TRANSPORTE PÚBLICO

Terminal Central de Campinas recebe catracas e deve ter acesso controlado

Emdec não informa quando os novos equipamentos vão entrar em operação

Thiago Rovêdo
17/05/2022 às 09:21.
Atualizado em 17/05/2022 às 09:21
Portões de acesso ao Terminal Central pela Avenida Moraes Sales e Rua Álvares Machado: catracas eletrônicas devem permitir o acesso somente a passageiros com bilhete pago (Kamá Ribeiro)

Portões de acesso ao Terminal Central pela Avenida Moraes Sales e Rua Álvares Machado: catracas eletrônicas devem permitir o acesso somente a passageiros com bilhete pago (Kamá Ribeiro)

O temor dos passageiros, pedestres e camelôs de que o Terminal Central seja fechado para a cobrança de tarifa do transporte público na entrada, restringindo a livre circulação de pessoas pelas suas dependências, conforme havia antecipado o Correio Popular em reportagens publicadas recentemente, deixou de ser uma mera especulação para se transformar em realidade. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) já colocou as catracas eletrônicas nas entradas do terminal, que funciona no Viaduto Miguel Vicente Cury no Centro da cidade. As estruturas contam com dispositivo de reconhecimento facial para inibir o uso irregular de benefícios tarifários. A empresa não informou quando esses equipamentos entrarão em operação.

Foram instaladas quatro catracas na entrada que dá acesso ao terminal pela Avenida Moraes Sales e Rua Álvares Machado, e outras quatro na parte dos fundos, que faz a ligação com a Estação Cultura. Por enquanto, elas estão isoladas com cavaletes da Emdec e faixas zebradas. Um portão em cada um dos acessos foi liberado para o fluxo de pessoas que utilizam o terminal tanto para o transporte público quanto para atravessar de um lado para o outro da região central, até que os equipamentos entrem em operação.

Ao deparar com os novos equipamentos de controle de acesso instalados no terminal, os usuários entrevistados pelo Correio manifestaram preocupação e um certo descontentamento com a ideia de não poder mais circular livremente por dentro do terminal. "Eu acho ruim, porque trabalho praticamente dentro do Terminal Central e a gente usa os banheiros dele. Aqui do lado de fora não tem esse tipo de estrutura e não sei como o pessoal realmente vai se organizar para a gente conseguir melhorias do lado de fora agora", afirmou o cabeleireiro Renato Andrade dos Santos, de 29 anos.

Atualmente, Campinas dispõe de três terminais de ônibus onde os usuários pagam a tarifa de transporte na entrada e não no veículo: Barão Geraldo, Campo Grande e Ouro Verde. Enquanto isso, nos terminais Central, Vida Nova, Padre Anchieta, Vila União, Metropolitano e Mercado, a passagem de ônibus é cobrada diretamente em cada veículo - são os chamados terminais abertos.

A presidente do Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Público Fixo e Móvel de Campinas (Sindipeic), Maria José Salles, conhecida como Zezé, explicou que esse fechamento do Terminal Central é esperado há anos pela categoria, mas nunca houve uma estrutura como a que foi montada agora. Ela acredita que essa nova ação da Emdec irá prejudicar a categoria. "Com certeza irá prejudicar. O fluxo de pessoas vai diminuir, como já vem diminuindo por conta da pandemia mesmo. Enquanto a gente não tiver nosso espaço próprio, que até estamos tentando construir, vai ser sempre desse jeito. Há muitos anos se fala de fechar o Terminal Central e desta vez parece que vai acontecer mesmo", contou.

Segundo Zezé, a categoria está em contato com a Administração para encontrar saídas que prejudiquem menos os lojistas do entorno do Terminal Central. "Estamos pensando em fazer alguma rota que não seja por dentro, mas que também não prejudique as pessoas. Até mesmo por uma questão de segurança e não só por quem trabalha aqui, acredito que essa medida seja necessária", contou.

O Terminal Central já teve catracas no passado, que eram utilizadas apenas para calcular o número de pessoas que passavam pelo local. Com o passar dos anos, esses equipamentos quebraram, não receberam manutenção e foram retirados da área, liberando de forma total os portões. "O terminal sempre foi aberto, não sei qual o motivo para fechar agora. Aqui é bom porque dá pra ir de um lado para outro, passar nas lojas, comer alguma coisa. Se fechar, vai ficar mais vazio e acredito que isso deixe ele até mais inseguro. Já tem um monte de morador de rua aqui perto, imagina se num tiver mais ninguém andando como que não vai ficar", disse a estudante Joelma Nascimento, de 23 anos. 

A Emdec foi procurada para se posicionar sobre a instalação dos equipamentos, além de informar quando a operação irá entrar em funcionamento, mas se limitou a distribuir a seguinte nota, sem esclarecer de forma mais detalhada as dúvidas dos usuários: "O Terminal Central está recebendo obras de revitalização, que visam a melhorar as condições de infraestrutura aos usuários do transporte público coletivo".

Atualmente, estudos vêm sendo realizados pela Socicam, empresa que administra a Rodoviária de Campinas, que pretendem definir qual será o modelo necessário para a privatização dos terminais de ônibus urbanos e das estações de transferência. O vencedor poderá explorar os espaços, mas também deve revitalizar, conservar e fazer a gestão desses locais. De acordo com a Emdec, a concessão incluirá 36 estações do BRT (Bus Rapid Transit), oito terminais do BRT e mais oito terminais normais, além de seis estações de transferência convencional.

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