CALAMIDADE PÚBLICA

Valinhos amplia o rodízio de água para torneira não secar

Consumo exacerbado e falta de chuva forçam medidas mais drásticas de controle

21/09/2021 às 09:28.
Atualizado em 24/03/2022 às 23:09
A Represa Moinho Velho secou: as bombas de água da barragem foram desligadas para evitar mais danos (Diogo Zacarias)

A Represa Moinho Velho secou: as bombas de água da barragem foram desligadas para evitar mais danos (Diogo Zacarias)

O racionamento de água, por meio de rodízio, foi intensificado em Valinhos desde ontem. O município, até então, estava dividido em quatro áreas, nas quais o fornecimento de água era interrompido por 18 horas durante dois dias na semana, das 10h às 4h. Agora, as Áreas 2 e 3 ganharam subdivisões, as Áreas 2A e 3A. Com os novos agrupamentos, o Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (Daev) ampliou o período de desabastecimento que será imposto nas Áreas 1 e 3A. Ambas passaram a sofrer com a falta de água por três vezes na semana. De acordo com o presidente do Daev, Ivair Nunes Pereira, a medida mais drástica foi tomada por causa da ausência de chuvas e devido à falta de conscientização da população, que ainda não diminuiu o consumo hídrico.

"Estamos em uma situação de calamidade pública. Precisamos saber consumir para garantir a perenidade do sistema", afirmou Pereira. Por causa da falta de precipitações volumosas e regulares nas últimas semanas, o nível de água nas represas de Valinhos caiu ainda mais. Dentre as barragens utilizadas pela cidade, a represa de Moinho Velho entrou em colapso ao zerar o volume de água disponível no local. A de João Antunes dos Santos opera apenas com 5% da sua capacidade, e a das Figueiras está com 20%. Segundo Pereira, as represas respondem por 38,9% da captação de água do município. O complemento vem com os recursos obtidos por meios dos poços artesianos e do Rio Atibaia.

O problema é que uma das duas Estações de Tratamento de Água (Eta) disponíveis em Valinhos (Eta 1) recebe água apenas dos mananciais internos. Enquanto a outra recebe os recursos externos. "Desde que o volume das represas diminuiu significativamente, precisamos realizar manobras para transferir certo volume de água da Eta 2 para a Eta 1. Cada uma abastece vasta área do município", explicou. Por isso, foi necessário aumentar o período de desabastecimento em algumas regiões, para que o tempo das manobras de transferência da água fosse possível. De acordo com o presidente do Daev, nos próximos 45 dias não há previsão de precipitações volumosas em Valinhos.

As mudanças adotadas pelo Departamento, acrescentou Pereira, visam garantir a sobrevida do sistema. Para ele, o consumo da população é o fator responsável por determinar por quanto tempo as restrições de abastecimento serão mantidas. Mesmo em caso de caos total, cenário em que as represas secariam, informou, 61,6% da capacidade de abastecimento de Valinhos seria mantida. Por causa, principalmente, do Rio Atibaia. Por isso, garantiu, não há risco da falta total de água no município.

Multas

Há pouco menos de um mês, teve início a aplicação de multas em caso de desperdício de água na cidade. O valor da penalidade é de R$ 441,21. A cada caso de reincidência a cobrança dobra. Até o momento, 41 multas foram aplicadas. "Durante toda a estiagem severa de 2014 registramos, apenas, 31 multas, na época. Este ano, estamos mais rigorosos com a fiscalização", ressaltou o presidente do Daev. Com o calor, disse Pereira, o consumo de água tem aumentado consideravelmente.

Toda a cidade consome por dia 43 milhões de litros de água. Enquanto os 52 reservatórios disponíveis no município conseguem, somente, armazenar 23 milhões de litros. Os reservatórios deveriam ser o pulmão de Valinhos, analisou, e garantir o abastecimento, principalmente entre às 18h e 21h, período de maior consumo na cidade. "Mas com o consumo elevado, é impossível eles suprirem a demanda", declarou.

De acordo com a pedagoga, Luciana Zanotti Palaro, a falta de água dura mais dias durante a semana, do que o anunciado pelo Daev. Ela já ficou com as torneiras secas por até dez dias. Luciana mora com mais sete pessoas. Sem recursos hídricos ela teve que criar mecanismos para armazenar água da chuva e para reutilizar a água da máquina de lavar roupa. "Eu já tive que contar com a ajuda de vizinhos para ter como manter as atividades da casa, como cozinhar e lavar louça. Com tanto calor, o desabastecimento gera ainda mais desconforto. E sem os avisos prévios do Daev, não consigo me programar para o dia que ficarei sem água", contou.

Calor

Segundo a meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), Ana Avila, ontem foi o dia mais quente do ano, com a máxima de 37,6ºC registrada às 14h40. O calor será mantido ainda hoje, e a partir de amanhã haverá um alívio, com temperaturas mais brandas. Mas, até o final desta semana, o tempo mais quente voltará. As máximas hoje ficarão entre 36ºC e 37ºC, e as mínimas, entre 19ºC e 20ºC. Amanhã, por volta de 16h começa a Primavera. Na nova estação, acrescentou Ana, o tempo deve continuar quente e seco.

Não há previsão de precipitações para os próximos dias. Em todo o mês de setembro a expectativa era de 61,4 milímetros de chuva. Até ontem, foram registrados apenas seis milímetros. A partir de outubro a tendência é a de que as precipitações aumentem. A média de chuva esperada para o próximo mês é de 112 milímetros. "Assim, a previsão é a de que aos poucos, a incidência de chuva seja regularizada na região", contou. Há semanas a Defesa Civil de Campinas vem registrando quedas diárias na umidade do ar, o que tem feito com que o município entrasse em estado de atenção e alerta diariamente.

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