casos graves

Uso de corticoide deve ser restrito

Especialistas da área da Saúde de Campinas receberam com bons olhos o uso do dexametasona em pacientes internados com Covid-19

Gilson Rei
gilson.rei@rac.com.br
18/06/2020 às 07:47.
Atualizado em 28/03/2022 às 22:29
Dexametasona é um forte anti-inflamatório e imunossupressor usado em doenças reumatológicas e alérgicas (Divulgação)

Dexametasona é um forte anti-inflamatório e imunossupressor usado em doenças reumatológicas e alérgicas (Divulgação)

Especialistas da área da Saúde de Campinas receberam com bons olhos o uso do dexametasona em pacientes internados com Covid-19, porém alertaram para o uso correto do medicamento. Os médicos e infectologistas recomendaram o dexametasona apenas em casos graves de infecção, sendo um bom recurso nas situações de pacientes que são submetidos à ventilação nos hospitais.  Pesquisadores ingleses anunciaram na terça-feira passada, que a aplicação do corticoide dexametasona em pacientes internados com Covid-19 foi capaz de reduzir as taxas de mortalidade em cerca de um terço entre os casos mais graves. O dexametasona é muito utilizado nos hospitais desde a década de 60 e pode ser aplicado em comprimidos ou elixir. É indicado para o tratamento de alergias e inflamações e para o tratamento de sintomas de vários tipos de doenças, como problemas reumáticos e artríticos, de pele, nos olhos, glandulares, pulmonares e gastrintestinais, tanto em adultos como em crianças. É um medicamento de baixo custo, porém todos os especialistas e médicos afirmam que não deve ser utilizado como prevenção à Covid-19, nem nas primeiras fases da doença. A infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, disse que o dexametasona foi produzido em 1957 e começou a ser utilizado a partir de 1961. “Tem ação anti-inflamatória e é aplicado em casos reumáticos e artríticos. Sua medicação é também muito aplicada em inflamações de pele, nos olhos, glândulas, pulmões e em casos de problemas sanguíneos e gastrintestinais.” Raquel alertou que, no caso da Covid-19, as pessoas não devem sair correndo até as farmácias sem orientação médica. “Se alguém estiver na primeira fase da doença e se medicar, vai piorar a situação de saúde. A situação pode se agravar e a pessoa até morrer porque a dexametasona reduz a imunidade. A resistência fica baixa contra o vírus. O coronavírus se multiplica muito e se o sistema imunológico estiver baixo, a Covid-19 pode levar a pessoa à morte”, afirmou. A infectologista explicou que a ação do medicamento é para reduzir a inflamação e que deve ser aplicado apenas na fase em que a pessoa sente dificuldade em respirar e vai para o respirador mecânico. “Nesta fase existe muita inflamação e menos vírus no organismo e o dexametasona apresentou eficiência em mais de 30% dos casos graves”. Carmino de Souza, secretário de Saúde, defendeu o uso do medicamento. “A pesquisa feita no Reino Unido mostra que o medicamento foi usado por dez dias na dose baixa e foi ótimo”, afirmou. “Porém, tem que ser utilizado apenas nas pessoas entubadas.”

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