Autor da proposta do dia do "É gol da Alemanha", o vereador Jota Silva (PSB) não conseguiu se reeleger. Cid Ferreira (SD), que por diversas vezes causou polêmica também saiu derrotado.
Cid Ferreira se envolveu em polêmica durante debate sobre gênero (Cedoc)
A renovação da Câmara de Campinas foi baixa (apenas 10 novos integrantes), mas alguns parlamentares que ficaram conhecidos nacionalmente por apresentar propostas esdrúxulas foram “punidos” pelos eleitores. Autor da proposta do dia do “É gol da Alemanha”, o vereador Jota Silva (PSB) não conseguiu se reeleger. Cid Ferreira (SD), que por diversas vezes causou polêmica na Casa ao ter atitudes consideradas racistas, também saiu derrotado. Cid teve 2,880 votos. Silva, 2,245. “Errei aqui, errei ali. E o meu povo também se esqueceu de mim”, declarou Ferreira sobre os motivos a que ele atribui a derrota. “No conjunto todo desta legislatura, tive mais erros que acertos. Acontece. Faz parte do jogo.” Esta é a quinta vez que ele é vereador em Campinas. Está com 78 anos, e não descarta concorrer em uma nova eleição. “O futuro a Deus pertence”, disse. Grupos ligados ao movimento negro de Campinas o acusaram de racismo, preconceito e abuso de poder porque o parlamentar teria dito, em uma audiência pública no Legislativo, em maio, que um jovem negro era feio, enquanto ele, Cid, era bonito, porque tinha olhos azuis. O parlamentar também teria feito sinal apontando que o nariz dele era fino. Foto: Cedoc Jota Silva também propôs letreiro similar a Hollywood em Campinas Na época, Cid afirmou que foi hostilizado, e que a única saída que teve foi chamar os presentes do plenário de feios. “Mas tinha um monte de branco, mais branco que preto”, disse. A discussão ocorreu em uma audiência que debatia a ideologia de gênero dentro do Plano Municipal de Educação. Nesta terça-feira, ele não quis relembrar os equívocos cometidos nesta legislatura; apenas admitiu ter cometido muitos. Cid também foi autor do polêmico projeto da Glória Campineiro, que celebra o título de campeão brasileiro de futebil pelo Guarani em 1978. Já Jota Silva não quis comentar a derrota nas urnas. Além do projeto de lei “É gol da Alemanha”, em alusão à derrota de 7 a 1 do Brasil na Copa do Mundo, sugeriu que Campinas colocasse letreiros nas entradas da cidade nos moldes do que há em Hollywood. Os dizeres, entretanto, seriam os seguintes: “Campinas, terra de Carlos Gomes”. Na época da proposta, Silva afirmou que o objetivo era turístico, além de servir como homenagem ao compositor ilustre. Já em relação à da derrota da Seleção, que virou chacota internacional, disse que a ideia não era debochar, nem “comemorar” o resultado, mas lembrar a data para que ela servisse de reflexão. A proposta previa que fossem realizados debates com a participação de dirigentes e de ex-jogadores de futebol todos os anos, em 8 de julho, dia da perda fatídica. Após a repercussão internacional, o vereador desistiu desse projeto. Já o dos letreiros, nem sequer foi levado à votação.