O uso de novas tecnologias, que só tende aumentar cada vez mais, já desponta como causa de problemas relacionados à coluna vertebral, mãos e pulsos. O índice foi verificado por meio de estudo realizado pela Rede de Reabilitação Lucy Montoro, que tem centros espalhados em todo o Estado, inclusive em Campinas.
Segundo o estudo, mais de 2 mil pessoas foram atendidas entre 2010 e 2011 em suas unidades relatando dores nas costas. Destas, 15% confirmaram que fazem uso frequente de aparelhos móveis, como celulares e tablets. Neste universo, de pacientes entre 25 e 40 anos, a maioria apresentou-se sedentária.
Detalhe: as dores ocorrem em lugares que não são comuns. “Pela sustentação do tablet na posição em pé, ou em uma postura inadequada, você sobrecarrega a musculatura das mãos. A digitação em teclados diminutos, como os do celular ou do tablet levam também à dores nos dedos”, explica o diretor clínico da Rede Lucy Montoro, Daniel Rúbio.
O chefe da ortopedia do Hospital Celso Pierro e professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, José Luís Zabeu, aponta o sedentarismo como um dos maiores fatores agravantes da situação. Geralmente, quem faz uso dessas novas tecnologias tende a se acostumar com posições incorretas, com a coluna curvada para a frente, os ombros para baixo e as mãos cada vez mais próximas, fazendo movimentos curtos causados pela diminuição do tamanho e peso cada vez maior dos celulares e smartphones.
Segundo ele, estes fatores, relacionados ainda com a má postura ao usar notebooks, faz com que as dores apareçam com mais frequência e intensidade. “No começo elas são desconfortáveis, mas se a pessoa não tomar cuidado, pode virar algo crônico e mais difícil de tratar”, afirma.
Especialistas dizem que o uso contínuo e prolongado desses equipamentos está provocando problemas ortopédicos e posturais até em pessoas jovens. Entre as consequências do uso descontrolado dos aparelhos está o aparecimento de tendinites, formigamento nas mãos e dores musculares intensas. “Até a produtividade no trabalho tende a cair também”, diz.
A estudante Cláudia Caroline Robeles Ribeiro, 22 anos, que também é professora de história, conta que já sente dores nas costas e nas mãos por precisar usar o notebook e celular em demasia. “Uso na cama e no sofá, dois lugares não recomendados. Para piorar, sou sedentária e já sei que daqui há um tempo vou precisar ir ao médico”. Ela usa os aparelhos durante o dia inteiro, seja para fazer seus trabalhos ou para acessar as redes sociais e se comunicar com alguém. Cláudia não pratica atividades físicas e só pensa em alongamento quando as dores aparecem.
Para quem já sente os reflexos do uso descontrolado, como é o caso da estudante, Zabeu recomenda o alongamento do corpo inteiro. “A pessoa pode parar por cinco minutos que sejam, depois de cerca de 40 minutos de uso direto dos aparelhos”, ensina. Além disso, recomenda-se a prática de atividades físicas regulares, orientada por um profissional, e a reeducação da postura.