NO GARGALO

Usuários da saúde reclamam e Dário autoriza contratações

Previsão é a de que 12 profissionais médicos iniciem a atividade no prazo de 60 dias

Ronnie Romanini
07/04/2022 às 08:25.
Atualizado em 07/04/2022 às 08:25
Usuários aguardam atendimento no Centro de Saúde São Quirino: reclamações chegaram às redes sociais, por meio de vídeos, denunciando falta de estrutura, médicos e medicamentos (Diogo Zacarias)

Usuários aguardam atendimento no Centro de Saúde São Quirino: reclamações chegaram às redes sociais, por meio de vídeos, denunciando falta de estrutura, médicos e medicamentos (Diogo Zacarias)

Com a sensação de melhora em relação à pandemia de covid-19 em Campinas, muitas pessoas voltaram a procurar as unidades básicas de saúde do município para retomar os cuidados com a saúde, mas têm encontrado dificuldades para serem atendidas. Nas últimas semanas, as reclamações de moradores e conselheiros de saúde saíram da porta dos centros de saúde (CS) e foram para as redes sociais, com questionamentos sobre a ausência de médicos. Como resposta, a Prefeitura de Campinas anunciou, anteontem, a autorização para a abertura de um processo seletivo emergencial, visando à contratação de médicos que reforçarão os CS do município.

De acordo com o divulgado, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) permitiu que pelo menos 12 profissionais - entre clínicos gerais, psiquiatras, ginecologistas e pediatras - sejam contratados para atuar na rede de atenção básica de saúde da cidade. A previsão é a de que os médicos iniciem a atividade em 60 dias, sendo que o edital para a contratação deverá ser publicado em breve no Diário Oficial. De acordo com a Secretaria de Saúde, as unidades que receberão os médicos estão em definição e serão divulgadas oportunamente. 

A Secretaria informou que o número de 12 novos profissionais pode ser ampliado caso haja necessidade. Pelo menos mais 11, oriundos do programa Mais Médicos do Governo Federal, devem reforçar a saúde em Campinas, porém, não foi informado quando isso ocorrerá.

Na semana passada, usuários do CS São Quirino, que atende cerca de 25 mil pessoas, foram às redes sociais, com vídeos gravados, denunciar problemas semelhantes: como falta de estrutura, médicos e medicamentos, além da saída de um grupo de estudantes da Unicamp que estagiavam junto ao atendimento no CS. De acordo com eles, foi necessário dar publicidade às reclamações por outros meios, já que os frequentes contatos e reuniões com a Secretaria de Saúde não têm surtido efeito.

Na ocasião, a Pasta informou que está providenciando os serviços necessários para as manutenções prediais no local e, por ser uma obra do programa Saúde em Ação, o Governo Estadual foi acionado. Sobre o fim do atendimento de residentes e estudantes da Unicamp, a secretaria alegou que a parceria ainda existe, visto que o CS São Quirino é utilizado como campo de estágio pela universidade, e que está em avaliação a possibilidade dos estudantes voltarem à unidade. Atualmente, a equipe está no CS Taquaral.

UPA São José

Além da atenção básica em saúde, os moradores de Campinas também estão insatisfeitos com a qualidade dos serviços prestados na UPA São José, administrada pela Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. Em virtude disso, um protesto está marcado para hoje, às 10h, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A convocação divulgada nas redes sociais aponta alguns problemas. 

De acordo com o texto, desde o fechamento da UPA Centro, a UPA São José vem recebendo uma demanda maior, situação que piorou depois que a Rede Mário Gatti assumiu a gestão do serviço. Dentre as reclamações estão a superlotação, com pacientes atendidos em macas no corredor, a falta de alimentação para os que estão internados e a sobrecarga na equipe de enfermagem. Sem condições de trabalho, o texto, divulgado pelo Conselho Municipal de Saúde, revela ainda que muitos profissionais foram afastados por problemas, como depressão e crises nervosas, e que quem reclama acaba sendo transferido. 

A reportagem do Correio Popular esteve ontem na UPA São José e ouviu as queixas dos usuários. Um deles relatou que buscou atendimento por estar com anemia, porém, ouviu que apenas sintomáticos respiratórios estão sendo atendidos por lá. Já outros contaram não ter tido problemas para ser atendidos por outras demandas. 

A convocação foi feita pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), Movimento Popular de Saúde (MOPS), Frente Pela Vida em Defesa do SUS e pela subsede de Campinas da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP). As lideranças reclamam da quantidade de empresas privadas terceirizadas prestando serviços na área de saúde na cidade e temem que o mesmo possa vir a acontecer com a UPA São José. 

Rede Mário Gatti

Em nota, a Rede Mário Gatti informou que não procedem as afirmações de que pacientes ficaram internados sem alimentação. Esse serviço é prestado por uma empresa contratada, “que fornece as refeições conforme as necessidades dos pacientes e nos horários previstos".

A Rede também negou que profissionais tenham sido afastados por problemas psicológicos ou por reclamarem das condições da unidade. De acordo com a nota, "quando a Associação Beneficente Cisne assumiu os recursos humanos da UPA Campo Grande, os profissionais que atuavam nessa unidade e que eram cedidos pelo Município foram remanejados para outras unidades, resultando em reflexos positivos também nas demais UPAs, entre elas a São José, com a equalização de suas escalas".

A Rede também citou que a demora no atendimento ainda é decorrente do aumento da demanda a partir do final de 2021, com surtos de H3N2 e da variante da covid-19, a Ômicron, que fez com que a UPA São José recebesse uma média de 230 atendimentos diários de pacientes com sintomas gripais entre janeiro e março. Em relação ao temor de uma terceirização, a Rede garantiu que não há estudo sendo feito para que isso ocorra e que a lei de criação da Rede Mário Gatti é clara ao estabelecer que a gestão da unidade é prerrogativa da Rede.

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