâmpada LED demanda muito menos geração de energia para funcionar e, assim, menos emissão de CO2.
Araújo explicou como surgiu o programa e qual é a meta. "Esse projeto foi iniciado em 2015, oriundo da área de manutenção elétrica. A gente iniciou a troca de lâmpadas de vapor de sódio e de mercúrio já existentes na estrutura do aeroporto por lâmpadas em LED. Desde então, existe um monitoramento que permite mensurar o ganho ambiental, que é a redução da emissão de gases de efeito estufa. Consegue mensurar também, como uma forma de bônus, a redução no consumo de energia elétrica. O planejamento é, em até cinco anos, conseguir trocar todas as lâmpadas de vapor do aeroporto por lâmpadas em LED", afirmou.
Além disso, as lâmpadas em LED serão instaladas diretamente nas novas ampliações de Viracopos.
O coordenador de Meio Ambiente de Viracopos destacou que existe um outro aspecto importante de sustentabilidade. "O projeto vem trazendo um outro bônus, que é a questão da destinação do resíduo. Quando uma lâmpada de vapor de sódio ou de mercúrio é retirada, é necessário descartá-la. Esse tipo de lâmpada é caracterizado como um resíduo perigoso. Tem que ser mandada para uma empresa especializada e tem altos custos para fazer esse tratamento", explicou. "Já a lâmpada em LED é classificada como resíduo eletrônico, ou seja, não é um resíduo perigoso, pode ser reciclada e servir como matéria-prima para outros processos. É possível até gerar receita com esse tipo de material quando for descartá-lo. É um ganho ambiental e econômico, pois reduz o custo na hora de fazer o tratamento e a destinação do resíduo", disse. "Quanto à diminuição de CO2, será algo em torno de 300 a 350 toneladas de carbono equivalente, que é a meta do programa", afirmou. "A nossa meta é atingir, no final do processo, a instalação de 30 mil lâmpadas LED", comentou.
Até o final do processo, todas as áreas serão atendidas. Já foram instaladas lâmpadas em LED na via de acesso do aeroporto, desde a entrada da Avenida José Amgarten, pela Rodovia Santos Dumont, até a entrada de Viracopos. Tem também instalação feita no terminal de passageiros, tanto na área restrita quanto na área pública. A iluminação nova foi instalada, ainda, no terminal de cargas, onde existem as áreas de importação e exportação. Araújo enumerou também os trabalhos já realizados nos pátios de aeronaves e no prédio administrativo. "Enfim, as áreas operacionais e administrativas estão quase que totalmente atendidas com o programa. Mais da metade dessas áreas de força de trabalho já está com lâmpadas em LED", afirmou.
Outro integrante do programa ambiental, Diego Eduardo dos Santos, coordenador de elétrica e gerência de manutenção, disse que no projeto original do aeroporto foram instaladas luminárias com quatro lâmpadas de vapor e, depois de estudos lumino-técnicos, foi verificado que não é necessário instalar quatro lâmpadas em LED no lugar das lâmpadas de vapor. "A metade já contempla o que as normas de iluminação pública estabelecem. Nas luminárias do aeroporto, eram utilizadas quatro lâmpadas de 14W cada e é necessário instalar apenas duas lâmpadas em LED de 8W cada no lugar, pois apresentam feixe de luz mais abertos e isso reduz custos e consumo de energia", disse.
Em números, por exemplo, Santos disse que, na área de embarque Píer C, foram substituídas 4.520 de vapor de 14W por 2.260 lâmpadas em LED de 8W, totalizando uma economia de 32.544 W. "Outro exemplo foi na área de embarque Píer A, com a retirada de 1.140 lâmpadas de vapor de 14W, e a instalação de 570 lâmpadas de 8W em LED, representando uma economia de 8.208 W", comparou.
Reaproveitamento de madeira
Também no terminal de cargas vem sendo desenvolvido um projeto de sustentabilidade, com a equipe da facilitação operacional, que é o reaproveitamento de madeiras. "Recebemos cargas do mundo inteiro que vêm acondicionadas em paletes, madeiras, embalagens de madeira. Algumas dessas madeiras quebram, acabam se tornando sobras de voos e precisam ser descartadas", disse o coordenador.
A partir dessa realidade, foi implantado no final de 2020 um projeto de reaproveitamento das madeiras com a equipe de carpinteiros da Gerência de Operação de Carga do aeroporto. Cerca de 95% do material usado pela equipe são madeiras que seriam descartadas. Além disso, é realizado o reparo de 400 palets por mês, possibilitando a reutilização deles pelo terminal de cargas. "Com esse material, foram reproduzidas mobílias, peças e utensílios para áreas diversas do aeroporto. Alguma área especifica necessita, por exemplo, de uma mesa. O pessoal da carpintaria aproveita as madeiras que seriam descartadas e produz a mesa", exemplificou Araújo.
Além disso, o aeroporto passou a fabricar paletes para uso interno. "Isso está gerando um resultado muito positivo no aspecto de redução do volume de madeiras para descarte no aeroporto e também para a redução no custo para aquisição de mobílias. Mesmo as madeiras que ainda sobram, a gente encaminha para uma empresa que trabalha com a biomassa dessa madeira. Ou seja, utiliza esta sobra de madeira dentro do processo produtivo dela, evitando e descarte da madeira de forma inadequada", afirmou.
Segundo o levantamento da equipe, cerca de 800 kg de madeira podem ser reaproveitados por mês no serviço de carpintaria. Em geral, são madeiras tipo Pinus (caibros ou tábuas), proveniente de sobra de voos, que foram devidamente liberadas pelo Ministério da Agricultura e não aproveitadas pelas empresas aéreas. Antes do projeto, 100% dessas madeiras eram descartadas.